Uma cartilha distribuída pelo vereador Samuel Pereira (PR), de Uberaba, no Triângulo Mineiro, está causando embate de opiniões e levantando muita polêmica na cidade. O parlamentar, depois de ter um projeto de sua autoria aprovado na Câmara Municipal, está entregando 5 mil cartilhas dizendo que em Uberaba é proibido aplicar a ideologia de gênero nas escolas.
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Morte de garçom em São João del Rei pode estar ligada a crime de homofobiaBoletim de ocorrência terá espaço para nome social e crimes de homofobiaEstrutura para julgar violência contra a mulher é deficiente em MinasGrupo de pais do Colégio Santo Agostinho questiona ensino de diversidade sexual e gêneroO material foi produzido com base em uma emenda à Lei Orgânica do Município, aprovada em segundo turno em novembro do ano passado por todos os 14 vereadores da cidade. O texto, de autoria do vereador Samuel Pereira, que é evangélico, também foi assinado por outros cinco vereadores, incluindo o presidente da Câmara, Luiz Humberto Dutra (PMDB).
O projeto ignorou um parecer de inconstitucionalidade emitido pela Comissão de Constituição, Legislação e Redação da Câmara Municipal e decretou que “não será objeto de deliberação qualquer proposição legislativa que tenha por objeto a regulamentação de política de ensino, currículo escolar, disciplina obrigatória, ou mesmo de forma complementar ou facultativa que tendam a aplicar a ideologia de gênero, o termo gênero ou orientação sexual”, conforme o texto da emenda que não precisa passar por avaliação do prefeito.
“Quem ensina a criança sobre a orientação sexual e sobre o desenvolvimento dos filhos são os pais. A ideologia de gênero aplicada nas escolas denigre a família. A maioria dos professores, inclusive, não quer fazer essa aplicação em sala”, afirma o vereador Samuel Pereira. Ele conta que fez as cartilhas por conta própria e não está distribuindo nas escolas, mas sim para pais e mães que têm solicitado e também em algumas igrejas.
Já o vereador Luiz Humberto, que preside o legislativo municipal, diz que "as escolas têm muitos problemas e precisam se ater às questões complementares da educação como os conteúdos das disciplinas de matemática, português, geografia, entre outros. Além disso, o ensino no Brasil hoje é um dos piores do mundo. Devemos preparar melhor os professores para dar ensino de maior qualificação do que ficarmos buscando outros meios, como a ideologia de gênero, que cabe à família”, afirma o parlamentar.
REAÇÃO CONTRÁRIA A situação tem motivado muitos debates na cidade, já que parte da população considera a decisão preconceituosa e tendenciosa, observando apenas dogmas religiosos.
A secretária afirma ainda que, na prática, a situação não muda em nada a rotina das 68 escolas municipais de Uberaba. “Não vai mudar porque continuamos seguindo os planos de educação municipal, estadual e federal, que contemplam todas as dimensões do ser humano. O nosso foco é ampliar o respeito e não é tendencioso tomado por crença religiosa”, afirma..