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Estado de Minas

Mulheres fazem manifestação em BH contra cultura do estupro

A concentração começou por volta das 17h30 no quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro, no Centro da capital. As manifestantes fecharam o trânsito da Avenida Afonso Pena, sentido Mangabeiras


postado em 01/06/2016 18:26 / atualizado em 01/06/2016 22:23

Ver galeria . 7 Fotos Rodrigo Clemente/EM/D.A.Press
(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A.Press )

Centenas de mulheres se manifestaram nesta quarta-feira no Centro de Belo Horizonte contra a cultura do estupro. A concentração começou por volta das 17h30 e elas seguiram em caminhada, atrás de um carro de som, até a Praça da Liberdade, no Bairro Lourdes, Região Centro-Sul. Manifestações ocorreram em todo o Brasil, convocadas em protesto contra o estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro.



"A violência contra as mulheres está na cultura, nos hábitos do dia a dia que todo mundo tem como comuns, como gracinhas, piadas e até elogios, entre aspas", disse a manifestante Maria de Loures da Costa.

O protesto de BH teve apoio de muitas mulheres jovens, adolescentes que saíram da escola e foram direto para a Praça Sete. Dezenas de homens também participaram. "A diferença do teu corpo e do meu: No teu corpo mandas tu. No meu corpo mando eu", dizia um cartaz.

A estudante e dançarina K.M., de 15 anos, foi para o protesto sem a blusa, com adesivos contra o atual governo cobrindo os seios, e escreveu a seguinte frase no corpo: "Não mereço ser estuprada". Na data do estupro coletivo no Rio, ela conta que estava naquela cidade com seu grupo de dança e tinha saído para se divertir à noite. O professor do dela, preocupado, foi atrás. “No dia seguinte, ele leu sobre a reportagem do estupro e me deu a maior bronca. Disse que poderia ter sido comigo", conta a jovem.

A marcha contra a cultura do estupro teve apoio de movimentos sociais. Tina Martins, da Ocupação Olga Benário, defendeu a criação de uma delegacia de crimes contra a mulher de plantão 24 horas em BH. As mulheres fizeram uma contagem regressiva, começando do 33, número de participantes no estupro coletivo no Rio, segundo a denúncia.

A assistente social Nayara Veloso, de 26, participou do ato com a roupa rasgada, representando as vítimas de violência sexual. "O que acho mais interessante é se expõe a vida pregressa da vítima quando deveriam investigar os agressores. Isso é uma forma de deslegitimar o relato da vítima. Nada justifica o estupro", desabafou a assistente social. "São 11 estupros por minuto no Brasil. 80% do sexo feminino. Dessas, 72,5% são crianças e adolescentes", dizia o cartaz carregado por Nayara. A arquiteta Carina Guedes, de 31, levou a filha de apenas três meses para o ato. "É importante ela saber desde cedo que a gente tem que lutar para conseguir as coisas", disse a mãe.

Mulheres de Ribeirão das Neves, na Grande BH, marcaram presença no ato e reclamaram no carro de som dos vários casos de estupro na cidade, segundo elas. A presença das cantoras Aline Calixto e Titane no protesto também foi anunciada pelo carro.

O protesto, que fechou o trânsito na Avenida Afonso Pena, sentido Mangabeiras, passou pela Rua Guajajaras e subiu a Avenida João Pinheiro, sentido Praça da Liberdade. O ato, pacífico, foi acompanhado pela PM, que estimou a presença de 300 participantes. Os organizadores disseram haver 3 mil pessoas no protesto.
(RB)


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