A cinco dias de vencer o prazo para viajar em busca de seu tratamento nos Estados Unidos e com 80% dos R$ 800 mil necessários arrecadados com doações para custear um procedimento inovador contra a leucemia, Romero Júnio Silva do Espírito Santo, o Romerinho, já se vê perto de alcançar a cura definitiva da doença contra a qual luta há nove anos. As passagens dele, dos pais e da irmã Carolina para a Califórnia estão compradas, com embarque marcado para a próxima terça-feira. Na reta final da campanha, lançada em 29 de abril na internet com o tema “Somos todos Romerinho”, o adolescente de 16 anos se diz agradecido e se mantém firme na esperança de alcançar os 20% restantes. “Estou muito perto do meu tratamento, chegando ao meu objetivo. Se Deus quiser, vou conseguir viajar e concretizar minha cura. Esses últimos dias serão muito importantes para que eu possa continuar minha história de vida”, desabafa o garoto.
Entre as muitas doações nas três contas bancárias destinadas à campanha, estão colaborações de pessoas comuns e também de famosos. Ontem, foi a vez de o ator Eri Johnson doar toda a renda da bilheteria de seu espetáculo no Teatro Izabela Hendrix, no Bairro de Lourdes, Centro-Sul de BH, para o movimento. E 100% do valor dos ingressos da festa junina do Colégio Santo Agostinho, onde Romerinho estuda, serão revertidos para ajudar a financiar o tratamento. Na escola também é intenso o apoio dos estudantes .
Por meio de posts na página “Somos Todos Romerinho”, no Facebook, bandas e cantores como Jota Quest, Zezé de Camargo e Luciano, Sérgio Reis, Gustavo Lima e Saulo Laranjeira apoiam o movimento. Também deixaram suas mensagens na rede social jogadores de futebol de times mineiros: Fábio e Dedé, do Cruzeiro, além de Lucas Pratto, Luan e Dátolo, do Atlético.
Romerinho tem leucemia linfoblástica aguda, tipo mais comum da doença na infância. Normalmente, 80% das crianças alcançam a cura, mas o adolescente, que já passou por tratamentos bem-sucedidos, enfrenta recidivas do câncer. Em 2014, o garoto chegou a fazer um transplante de medula óssea, doada por Carolina, sua irmã mais nova, de 8 anos, mas a leucemia reapareceu.
Romerinho tem sido tratado com remédios de dosagem baixa, já que seu sistema imunológico e órgãos vitais estão fragilizados. “Procuramos um tratamento que não fosse tão tóxico e garantisse sobrevida para ele”, informou a hematologista Cláudia de Bessa Solmucci, que o acompanha desde o início da doença. A pesquisa que representa a esperança de cura começou há cerca de quatro anos nos Estados Unidos, e testa a eficácia de uma mutação genética no sistema imunológico, de forma que o organismo do paciente consiga reconhecer as células doentes. Ou seja, desta vez, o tratamento vai alterar o sistema imunológico do garoto, que já não reconhece as células cancerígenas.
A esperança que vem da viagem para os Estados Unidos depende agora da quitação do tratamento no hospital norte-americano. “Temos que fazer a transferência de todo o valor (US$ 250 mil) antes de dar entrada na unidade. Nossa preocupação é pela urgência médica, já que ele está com quadro de saúde fragilizado. Esperamos que nestes dois dias (quinta e sexta-feira) possamos alcançar a meta de 100%”, reforça o pai de Romerinho, Romero Fernandes do Espírito Santo.
A esta altura, com 80% arrecadados, ele destaca a necessidade do apoio de mais doadores, ao mesmo tempo em que agradece a quem já contribuiu. “Essas pessoas estão nos ajudando a salvar a vida do Romerinho. Esse senso humanitário e coletivo de ajudar nos deixa muito felizes e satisfeitos”, disse. O filho completa: “São pessoas que não me conhecem e que abraçaram a minha causa. Serei eternamente grato a todos que estão me ajudando de alguma forma”, afirmou.