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Estado de Minas

Edifício Ibaté passa por reforma e vai abrigar hotel no Centro de BH

Depois de permanecer 21 anos fechado, primeiro espigão de Belo Horizonte está sendo reformado. Com 10 andares, prédio construído em 1935 vai receber turistas


postado em 31/05/2016 06:00 / atualizado em 31/05/2016 15:30

Obras no prédio da Rua São Paulo deverão ser concluídas até o fim do ano(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Obras no prédio da Rua São Paulo deverão ser concluídas até o fim do ano (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Quem passa apressado em frente ao prédio de número 498 da Rua São Paulo, no Centro de Belo Horizonte, talvez não repare na restauração do estreito edifício de 10 andares, erguido no estilo francês art déco, em 1935. Trata-se do Ibaté, o primeiro arranha-céu da capital mineira. Fechado há 21 anos, o condomínio está em reforma para abrigar um hotel, até o fim do ano, e resgatar a importância histórica do imóvel, que foi um dos principais cartões-postais da cidade.

A inauguração do prédio marcou o início da verticalização em Belo Horizonte. O próprio nome não foi escolhido por acaso. Ibaté, em tupi-guarani, significa “o ponto mais alto”. Nos primeiros anos, o condomínio atraiu um grande número de moradores e turistas. Todos curiosos em enxergar a cidade do terraço mais alto.

“Em princípio, o terraço será usado como área de manutenção do hotel (haverá caixas-d’água no lugar). Mas a intenção, num segundo momento, é abri-lo à visitação do público”, contou Renan Duran, cuja família é dona de empreendimentos hoteleiros no Centro da capital. Até o ano passado, os responsáveis pelo edifício eram dois irmãos da família Gonzales. O valor da negociação não foi revelado.

Hoje, o terraço não será tão atrativo quanto antes, pois o Ibaté está espremido entre construções mais vigorosas. As intervenções são acompanhadas pela prefeitura, pois a construção é tombada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município desde 1994. “Algumas paredes precisaram ser derrubadas. Por sua vez, o elevador antigo foi mantido”, contou Jonas Medina, responsável pelo projeto de recuperação estrutural.

A reforma apagará as pichações na fachada projetada por Ângelo Murgel, o mesmo que assinou a do Cine Brasil, inaugurado em 1931. Naquela década, o então arranha-céu viveu anos de glamour. Os inquilinos eram pessoas de alto poder aquisitivo. O mais ilustre deles foi o então médico Juscelino Kubitschek (1902-1976), que teve um consultório no primeiro pavimento, antes de migrar para a política.

O prédio deixou de ostentar o rótulo de espigão na década de 1940, quando novos edifícios foram erguidos no Centro, a exemplo do Acaiaca, em1943, e do Sulacap/Sulamérica, três anos depois. Já na década de 1990, o ostracismo tomou conta do prédio. Muitos inquilinos deixaram o lugar por inadimplência com o condomínio. Devido à falta de clientes, também houve quem transferiu os negócios para outros endereços.

OSTRACISMO O prédio foi fechado em 1995, pondo fim à era de glamour. A única loja que continuou em funcionamento foi a do térreo, com entrada independente à do condomínio.

Agora, a modernidade será uma das marcas no interior do edifício. As suítes, por exemplo, vão ser abertas com cartão magnético. Renan Duran, contudo, não informou qual o público do novo empreendimento. Possivelmente, não será para as classes mais abastadas, pois um defeito do prédio é não ter garagem.

A importância do ex-arranha-céu é citada em vários artigos de renomados arquitetos e engenheiros. Cláudio Bahia, professor na PUC Minas, destaca no texto “Belo Horizonte: uma cidade para a modernidade mineira” que o Ibaté “revelou uma arquitetura volumétrica marcada por um geometrismo de linhas retas bem definidas e anunciou a emergência do espírito modernista de busca da evolução e do novo”.


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