Mulheres vítimas desse tipo de agressão encontram apenas 87 hospitais referenciados, distribuídos em um número ainda menor de localidades – só 77 cidades oferecem atendimento emergencial, multidisciplinar e de assistência social, o que representa apenas 9% dos 853 municípios mineiros. Faltam também delegacias especializadas, que chegam a apenas 77 no estado, seis delas em Belo Horizonte e as demais nas sedes regionais da Polícia Civil.
Especialistas alertam sobre a gravidade do problema, já que, mesmo quando chegam aos serviços de saúde, muitas delas não tornam a agressão um caso de polícia. Em um dos maiores hospitais especializados da capital, o número de vítimas que formalizam queixa beira um terço do total.
“Muitos casos ainda deixam de ser denunciados, porque essa é uma decisão que depende da mulher e a grande maioria tem medo do agressor, ou tem vergonha do que aconteceu, ou acha que foi culpada pelo estupro. Por isso a rede de apoio é tão importante, para vencer todos esses obstáculos”, afirma a defensora pública Cibele Cristina Maffia Lopes, titular da Defensoria Especializada de Defesa da Mulher Vítima de Violência. Ela lembra ainda que, por mais difícil que seja reviver a agressão, a mulher precisa, com apoio profissional, ter coragem de denunciar e adotar os cuidados de saúde necessários após o abuso.
Minimizar a dor da mulher estuprada ainda é um desafio para a Polícia Civil em Minas. De acordo com o superintendente de Investigações da corporação, André Pelli, ampliar a rede depende de aumento do efetivo de delegados e escrivães, demanda urgente e histórica da corporação.
Há um em andamento para investigadores. Cerca de mil estão em formação. Mas para delegados e escrivães não há concurso aberto, embora deva sair ainda neste ano”, afirma. Ainda assim, o superintendente afirma que não há demanda que justifique a criação de uma delegacia especializada em todas as cidades do estado.
“Estamos dando prioridade às de maior população, que concentram a maior quantidade de casos”, afirma. Segundo ele, quando há necessidade de apoio para atendimento à vítima de violência sexual, a Civil busca apoio de conselhos tutelares, serviços de psicologia ou conduz a mulher à delegacia regional mais próxima..