A inauguração do prédio marcou o início da verticalização em Belo Horizonte. O próprio nome não foi escolhido por acaso. Ibaté, em tupi-guarani, significa “o ponto mais alto”. Nos primeiros anos, o condomínio atraiu um grande número de moradores e turistas. Todos curiosos em enxergar a cidade do terraço mais alto.
“Em princípio, o terraço será usado como área de manutenção do hotel (haverá caixas-d’água no lugar). Mas a intenção, num segundo momento, é abri-lo à visitação do público”, contou Renan Duran, cuja família é dona de empreendimentos hoteleiros no Centro da capital.
Hoje, o terraço não será tão atrativo quanto antes, pois o Ibaté está espremido entre construções mais vigorosas. As intervenções são acompanhadas pela prefeitura, pois a construção é tombada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município desde 1994. “Algumas paredes precisaram ser derrubadas. Por sua vez, o elevador antigo foi mantido”, contou Jonas Medina, responsável pelo projeto de recuperação estrutural.
A reforma apagará as pichações na fachada projetada por Ângelo Murgel, o mesmo que assinou a do Cine Brasil, inaugurado em 1931. Naquela década, o então arranha-céu viveu anos de glamour. Os inquilinos eram pessoas de alto poder aquisitivo. O mais ilustre deles foi o então médico Juscelino Kubitschek (1902-1976), que teve um consultório no primeiro pavimento, antes de migrar para a política.
O prédio deixou de ostentar o rótulo de espigão na década de 1940, quando novos edifícios foram erguidos no Centro, a exemplo do Acaiaca, em1943, e do Sulacap/Sulamérica, três anos depois. Já na década de 1990, o ostracismo tomou conta do prédio. Muitos inquilinos deixaram o lugar por inadimplência com o condomínio. Devido à falta de clientes, também houve quem transferiu os negócios para outros endereços.
OSTRACISMO O prédio foi fechado em 1995, pondo fim à era de glamour. A única loja que continuou em funcionamento foi a do térreo, com entrada independente à do condomínio.
Agora, a modernidade será uma das marcas no interior do edifício. As suítes, por exemplo, vão ser abertas com cartão magnético.
A importância do ex-arranha-céu é citada em vários artigos de renomados arquitetos e engenheiros. Cláudio Bahia, professor na PUC Minas, destaca no texto “Belo Horizonte: uma cidade para a modernidade mineira” que o Ibaté “revelou uma arquitetura volumétrica marcada por um geometrismo de linhas retas bem definidas e anunciou a emergência do espírito modernista de busca da evolução e do novo”..