Depois do auge da crise hídrica e de mais de um ano de redução no consumo, os índices de gastos voltaram a subir na Grande BH. No ano passado, a população manteve média de economia de 11,6%, de fevereiro a dezembro em relação a 2014. Porém, em março deste ano o consumo ficou 4,3% acima do mesmo período do ano anterior. Em abril, foi 3,4% superior.
A Copasa admite que, com o período seco, a tendência é de queda no nível do Sistema Paraopeba, que abastece a região metropolitana, mas afastou qualquer risco de desabastecimento. Ainda assim, recomenda o consumo consciente da água. Mesmo porque, chuvas como a de ontem – que foi breve, apesar de intensa e acompanhada de granizo e alagamento em algumas regiões de BH – devem se tornar cada vez mais escassas.
Na Grande BH, os níveis de economia de água vêm caindo desde o início deste ano. Dados fornecidos pela Copasa mostram que, em janeiro, a diminuição chegou a 10,5%, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Em fevereiro, a redução no consumo foi de apenas 3,3%, embora a Copasa já houvesse registrado recuo em fevereiro de 2015, de 9,4% em relação a 2014. Isso mostra que a queda no período se repetiu pelo segundo ano consecutivo. Porém, nos dois meses seguintes não houve redução, mas sim um aumento do consumo. As altas foram as primeiras desde que a Copasa lançou a campanha pela economia na Grande BH, com meta de queda de 30%, por causa da crise hídrica.
Para o professor Carlos Barreira Martinez, coordenador do Centro de Pesquisas em Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a falta de economia por parte da população se deve ao fim da campanha da Copasa. “Na época da crise do abastecimento, a campanha foi muito forte. Chovia pouco e as imagens mostravam reservatórios vazios. Com o abrandamento da crise e como a Copasa necessita de caixa para se manter, ela precisa desse consumo de água”, analisou. “Se cair o consumo, a tarifa vai aumentar, pois a empresa tem um custo fixo e precisa quitá-lo”, completou.
RESERVATÓRIOS Mesmo com o aumento dos gastos de água, o nível do Sistema Paraopeba ficou praticamente estável nos últimos 30 dias. Em 2 de maio, o conjunto de três represas estava com 57,1% da capacidade total. Chegou a atingir 57,5% e ontem teve leve queda, para 57,4%. O reservatório de Rio Manso, o maior do sistema, estava com 74,5%; Serra Azul, com 33,6%; e Vargem das Flores, com 46%.
A condição dos reservatórios ficou melhor depois da inauguração da captação emergencial da Copasa diretamente no Rio Paraopeba, em Brumadinho, na região metropolitana, há seis meses. “A situação atual do abastecimento na Grande BH é bem melhor do que a do ano passado, quando a Copasa dependia exclusivamente da água acumulada nos lagos do Sistema Paraopeba e da captação a fio d’água no Rio das Velhas para o fornecimento”, informou a estatal. A companhia diz que não há necessidade de economia de água nos níveis de 2015, porém “recomenda o consumo consciente da água, evitando o desperdício”.
TRANSTORNO A chuva de ontem não teve impacto significativo sobre os reservatórios da Grande BH, mas, mesmo sendo breve, causou transtornos na capital. Na Região Noroeste, a mais atingida, o granizo surpreendeu motoristas. No Bairro Coração Eucarístico, a água chegou a invadir lojas. Houve alagamento na Avenida Tereza Cristina, enquanto galhos de árvores caíram sobre um veículo no Bairro Padre Eustáquio.
Segundo o instituto de meteorologia TempoClima PUC Minas, a intensificação de áreas de instabilidade que atuam sobre parte do Sudeste do Brasil devem continuar a provocar chuva na capital mineira e região. “Essas áreas de instabilidade favorecem o aumento da temperatura e, consequentemente, as pancadas de chuva. São de curto prazo e devem ocorrer isoladamente até o fim da semana”, explicou a meteorologista Natália Cantuária.
No hidrômetro
Economia de água na Grande BH
2015
Fevereiro -9,4%
Março -16%
Abril -15%
Maio -14,5%
Junho -15,2%
Julho -11,6%
Agosto -10,8%
Setembro -12,2%
Outubro -11,5%
Novembro -6,34%
Dezembro -3,6%
2016
Janeiro -10,5%
Fevereiro -3,3%
Março alta de 4,3%
Abril alta de 3,4%