O autor confesso dos crimes disse ainda à polícia que um cunhado o teria ajudado a ocultar o coração e a corda usada para matar a menina (a faca usada no crime já foi apreendida). Mas o delegado Vitor Amaro Beduschi, responsável pelo caso desconfia que a informação seja falsa e tenha sido dada apenas para confundir as investigações. Entretanto, disse, ela será apurada, assim como a confissão de Jairo de que cometeu outros dois assassinatos, contra adultos, em Montes Claros. Segundo a polícia, Jairo é proveniente de Feijão Semeado, aglomerado com alto índice de tráfico de drogas na cidade do Norte de Minas.
Após uma intensa caçada de seis dias, que envolveu um grande efetivo policial, dezenas de moradores e um helicóptero, Jairo foi preso na manhã de quarta-feira, depois de ser dominado e amarrado com cordas por um grupo de vaqueiros numa fazenda no município de Joaquim Felício, às margens da BR-135, a 40 quilômetros de Buenopólis. Ele foi levado para Curvelo, onde foi autuado e confessou o homicídio.
Ontem, Jairo Lopes foi levado até o local do brutal assassinato pela equipe do delegado Beduschi. O policial disse que não foi exatamente uma reconstituição, mas apenas diligência para tentar encontrar o local onde o maníaco teria deixado o coração de Raiane. “Ele ainda está muito transtornado”, disse Beduschi.
A um certo ponto, em uma mata fechada, relatou, ordenou que a menina se deitasse no chão. A vítima nem sequer tirou a mochila que levava nas costas. Em seguida, de acordo com sua descrição, estuprou a garota. Depois, a enforcou com uma corda, cortou-lhe o abdômen e arrancou-lhe o coração, relatou.
Num primeiro depoimento, Jairo disse à polícia que tinha arrancado o coração de Raiane e depois enterrado o órgão por causa de uma “simpatia para fazer chover”, levantando a hipótese de ligação com magia negra. Mas, ontem, o delegado Vitor Beduschi disse que, ao voltar ao local do crime, confessou ter arrancado o coração da menina “para confirmar que ela tinha morrido e que não poderia mais contar pra ninguém”.
Quando os policiais saíam do local do crime, uma parente de Raiane que acompanhava a equipe de reportagem do Estado de Minas quis se aproximar de Jairo. Ela ficou nervosa, mas foi impedida pelos policiais.
A equipe de policial levou Jairo Lopes até o fundo da casa onde morava. Ele disse que tinha “embrulhado” o coração de Raiane em uma sacola plástica e colocado o órgão debaixo de uma pedra, perto de um chiqueiro, no fundo da moradia, mas não indicou o local exato.
PREMEDITADO A aposentada Estelita Cândida, de 83, avó de Raiane, disse que sete dias antes da morte da garota, no feriado de Corpus Christi (26 de maio), Jairo Lopes esteve em sua casa, fazendo perguntas sobre hábitos da família. Ela contou que não conhecia Jairo e que estranhamente ele perguntou pelo pai e por um irmão de criação de Raiane, querendo saber se eles estavam fora. “Nunca tinha visto aquele homem. Ele alegou que tinha combinado uma conversa com meu neto sobre um serviço. Só que perguntei para meu neto e ele falou que nunca houve isso”, contou Estelita.
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