Jornal Estado de Minas

Programa da Cemig aposta em eficiência energética para reduzir consumo

O uso eficiente de energia elétrica traz economia aos consumidores e resulta em melhoria no atendimento em hospitais públicos e asilos de Minas Gerais. Os projetos que propõem tecnologias energéticas mais eficientes servem de vitrine para mostrar como soluções inovadoras e mudanças de hábito ajudam na redução no consumo, o que traz benefícios para o meio ambiente e toda a sociedade.



Dentro do Programa de Eficiência Energética (PEE), a Cemig propõe a troca por equipamentos com menores potências e formas mais eficientes para a iluminação em hospitais públicos, asilos e casas da população de baixa renda. “Tentamos mostrar para a população como utilizar corretamente a energia elétrica”, afirma o gerente de eficiência energética, Leonardo Resende Rivetti Rocha. Desde 2015, as instituições beneficiadas são selecionadas por chamada pública de projetos. A próxima será lançada no dia 7 de junho, quando serão disponibilizados R$ 20 milhões para a realização de projetos que proponham formas eficientes de uso da energia.

O programa atendeu 237 hospitais em Minas. Com investimento de R$ 50 milhões, foi possível substituir a iluminação em 57 deles. As lâmpadas de 20 watts e 40 watts foram substituídas por outras, de potência 20% menor, 16 e 32 watts. O gerente lembra que o próximo investimento será a substituição da iluminação por lâmpadas de led, que são mais modernas. Outra ação foi a substituição dos chuveiros elétricos por duchas com aquecimento solar em 63 hospitais. “A geladeira tem uma potência menor que um chuveiro, mas fica mais tempo ligada. Um chuveiro ligado equivale a 50 geladeiras. Em termos de potência, o chuveiro é uma Ferrari. Um equivale a 50 geladeiras e os mais modernos podem ser até 70”, compara.

A Cemig faz a instalação do sistema de aquecimento solar sem custo para as instituições. Outra medida que ajuda a reduzir o consumo de energia nos hospitais é a substituição das autoclaves, aparelhos usados para esterilizar instrumentos e equipamentos cirúrgicos. As autoclaves foram substituídas em 117 hospitais públicos, dentre os quais o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Foi realizado investimento de R$ 25 milhões para a compra de 215 autoclaves, que otimizam o tempo para a esterilização. Os antigos gastavam duas horas e meia, enquanto os novos gastam apenas meia hora para fazer a mesma tarefa.



Na área rural, a PEE permitiu melhorar o processo de irrigação nas propriedades de 1,3 mil famílias de pequenos produtores no Norte de Minas. Automatizados, os novos sistema de irrigação economizam mais energia, desperdiçam menos água e melhoram a condição de trabalho do pequeno produtor. “O colono tinha que acordar na madrugada para fazer o remanejamento das tubulações, que eram pesadas. Com os novos sistemas de irrigação, não precisam mais”, diz Leonardo Rocha. Dentre as ações, também são realizadas palestras em 130 municípios para a conscientização para o uso eficiente de energia.

Produtividade O Hospital Evangélico de Belo Horizonte, localizado no Bairro Serra, na Região Centro-Sul, reduziu o consumo de energia depois que as autoclaves antigas foram substituídas por modelos novos mais eficientes. A diretora administrativa do hospital, Mara Cristina Pimentel, afirmou que a substituição dos equipamentos contribuiu para o aumento da produtividade. Segundo ela, as autoclaves antigas apresentavam defeitos com frequência, o que fazia com que procedimentos cirúrgicos tivessem de ser suspensos. Antes, eram realizados cerca de 650 procedimentos cirúrgicos por dia; depois da substituição, o número passou para 1 mil por dia. “A substituição reduz o custo de manutenção dos equipamentos, que ficavam parados quando estragavam.”

Em parceria com o Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), a Cemig também substituiu os chuveiros elétricos de 510 institutos de longa permanência para idosos. O investimento de R$ 30 milhões permitiu que cerca de 2 mil banhos por dia passassem a ser realizados por meio de duchas aquecidas pela energia solar, ou seja, houve redução no consumo de energia elétrica. “É uma forma de mostrar para a sociedade as vantagens da energia solar.” O gerente da Cemig afirma que o investimento se paga no período de três anos. Ele lembra que investir em tecnologia para programas sociais também é uma forma de tornar a tecnologia mais barata para o consumidor comum. “Quando viabilizamos outra tecnologia, contribuímos para a queda no custo da mesma.” Cerca de 27 mil casas construídas pela Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab) também receberam o sistema de aquecimento solar, o que correspondeu a investimento de R$ 90 milhões.



Investimentos O PEE foi estabelecido em julho de 2000 com o objetivo de proporcionar um uso otimizado da energia produzido pelas distribuidoras. Devido a determinação legal, as distribuidoras passaram a investir 0,5% da receita operacional líquida para buscar soluções para uso mais econômico. Em todo o Brasil, o investimento é de R$ 500 milhões por ano. Em Minas, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) investe R$ 50 milhões por ano. Desde 2000, a empresa já investiu R$ 600 milhões. “Antes dessa determinação, a Cemig já investia em programas de eficiência. Fazemos um investimento espontâneo desde 1985. O propósito é demonstrar para a sociedade maneiras de utilizar corretamente a energia”, lembra Leonardo Rocha, da Cemig.

O consumo de energia está relacionado a duas variáveis: a potência do equipamento e o tempo em que ele fica ligado. Dentro do PEE, a Cemig propõe a troca de equipamentos que façam o mesmo serviço mas aplicando uma potência menor. Outra linha para conscientizar a população é reduzir o tempo de uso dos equipamentos. As pessoas devem ter atenção à potência dos equipamentos, o que passou ser atestado pelo selo Procel. “Os equipamentos evoluem. Um exemplo são os televisores, que antes eram de canhão, passou para plasma, LCD e LED”, diz.

SAIBA MAIS
Selo indica economia em eletrodomésticos

O Selo Procel de Economia de Energia, ou simplesmente Selo Procel, é ferramenta que permite ao consumidor conhecer, entre os equipamentos e eletrodomésticos à disposição no mercado, os mais eficientes e que consomem menos energia. Foi instituído por decreto presidencial em 8 de dezembro de 1993. A partir de sua criação, foram firmadas parcerias junto ao Inmetro, a agentes como associações de fabricantes, pesquisadores de universidades e laboratórios, com o objetivo de estimular a disponibilidade, no mercado brasileiro, de equipamentos cada vez mais eficientes. São estabelecidos índices de consumo e desempenho para cada categoria de equipamento. Cada equipamento candidato ao selo deve ser submetido a ensaios em laboratórios indicados pela Eletrobras. Apenas os produtos que atingem esses índices são contemplados com o Selo Procel.



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