Belo Horizonte está a um passo de figurar na seleta lista internacional de cidades reconhecidas pela Unesco como palco de grandes obras da humanidade, o que coloca o município na rota mundial do turismo, atrai investimentos, gera empregos, fomenta a economia regional e exige dos governantes tanto maior preservação do patrimônio público como obras de infraestrutura.
A senha para novos tempos na capital foi dada pela própria Unesco ao emitir parecer favorável ao dossiê da prefeitura que trata da candidatura do conjunto moderno da Pampulha ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade. A última análise do processo será em 20 de julho, na Turquia, onde representantes de países ligados à Unesco vão se reunir para o veredicto.
Especialistas estão confiantes no título, mas, para confirmá-lo, a prefeitura terá de seguir condicionantes listadas pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), órgão consultivo que auxilia a Unesco.
O Icomos determinou a retirada da Casa JK do dossiê. A família do arquiteto não se opôs à recomendação, sob alegação de que o imóvel não foi projetado pelo amigo de JK. Dessa forma, o dossiê passa a reunir a Igreja São Francisco de Assis, a Casa do Baile, o Museu de Artes e o Iate Tênis Clube. Os imóveis, erguidos em 1942 e 1943, foram construídos na administração do então prefeito Juscelino Kubitschek (1902-1976), com projetos arquitetônicos assinados por Oscar Niemeyer (1907-2012).
O conselho já havia orientado a demolição do anexo erguido no Iate, o que desconfigura o projeto inicial. Agora, determinou a revisão do perímetro de tombamento do conjunto moderno, incluindo as praças Dino Barbieri (em frente à Igreja São Francisco) e Alberto Dalva Simão (próxima à Casa do Baile). Ambas levam o paisagismo de Burle Marx (1909-1994).
“Se o governo seguir as indicações, há grande chance do título. Numa escala de zero a 10, nota oito. A prefeitura está atendendo. É um reconhecimento importante. Aumenta o cuidado em diversas esferas do governo com a Pampulha. A região será divulgada internacionalmente, com aumento no turismo mundial”, avaliou Leonardo Castriota, presidente do Icomos Brasil.
Rose Guedes, presidente da seção mineira do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG), também está otimista com o veredito a ser proferido em 20 de julho. “Abre grandes divisas. Não há dúvida que é um grande passo para a preservação e o fortalecimento do turismo em BH”.
Candidatura A intenção da capital em conseguir o título de Patrimônio Cultural da Humanidade para o conjunto arquitetônico na orla da lagoa artificial da Pampulha começou em 1996, mas foi apenas em dezembro de 2012, na gestão de Marcio Lacerda, que a prefeitura se empenhou na busca da qualificação. Foi criada uma comissão de notáveis com representantes do governo e sociedade.
Dois anos depois, em dezembro de 2014, um dossiê com mais de 500 páginas foi encaminhado pela Fundação Municipal de Cultura ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que o remeteu à Unesco.
“BH é uma cidade nova. Se destaca, nacionalmente, pela arte moderna por meio do conjunto moderno da Pampulha. Para os moradores é simbólico no sentido de colocar a cidade na rota mundial das artes e grandes obras da humanidade”, disse o arquiteto Leônidas de Oliveira, presidente da Fundação Municipal de Cultura.
Ele acredita que o turismo na cidade será revigorado: “BH é porta de entrada para as cidades barrocas, patrimônio mundial. Será na modernidade que lhe é característica – e com a genialidade de Niemeyer – parada obrigatória. Figurará, a partir de agora, em todos os livros de história das artes e da arquitetura mundiais. BH se colocará, caso sé conforme o parecer, na rota mundial do turismo cultural”.
Belo Horizonte pode ser a 20ª cidade ou região do Brasil a figurar na lista de patrimônio mundial, cultural e natural reconhecido pela Unesco, sendo a quarta em Minas Gerais. A primeira, devido ao centro histórico, foi Ouro Preto, em 1980. Cinco anos depois, a Unesco concedeu o título ao santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. Em 1999, também pelo Centro histórico, a Diamantina.
"É uma notícia fantástica"
Ricardo Niemeyer, bisneto de Oscar e diretor da Fundação Niemeyer
1 - Como o senhor acredita que seu bisavô, se vivo fosse, receberia a notícia de que o conjunto da Pampulha poderá receber o título da Unesco?
“É uma notícia fantástica. Oscar sempre disse que a Pampulha é o local onde, verdadeiramente, se iniciou a arquitetura dele. Foi lá que ele começou a arquitetura autoral, com as características, com curvas livres que o concreto armado permite”.
2 - A Unesco recomendou a retirada da Casa JK do dossiê. O senhor concorda?
O próprio Oscar comentou isso. Numa declaração, escreveu: “Não é projeto meu (de Niemeyer). Uma casa que já existia e foi por nós apenas reformada”.
3 - E a demolição do puxadinho no Iate Clube?
(O anexo construído) sempre incomodou o Oscar. Era algo que incomodava profundamente. Ele ficava triste quando falava do assunto. Será muito bom se o projeto original for retomado.
A senha para novos tempos na capital foi dada pela própria Unesco ao emitir parecer favorável ao dossiê da prefeitura que trata da candidatura do conjunto moderno da Pampulha ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade. A última análise do processo será em 20 de julho, na Turquia, onde representantes de países ligados à Unesco vão se reunir para o veredicto.
Especialistas estão confiantes no título, mas, para confirmá-lo, a prefeitura terá de seguir condicionantes listadas pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), órgão consultivo que auxilia a Unesco.
O Icomos determinou a retirada da Casa JK do dossiê. A família do arquiteto não se opôs à recomendação, sob alegação de que o imóvel não foi projetado pelo amigo de JK. Dessa forma, o dossiê passa a reunir a Igreja São Francisco de Assis, a Casa do Baile, o Museu de Artes e o Iate Tênis Clube. Os imóveis, erguidos em 1942 e 1943, foram construídos na administração do então prefeito Juscelino Kubitschek (1902-1976), com projetos arquitetônicos assinados por Oscar Niemeyer (1907-2012).
O conselho já havia orientado a demolição do anexo erguido no Iate, o que desconfigura o projeto inicial. Agora, determinou a revisão do perímetro de tombamento do conjunto moderno, incluindo as praças Dino Barbieri (em frente à Igreja São Francisco) e Alberto Dalva Simão (próxima à Casa do Baile). Ambas levam o paisagismo de Burle Marx (1909-1994).
“Se o governo seguir as indicações, há grande chance do título. Numa escala de zero a 10, nota oito. A prefeitura está atendendo. É um reconhecimento importante. Aumenta o cuidado em diversas esferas do governo com a Pampulha. A região será divulgada internacionalmente, com aumento no turismo mundial”, avaliou Leonardo Castriota, presidente do Icomos Brasil.
Rose Guedes, presidente da seção mineira do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG), também está otimista com o veredito a ser proferido em 20 de julho. “Abre grandes divisas. Não há dúvida que é um grande passo para a preservação e o fortalecimento do turismo em BH”.
Candidatura A intenção da capital em conseguir o título de Patrimônio Cultural da Humanidade para o conjunto arquitetônico na orla da lagoa artificial da Pampulha começou em 1996, mas foi apenas em dezembro de 2012, na gestão de Marcio Lacerda, que a prefeitura se empenhou na busca da qualificação. Foi criada uma comissão de notáveis com representantes do governo e sociedade.
Dois anos depois, em dezembro de 2014, um dossiê com mais de 500 páginas foi encaminhado pela Fundação Municipal de Cultura ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que o remeteu à Unesco.
“BH é uma cidade nova. Se destaca, nacionalmente, pela arte moderna por meio do conjunto moderno da Pampulha. Para os moradores é simbólico no sentido de colocar a cidade na rota mundial das artes e grandes obras da humanidade”, disse o arquiteto Leônidas de Oliveira, presidente da Fundação Municipal de Cultura.
Ele acredita que o turismo na cidade será revigorado: “BH é porta de entrada para as cidades barrocas, patrimônio mundial. Será na modernidade que lhe é característica – e com a genialidade de Niemeyer – parada obrigatória. Figurará, a partir de agora, em todos os livros de história das artes e da arquitetura mundiais. BH se colocará, caso sé conforme o parecer, na rota mundial do turismo cultural”.
Belo Horizonte pode ser a 20ª cidade ou região do Brasil a figurar na lista de patrimônio mundial, cultural e natural reconhecido pela Unesco, sendo a quarta em Minas Gerais. A primeira, devido ao centro histórico, foi Ouro Preto, em 1980. Cinco anos depois, a Unesco concedeu o título ao santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. Em 1999, também pelo Centro histórico, a Diamantina.
"É uma notícia fantástica"
Ricardo Niemeyer, bisneto de Oscar e diretor da Fundação Niemeyer
1 - Como o senhor acredita que seu bisavô, se vivo fosse, receberia a notícia de que o conjunto da Pampulha poderá receber o título da Unesco?
“É uma notícia fantástica. Oscar sempre disse que a Pampulha é o local onde, verdadeiramente, se iniciou a arquitetura dele. Foi lá que ele começou a arquitetura autoral, com as características, com curvas livres que o concreto armado permite”.
2 - A Unesco recomendou a retirada da Casa JK do dossiê. O senhor concorda?
O próprio Oscar comentou isso. Numa declaração, escreveu: “Não é projeto meu (de Niemeyer). Uma casa que já existia e foi por nós apenas reformada”.
3 - E a demolição do puxadinho no Iate Clube?
(O anexo construído) sempre incomodou o Oscar. Era algo que incomodava profundamente. Ele ficava triste quando falava do assunto. Será muito bom se o projeto original for retomado.