Alunos da UFMG protestam contra regra em moradias

Estudantes criticam restrições a visitas em residências estudantis. Segundo assessoria da universidade, autorização é necessária, mas uma comissão deverá avaliar o assunto

Márcia Maria Cruz
Estudantes fazem manifestação em frente à reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais: grupo se queixa de falta de diálogo e propõe regulamentar as visitas em moradias estudantis, não proibi-las - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) protestaram, na tarde de ontem, em frente à reitoria, no câmpus Pampulha, por mudanças na regulamentação das visitas nas moradias estudantis. De acordo com os representantes discentes, as visitas foram proibidas pela Comissão de Reformulação das Moradias, formada por representantes da universidade, da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) e alunos.

“Desde 2009, eles tentam implementar a medida que proíbe as visitas. Devido à nossa luta e resistência até então não haviam conseguido”, afirmou a estudante de economia Paula Constante, de 23 anos. De acordo com a estudante, por determinação de um funcionário da Fump, a irmã cadeirante de uma estudante foi impedida de visitá-la.

Os estudantes portavam duas faixas com os dizeres “Quem vai financiar meu tarja preta?” e “Regime semiaberto: meu crime é socializar”. Segundo eles, a restrição das visitas tem efeitos negativos para os estudantes, que não terão espaço para a socialização com amigos e familiares. Os estudantes optaram por fazer o protesto ontem para coincidir com a quarta semana de saúde mental, que tem como tema “por uma vida menos solitária.”

Paula afirmou que o ato mostra a importância de humanizar as regras da moradia para a saúde mental dos estudantes. “É fundamental para proporcionar vínculos sociais e culturais da comunidade acadêmica”, reforçou. Os representantes se queixaram de falta de diálogo com a comissão formada para criar o regulamento.
As duas moradias em Belo Horizonte, que ficam localizadas na Avenida Fleming, no Bairro Ouro Preto, atendem 680 estudantes. A moradia no câmpus da universidade em Montes Claros atende cerca de 120. Para requerer uma vaga, o aluno deve comprovar carência econômica.

Regulamentação
O representante dos estudantes das moradias Hudson Ditherman Francisco Rosa, de 25, informou que os discentes apresentaram proposta para regulamentar as visitas e não proibi-las. Segundo Hudson, muitos visitantes permanecem por meses, tornando-se moradores ilegais. Na reunião com a comissão, foi entregue abaixo-assinado com adesão de 70% dos estudantes que vivem nas moradias. Um deles é o estudante de música Pedro Henrique Gilberto Álves Souza, de 22. Para conseguir estudar, o jovem que veio de Diadema (SP) só pôde permanecer em Belo Horizonte com ajuda para morar. Pedro se queixou da demora na avaliação dos pedidos de assistência estudantil, o que faz com que muitos tenham que ficar nas moradias de maneira irregular. “Não tenho como me manter e não tenho a quem recorrer”, disse. Depois de dois meses morando de forma irregular, saiu o resultado do estudo socioeconômico e o jovem foi classificado na faixa de maior vulnerabilidade econômica.

De acordo com a assessoria de imprensa da UFMG, as visitas à moradia universitária são permitidas mediante autorização prévia da gerência, uma vez que o tema não é normatizado no regulamento vigente. “Para aprimorar o instrumento e garantir o bem-estar e a sociabilidade dos estudantes, uma comissão formada por representantes da universidade, Diretório Central dos Estudantes e moradores trabalha na formulação de um novo texto, a ser apresentado em momento oportuno ao Conselho da Moradia”, informou..