Polícia investiga os sons do atentado contra Ana Hickmann

Cabeleireiro gravou áudio com a conversa entre agressor e a apresentadora pouco antes dos tiros que acertaram uma assessora dela em hotel de Belo Horizonte. Investigação solicitou o arquivo

Landercy Hemerson Pedro Ferreira Márcia Maria Cruz
O áudio em que Rodrigo Augusto de Pádua, de 30 anos, ameaça a apresentadora Ana Hickmann e seus assessores, após invadir o quarto em que ela estava hospedada, já foi requisitado pelo delegado responsável pelo caso e pode ser decisivo para esclarecer o que de fato ocorreu no Hotel Caesar Business, no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na tarde de sábado.
A transcrição das falas vai reforçar as provas juntadas ao inquérito policial que investiga o caso. Rodrigo, fã que nutria pela modelo um sentimento obsessivo, foi baleado e morreu, quando Gustavo Henrique Bello, cunhado e assessor da artista, reagiu. A mulher dele, Giovana Alves de Oliveira, também do staff de Ana, foi ferida por um tiro. O delegado Flávio Grossi está com uma cópia da gravação – feita pelo celular do cabeleireiro Júlio Figueiredo, que na ocasião do ataque prestaria serviço à modelo –, que será encaminhada à perícia do Instituto de Criminalística da Polícia Civil.


Trechos do diálogo gravado reforçam a tese de legítima defesa na morte de Rodrigo, que levou três tiros em confronto com Gustavo Bello. Grossi vai anexar ao inquérito a transcrição do áudio, além das imagens do sistema de segurança do hotel, em que aparecem Ana Hickmann, o cunhado e o fã circulando pelos corredores. O prazo para conclusão das apurações é de 30 dias, mas o policial deve concluir o trabalho assim que ouvir formalmente a concunhada da apresentadora, Giovana de Oliveira, que está internada no CTI do Hospital Biocor, em Nova Lima, na Grande BH.

Na noite do ataque, Gustavo Bello foi autuado em flagrante, que acabou sendo relaxado depois de constatado que agiu em legítima defesa. Ele, Ana Hickmann e o cabeleireiro foram ouvidos em separado, por escrivães diferentes.

O delegado Grossi, depois de ler as declarações dos três, concluiu que não houve contradições nas falas. O policial então requisitou de Júlio a cópia da gravação. O cabeleireiro, que mora em Belo Horizonte, foi contratado para prestar serviço à apresentadora, que participaria de um evento de moda.

A gravação se limita a uma parte do diálogo do fã, que se demonstra ameaçador. No momento em que Rodrigo ficava mais agressivo, Júlio saiu em busca de socorro e o momento dos tiros não foi registrado. “Presta atenção! Eu quero que ‘senta’ os três de costas. Senta os três de costas”, diz Rodrigo, em um tom intimidador, dando a entender que pretendia executar Ana Hickmann e seus assessores, embora repita várias vezes não ser “um assassino”.

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Na gravação, a apresentadora lhe trata como “moço” a todo momento, em uma demonstração de que não o conhecia, mas tentando estabelecer um dialogo. “Moço, se eu tenho alguma coisa que fiz pra você, o que posso fazer para consertar isso? Me diga como que eu conserto isso.” Demonstrando estar magoado, o fã diz, em tom agressivo: “Eu sou um ser humano, cretina. Eu sou um ser humano”. “Eu tenho coração. Eu te falei um milhão de vezes”, prossegue. Ana percebe o estado dele e tenta acalmá-lo. “Eu jamais partiria seu coração”. Mas Rodrigo é ainda mais agressivo.
“Não vem com palhaçada para cima de mim não. Você sabe...”

Na gravação ainda se percebem outras situações de delírio, quando o agressor afirma que Deus o ajudou a localizar a modelo e saber onde estaria em sua estada na capital mineira. Em mais uma tentativa de dissuadi-lo, Ana Hickimann se dirige ao fã; “Se vocês não é assassino, então por que você está com essa arma na mão?”. “Porque você é uma mentirosa. Duvidou do amor que eu tinha. Você é uma....” A partir daí, o cabeleireiro parou de gravar e foi em busca de socorro.

Enquanto isso...

...Assessora está internada no CTI

A concunhada e assessora de Ana Hickmann, Giovana Alves de Oliveira, baleada no ombro e na barriga durante a invasão ao quarto de hotel da apresentadora em BH, permanece internada no CTI do Hospital Biocor, na capital mineira e recebeu visita de familiares na tarde de ontem. Segundo o boletim médico divulgado pelo hospital, a paciente está lúcida, consciente, e respira sem ajuda de aparelhos. “Apresenta dados vitais estáveis. Ainda permanece no CTI para tratamento, pois inspira cuidados e ainda está sob riscos”, diz o texto. Giovana já foi ouvida pelo delegado Flávio Grossi, responsável pelo inquérito, e, segundo ele, o depoimento dela reforça as versões dos outros envolvidos

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