A artista visual Priscila Amoni, de 31 anos, trocou o ateliê pelas ruas e as telas pelos muros para apresentar seu trabalho. Ela faz parte de uma geração que tem mudado a cara da cidade por meio da arte urbana. “A cidade virou meu ateliê. Trabalho com pincel na rua. Quando estamos aqui, temos que ter desapego, porque vem uma criança nos puxar e pede para deixar pintar, tem o cachorro que late, a polícia.
Para pintar muros e paredes, Priscila pede autorização aos proprietários. “Já recebi muitos nãos. Mas as pessoas na Rua Niquelina têm percebido que a via virou um corredor de arte urbana. Estão mais abertas para isso”, pontua. Os painéis são feitos em parcerias por artistas com projeção, como é o caso de Eduardo Fonseca e a paulistana Mag Magrela, um dos nomes mais importantes da arte visual do Brasil, que também assina murais na Niquelina.
Com painéis de Eduardo Fonseca, Alexandre Rato e outros artistas, o Viaduto José Alencar chama a atenção de quem passa pela Avenida Antônio Carlos, na Região da Pampulha, e foi escolhido pelos alunos do curso de psicologia da PUC Minas para ser o cenário das fotos do convite de formatura. “É uma identificação com as coisas da cidade”, afirma o estudante Douglas Henrique Gomes, de 24. O local foi sugerido pelo fotógrafo Bruno Rafael, de 35, responsável pelo ensaio. “A paisagem urbana de BH é muito explorável, com os grafites e pinturas fica com colorido maravilhoso”, diz. As pinturas, na avaliação da estudante Marcella Álves, de 22, torna a cidade mais aprazível. “A arte urbana mexe com a gente. Passamos a observar mais a cidade”, avalia.
Outro corredor de arte urbana que chama atenção de quem passa é a Avenida Pedro I. Na tarde de ontem, o corretor Nilson Ismeiro, de 53, levou a filha Eduarda Eugênia e a colega Maria Eduarda Borges, ambas de 11, para fotografar as pinturas.
O projeto Telas Urbanas convocou, por meio de edital 68, para ocupar espaços públicos com arte mural. Outros 15 foram convidados pela Associação dos Amigos do Museu de Arte da Pampulha, por possuírem prestígio nacional. Os artistas eram de 14 cidades brasileiras, com perfis heterogêneos. “A arte urbana é um fenômeno mundial que nasce de vários fatores, sobretudo do desejo dos artistas que não estão nas galerias. É uma forma de expressão”, diz o presidente Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira.
O que diz a lei: Não há uma legislação específica sobre arte urbana em Belo Horizonte. A questão é tratada, de forma parcial, no Decreto 15.155, de 26 de fevereiro de 2013, que permite o uso de tapumes para a veiculação de obras artísticas, como pintura, grafite, plotagens e outras formas de representação gráfica. Segundo a Secretaria Municipal de Regulação Urbana, em caso de imóveis privados, a autorização para a pintura em muro e paredes é de responsabilidade do proprietário..