Calcula-se que, só para se lançar, na cara e na coragem, a um projeto elaborado pela Cemig de troca das fiações elétricas em todo o complexo hospitalar seria preciso uma nova injeção de recursos entre R$ 6 milhões a R$ 8 milhões. Os números serão apresentados oficialmente em rodada de negociação marcada para esta semana com a diretoria da entidade. Para Minas Gerais, a Santa Casa de Misericórdia é vital. Socorre nada menos de um em cada cinco pacientes de BH e perto de 40% dos doentes encaminhados de 570 municípios mineiros, em geral casos raros e de alta complexidade.
“As pessoas precisam conhecer o trabalho da Santa Casa, que na verdade é como uma casa de mãe, que acolhe a todos os miseráveis, sem discriminar seus filhos. Aqui são atendidos os pacientes que ninguém quer”, afirma a pediatra Filomena Camilo do Vale, que há 25 anos corre os leitos da UTI pediátrica da Santa Casa com a mesma dedicação do seu consultório particular. Filó, como é conhecida, levou as imagens do incêndio para pedir doações na igreja do Belvedere, na Zona Sul, onde coordena um grupo de orações.
As reformas de emergência poderiam evitar o curto-circuito de um ventilador, fato que provavelmente ocorreu, segundo antecipou-se ao laudo dos bombeiros o superintendente-geral da instituição, Porfírio Andrade, que garantiu à reportagem do Estado de Minas acesso exclusivo ao anexo do prédio da engenharia médica e depósito de materiais, inteiramente arrasado pelo incêndio, que, felizmente, não deixou vítimas. “A Santa Casa não pode pegar fogo.
Dor e solidariedade foram os sentimentos que se elevaram para além das chamas que atingiram até 2,5 metros na noite daquela quarta-feira, por volta das 19h, horário da troca do plantão de parte dos 4,5 mil funcionários. As labaredas foram controladas em duas horas. “Até os pacientes que podiam andar saíram das camas para ver o fogo. Depois que a gente percebeu que a situação estava relativamente tranquila e que os bombeiros agiam com rapidez, voltamos ao trabalho”, informou a médica gastroenterologista Juliana Fantini, que acabava de chegar para o plantão da noite.
Na era da internet, as imagens do fogaréu na Santa Casa repercutiram entre as mais de 15 mil pessoas que circulam diariamente nos prédios, que pareciam não acreditar no que viam nos parapeitos das janelas do alto do prédio principal de 13 andares, onde ficam alojados 100% dos pacientes e que se encontrava a uma distância de 30 metros do fogo, fora de perigo de ser atingido pelas chamas. “Meu filho continuou sossegado, quietinho na cama. Só fechei a janela para não entrar fumaça”, explicou a moradora de Itamarandiba, da Região Norte de Minas, Gleiciane Aparecida, de 28 anos, que está há cinco meses acompanhando o filho de 6, internado para tratamento de quimioterapia. Segundo a mãe, mais difícil do que explicar a situação no local para o filho doente foi tranquilizar a família no interior, apavorada ao ficar sabendo do incêndio pelos portais da internet. “Mandei mensagens quase a noite inteira no celular para mostrar que não havia risco, até eles se acalmarem. Enviei até a foto de quando o fogo se apagou”, contou a atendente de loja, achando graça na situação.
Campanha
Desde a segunda-feira seguinte ao incêndio, a Santa Casa de Misericórdia lançou a campanha maciça “Momento de dificuldade, momento de superação”, com a divulgação do telefone da Central de Doações (31) 3274-7377. Este tipo de apelo é comum nas entidades filantrópicas, como o Hospital da Baleia e o Hospital Mário Penna, que sobrevivem com a ajuda de doações.
Cidade hospitalar
Raio-X da Santa Casa de BH
15 mil pessoas
circulam diariamente pelas unidades do Grupo Santa Casa BH.
O grupo
1 - Funerária
2 - Instituto de Ensino e Pesquisa
3 - Instituto Geriátrico Afonso Pena
4 - Centro de Especialidades Médicas
5 - Santa Casa BH
6 - Hospital São Lucas
5 mil
funcionários
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. Além do prédio principal, construído na década de 1940, há outros 12 anexos que abrigam setores administrativos e de apoio ao hospital, além de equipamentos como o Hospital São Lucas e a Central de Especialidades Médicas (CEM).
. Mais de 1,9 milhão de atendimentos ambulatoriais realizados por ano (consultas, exames, procedimentos ambulatoriais, sessões de quimioterapia, radioterapia e hemodiálise).
. O número de partos de alto risco realizados pela Santa Casa BH corresponde a 38% dos partos realizados pela maternidade.
. Especialidades: 35
. Número de leitos: 1.043
. Salas cirúrgicas: 19
. Leitos de UTI: 170
. Internações por dia: 95
. Admissões na UTI por dia: 23
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. Cirurgias: 2.313 média/mês
. Procedimentos: 12.207 média/mês
. Partos: 326 média/mês
. O déficit da instituição é de R$ 3 milhões mensais
. A conta de luz mensal gira em torno de R$ 194 mil.