Ouro Preto e Cristiano Otoni – A devastação das matas ciliares no Rio Pará, estrangulado pelo agronegócio ao longo do Centro-Oeste de Minas, se repete em outros dois grandes integrantes da Bacia do São Francisco: os rios das Velhas e Paraopeba, fundamentais para o abastecimento da Grande BH e seus 5 milhões de habitantes.
Contudo, ao contrário do Rio Pará, as nascentes do Rio das Velhas, em Ouro Preto, e do Paraopeba, em Cristiano Otoni, se encontram preservadas. O Velhas nasce dentro de uma área de proteção em uma antiga mineração de quartzito. O Paraopeba vem de uma fazenda onde a mata também se encontra inviolada. Segundo o responsável pela propriedade, Luciano da Silva, de 45 anos, a água nunca deixou de correr. “Estou aqui há seis anos e mesmo com a seca mais brava essa nascente nunca secou.
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, é indispensável salvar a mata ciliar do curso d’água que abastece 70% de BH. “Pesquisas feitas pelo projeto Manuelzão (que atua na preservação da bacia), mostraram que rios com mata atravessam o período seco com impactos muito menores do que os demais ”, afirma.
De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, o projeto “Plantando o Futuro, visa ao plantio de 30 milhões de árvores, compreendendo a recuperação de 40 mil nascentes, 6 mil hectares de mata ciliar e 2 mil hectares de áreas degradadas em todos os 17 territórios de desenvolvimento de Minas Gerais, até 2018”.
O Estado de Minas publica, desde domingo, sequência de reportagens sobre a devastação nas matas que deveriam proteger os principais cursos d’água mineiros. Ontem, a equipe do EM revelou que o Rio Pará, fundamental para o abastecimento de grandes cidades do Centro-Oeste, perdeu vegetação ao longo de toda a sua extensão. Na segunda-feira, a reportagem mostrou que, além de vidas e comunidades, a lama da barragem da Samarco em Mariana consumiu extensa faixa de vegetação marginal do Rio Gualaxo do Norte e contribuiu para agravar a devastação do Rio Doce, até o Atlântico. A primeira matéria da série indicou que os órgãos do meio ambiente praticamente desconhecem essa pressão, promovida pelo agronegócio, pela mineração e pela ocupação desordenada. .