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Estado de Minas

De­pois de fes­tas, li­xo to­ma mirante no Bairro Mangabeiras

Mo­ra­do­res do en­tor­no do Cai­xa D'Água co­bram fis­ca­li­zação do pon­to tu­rís­ti­co na serra, on­de a su­jei­ra se acu­mu­la


postado em 09/06/2016 06:00 / atualizado em 09/06/2016 07:49

Garrafas de bebidas e outras embalagens são deixadas por frequentadores de bailes funk na encosta da área de mata preservada, obrigando visitantes que vão ao local para observar a cidade a conviver com o entulho(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Garrafas de bebidas e outras embalagens são deixadas por frequentadores de bailes funk na encosta da área de mata preservada, obrigando visitantes que vão ao local para observar a cidade a conviver com o entulho (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
A vis­ta de um be­lo ho­ri­zon­te era pa­ra ser o ce­ná­rio prin­ci­pal, mas num dos pon­tos tu­rís­ti­cos do Bair­ro Man­ga­bei­ras, na Re­gião Cen­tro-Sul da ca­pi­tal, a su­jei­ra é o que mais tem cha­ma­do a aten­ção de mo­ra­do­res e vi­si­tan­tes. Na en­cos­ta da Ser­ra do Cur­ral, gar­ra­fas de uís­que e vod­ca, la­tas de cer­ve­ja, pets de re­fri­ge­ran­tes e em­ba­la­gens in­va­di­ram a en­cos­ta, área de ma­ta pre­ser­va­da, no Mi­ran­te Cai­xa D’á­gua, na Rua Mi­nis­tro Vi­las Boas, pró­xi­mo à Es­co­la Guig­nard. On­tem, a vi­são era de­so­la­do­ra. Quem vi­ve nas pro­xi­mi­da­des atri­bui o pro­ble­ma a ou­tro trans­tor­no: a ocor­rên­cia ro­ti­nei­ra de bai­les funk no lo­cal, ten­do si­do o úl­ti­mo de­les ini­cia­do no do­min­go à noi­te e só ter­mi­na­do na ma­dru­ga­da de an­teon­tem. A as­so­cia­ção do bair­ro co­bra uma ope­ra­ção con­jun­ta de vá­rios ór­gãos do po­der pú­bli­co pa­ra dar um bas­ta na si­tua­ção e aguar­da po­si­cio­na­men­to do Mi­nis­té­rio Pú­bli­co so­bre re­que­ri­men­to que pe­de mais se­gu­ran­ça ao lo­cal.

Era 1h de se­gun­da-fei­ra e as men­sa­gens do gru­po de What­sA­pp dos mo­ra­do­res não pa­ra­vam de api­tar. Eram re­la­tos de que mais uma vez o pro­ble­ma per­sis­tia e ape­los pa­ra que a Po­lí­cia Mi­li­tar (PM) agis­se. O lo­cal, on­de há uma uni­da­de da Co­pa­sa, vi­rou pal­co de bai­les funk não au­to­ri­za­dos pe­lo po­der pú­bli­co. Boa par­te dos fre­quen­ta­do­res mi­grou dos even­tos se­me­lhan­tes que ocor­riam na Pra­ça do Pa­pa, on­de a fis­ca­li­za­ção foi in­ten­si­fi­ca­da a par­tir de fe­ve­rei­ro, de­pois de um ca­sal de jo­vens ser es­pan­ca­do e mor­to em um des­ses even­tos. Pre­si­den­te da As­so­cia­ção dos Mo­ra­do­res do Bair­ro Man­ga­bei­ras, Ro­dri­go Be­dran diz que a ques­tão do mi­ran­te é es­tru­tu­ral. “Ali há um ex­ces­so de pes­soas que não es­tão sen­do mo­ni­to­ra­das. O ex­ces­so de li­xo é fru­to des­sa si­tua­ção e a co­mu­ni­da­de es­tá per­tur­ba­da. PM e Pre­fei­tu­ra fa­zem, den­tro do pos­sí­vel, o que é viá­vel, mas é pre­ci­so um es­for­ço con­jun­to, que in­clua a Guar­da Mu­ni­ci­pal, pa­ra re­sol­ver es­se im­pas­se”, afir­ma.

Be­dran apon­ta qua­tro pro­ble­mas. O pri­mei­ro é de saú­de pú­bli­ca. “Já pre­sen­cia­mos, em vá­rias si­tua­ções, pes­soas dan­çan­do em ci­ma da cai­xa d’á­gua. E se por al­gum mo­ti­vo es­sa água for con­ta­mi­na­da?”, ques­tio­na. Ele re­la­ta que o por­tão da Co­pa­sa es­tá aber­to, pois foi ar­rom­ba­do, e pi­cha­do. O se­gun­do é a se­gu­ran­ça, uma vez que, de acor­do com as de­nún­cias, o lo­cal vi­rou pal­co de ba­der­na e trá­fi­co de dro­gas e se­ria fre­quen­ta­do por pes­soas ar­ma­das. O ter­cei­ro é o me­do de in­cên­dios, re­sul­tan­tes da mis­tu­ra de guim­bas de ci­gar­ro jo­ga­das na en­cos­ta e de ál­cool. O quar­to pon­to abor­da­do pe­lo ad­vo­ga­do diz res­pei­to ao pró­prio en­tor­no do mi­ran­te: uma área de pre­ser­va­ção de flo­ra e fau­na, cu­jo bio­ma tam­bém é afe­ta­do pe­lo ba­ru­lho en­sur­de­ce­dor do som dos car­ros.

Lixo produzido por baile funk polui cartão postal de BH


No iní­cio de maio, a as­so­cia­ção pro­to­co­lou na Pro­mo­to­ria de De­fe­sa do Meio Am­bien­te, Pa­tri­mô­nio Cul­tu­ral, Ur­ba­nis­mo e Ha­bi­ta­ção re­que­ri­men­to in­for­man­do a si­tua­ção e pe­din­do pro­vi­dên­cias. O Mi­nis­té­rio Pú­bli­co foi pro­cu­ra­do, mas a pro­mo­to­ra res­pon­sá­vel pe­lo ca­so não foi en­con­tra­da pa­ra co­men­tar o as­sun­to.

A su­ges­tão da as­so­cia­ção de mo­ra­do­res é a cons­tru­ção de uma por­ta­ria da PM ou da Guar­da Mu­ni­ci­pal que per­mi­ta res­trin­gir o aces­so ao lo­cal ou até mes­mo co­brar a iden­ti­fi­ca­ção de quem so­be, nu­ma es­tru­tu­ra que se as­se­me­lhe ao mi­ran­te lo­ca­li­za­do pró­xi­mo ao Pa­lá­cio das Man­ga­bei­ras. “É um lu­gar ma­ra­vi­lho­so, que de­ve ser pre­ser­va­do. É uma pe­na fi­car co­mo es­tá, com mo­ra­do­res, tu­ris­tas e pes­soas de bem se sen­tin­do te­me­ro­sas de ir lá, de­vi­do ao fa­to de o lu­gar es­tar sen­do fre­quen­ta­do por pes­soas que vão pa­ra be­ber, usar dro­gas e ou­vir mú­si­ca al­tís­si­ma”, diz Ro­dri­go Be­dran.

SO­LU­ÇÃO Mo­ra­dor da re­gião, o ad­mi­nis­tra­dor Gio­van­ni Scia­zic­co Gar­cia, de 27 anos, tam­bém co­bra so­lu­ção ur­gen­te e é fa­vo­rá­vel à su­ges­tão de res­tri­ção do aces­so. “Ou vi­ra um par­que ou fe­cha”, de­fen­de. Ele diz que a su­jei­ra é uma re­cla­ma­ção cons­tan­te dos vi­zi­nhos e que há de tu­do: de ca­mi­si­nha usa­da a ar­te­fa­tos de sin­cre­tis­mos re­li­gio­sos, além de um odor in­su­por­tá­vel de uri­na. “As pes­soas pa­ra­riam o car­ro em ou­tras ruas e su­bi­riam. Ten­do uma es­tru­tu­ra, se­ria bem me­lhor. Ho­je, nem ilu­mi­na­ção tem. O ou­tro mi­ran­te tam­bém já te­ve mui­to pro­ble­ma e is­so foi con­tor­na­do”, acres­cen­ta o jo­vem, que ad­mi­te ter pa­ra­do de fre­quen­tar o Cai­xa D’á­gua. “Não te­nho mais co­ra­gem de su­bir. Ve­jo as pes­soas in­do, pen­san­do que fa­rão uma vi­si­ta bo­ni­ta, mas não têm no­ção do pe­ri­go que es­tão cor­ren­do. Tem mui­to as­sal­to lá.”

A Re­gio­nal Cen­tro-Sul in­for­mou, por meio da as­ses­so­ria, que a ma­nu­ten­ção no mi­ran­te é fei­ta re­gu­lar­men­te, sen­do a lim­pe­za a ca­da se­ma­na e a ca­pi­na, a ca­da três me­ses. A Se­cre­ta­ria Mu­ni­ci­pal de Obras e In­fraes­tru­tu­ra (Su­de­cap) in­for­mou que não há qual­quer obra pre­vis­ta, por par­te de­la, pa­ra o lo­cal. A re­por­ta­gem ten­tou en­trar em con­ta­to com o 22º Ba­ta­lhão de Po­lí­cia Mi­li­tar, res­pon­sá­vel pe­la re­gião, mas não ob­te­ve su­ces­so.

A Co­pa­sa in­for­mou, por meio de no­ta, que o re­ser­va­tó­rio de água que fi­ca no mi­ran­te es­tá de­sa­ti­va­do pa­ra re­for­ma. “A área de pro­prie­da­de da em­pre­sa on­de es­tá lo­ca­li­za­do o mes­mo é cer­ca­da por mu­ro e o aces­so é res­tri­to aos em­pre­ga­dos da com­pa­nhia. Em re­la­ção à uti­li­za­ção da via pú­bli­ca pe­la co­mu­ni­da­de e o seu fe­cha­men­to pa­ra vi­si­ta­ção, tra­ta-se de uma área pú­bli­ca on­de a atua­ção não com­pe­te a Co­pa­sa”.
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


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