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Estado de Minas

UnB pede monitoramento após tremor

Depois de susto em Matozinhos, Observatório Sismológico da UnB volta atenção para Grande BH


postado em 12/05/2016 00:12 / atualizado em 12/05/2016 09:07

Depois de um tremor de terra assustar moradores de Matozinhos na terça-feira, o 40º abalo sísmico sentido em Minas Gerais este ano, o chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), professor Lucas Vieira Barros, voltou a sugerir a instalação de uma rede de monitoramento na Grande BH sem a qual, afirma ele, será “impossível” apontar com precisão o motivo desses fenômenos geológicos, suas extensões e perigos.

“O terremoto ocorre numa região de falha, é uma ruptura da parte externa da terra que ocorre em regiões de fraqueza. Mas não há ainda dimensões e extensão disso porque os estudos são feitos à distância. Era preciso ter uma rede local para uma melhor eficiência”, disse Barros.

O tremor de terra em Matozinhos chegou a 2,2 graus na Escala Richter e foi registrado pela UnB às 19h35 da noite de terça-feira. Na cidade, a 51 quilômetros de Belo Horizonte, outros quatro abalos já ocorreram este ano. Por isso, a prefeitura convocou especialistas, sobretudo para identificar riscos e orientar a população.

O abalo foi sentido em todo município, de acordo com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec). Os relatos da população são de que o ruído foi semelhante ao de um trovão. Os testemunhos de moradores sobre o fenômeno se concentraram nos bairros Vista Alegre, Conjunto Vitalino, Araçás, São Cristóvão e Cruzeiro. Segundo a Comdec, “Estão se tornando muito frequentes esses tremores aqui na região, entre Matozinhos e Sete Lagoas, por isso muitas pessoas estão se acostumando e sequer sentem os abalos menores, abaixo de 3 graus, por exemplo”, disse o coordenador da Comdec, Rogério Ribeiro.

Segundo ele, a prefeitura local trouxe uma equipe ligada ao Centro de Estudos Geológicos de Brasília para estudar esses efeitos. “Tenho apenas a preocupação de que isso possa gerar pânico, já que os especialistas que foram chamados e vieram aqui garantem que, para causar danos maiores, só com abalos acima de 5 graus”, reforça o coordenador.

A dona de casa aposentada Benvida Pinheiro da Silva, de 86 anos, conta ter se assustado todas as cinco vezes em que a terra tremeu em Matozinhos. “A primeira vez foi de madrugada. Outra foi bem cedo. Estava com o copo de café na porta de casa, quando começou a tremedeira. A gente fica assustada, porque não sabe o que é isso nem o que devemos fazer. Então eu rezo”, disse a mulher, que vive há 50 anos na cidade.

O estudante Marcos Paulo de Oliveira, de 14, conta que estava dormindo quando sentiu o tremor de terra e que a família procurou abrigo. “Acordei assustado. Fomos todos para debaixo do marco da porta para nos proteger”, lembra. Segundo o adolescente, o abalo durou apenas alguns instantes, mas provocou muito barulho. “Atrás aqui de casa tem uma mineradora. Aí, o barulho parecia aquelas dinamites que explodem na mina. Depois disso, a gente ficou acordado”, afirma.

Segundo levantamentos do professor João Roberto Barbosa, da Universidade de São Paulo (USP), a falha geológica causadora desses abalos pode estar situada entre Esmeraldas e Betim. O maior tremor registrado neste ano ocorreu em Esmeraldas, no dia 2 deste mês, e chegou a 3,7 graus, também sem deixar prejuízos consideráveis ou vítimas.


Estudos Sobre os abalos registrados na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema-MG) informou, por meio de nota, que estudos sobre os eventos são de responsabilidade da Rede Sismográfica Brasileira, ligada ao governo federal. “A Rede Sismográfica Brasileira é quem realiza esses estudos. Ela está ligada ao Observatório Nacional e tem por objetivo monitorar a sismicidade do território nacional e gerar informações, que suportem a investigação da estrutura interna da terra através da implantação e manutenção de estações sismográficas permanentes”.

A nota afirma ainda que “não há estudo conclusivo que possa afirmar que esses tremores estejam relacionados aos efeitos da mineração”. E acrescentou que, no país, os responsáveis pelas medidas a serem adotadas com relação a esse tipo de evento é o Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec).


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