"Ajudamos a fazer justiça", diz vaqueiro que capturou suspeito de matar menina de 10 anos

Quatro vaqueiros que capturaram em uma fazenda autor confesso de estupro e assassinato de uma menina de 10 anos falam sobre a ação. "Ajudamos a fazer justiça", afirma um deles

Luiz Ribeiro
Os quatro vaqueiros que participaram da captura do suspeito do assassinato - Foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A.Press

“A gente não podia deixar ele escapar. Ajudamos a fazer justiça.” É assim que o vaqueiro Sirley Aparecido Vieira, de 36 anos, descreve a sensação de ter contribuído decisivamente para a prisão de Jairo Lopes, de 42 anos, o homem que confessou ter estuprado e assassinado a menina Raiane Aparecida Cândida, de 10 anos, na zona rural de Buenópolis (Região Central de Minas). Na quarta-feira, Sirley e mais quatro trabalhadores rurais foram os responsáveis por dominar e amarrar Jairo quando ele passou pela Fazenda Bhavnagar, em Joaquim Felício (Norte do estado). Depois de deter o criminoso, o grupo chamou a polícia, que caçava Jairo havia seis dias, em ação que mobilizava mais de 60 militares, dezenas de moradores, cães farejadores e até helicóptero. Na delegacia, em Curvelo, o homem confessou o crime e admitiu ter, inclusive, arrancado o coração da criança.



A ação dos quatro vaqueiros foi essencial para evitar que Jairo chegasse à BR-135, o que dificultaria sua prisão - ele pretendia se esconder na casa de um parente. Além de Sirley, participaram da detenção do criminoso os trabalhadores Gelson Pereira da Rocha, de 23, Alcebíades Santana, de 40, e Weder Fernando Vieira, de 37. Sirley conta que, por volta das 7 horas da quarta-feira, um grupo de 10 trabalhadores saía para o trabalho na Fazenda Bhavnagar quando avistou um homem no meio do pasto. Ao perceber os funcionários, o homem deitou no meio do mato, uma técnica que ele teria adotado para enganar os policiais do helicóptero.
A atitude levantou entre os vaqueiros a suspeita de que era o procurado pela morte da menina Raiane. “Todos nós corremos e fizemos um cerco ao redor dele”, lembra Sirley. Imediatamente, outro trabalhador ligou para a Polícia Miliar.


Jairo tentou fugir e foi perseguido por Gelson Pereira, que conseguiu dominá-lo. “Ele correu cerca de 200 metros e saltou uma cerca de arame de mais de um metro e meio de altura”, relata Gelson. Na sequência, Sirley, Alcebíades e Weder amarraram o homem. Outros funcionários da propriedade e moradores da região se deslocaram para o local e tentaram agredir o criminoso, que foi protegido pela PM e levado para Curvelo em um helicóptero. Para os quatro trabalhadores rurais, o sentimento é de alívio e orgulho por ter ajudado a polícia a prender o criminoso. “Me sinto um quase herói por causa do medo que ele vinha causando”, diz Sirley. “Tinha muita polícia, helicóptero e cães farejadores, e não conseguiram capturar o homem. Nós conseguimos”, emenda Gelson.

Alcebíades lembra que sempre usou o laço para para amarrar e puxar bois no curral e que, pela primeira vez na vida, utilizou a corda para dominar um homem. “Não esperava que tivesse que fazer isso, mas foi preciso”, diz. Weder, por sua vez,  lembra que não titubeou em agir porque se solidarizou com a família de Raiane.

Transferência O assassino confesso foi transferido na quinta-feira de Curvelo para o Presídio José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Jairo Lopes.
O delegado Vitor Amaro Beduschi, responsável pelo caso, explicou que a transferência foi feita à noite, em sigilo, para evitar uma nova tentativa de linchamento. No dia da prisão, quarta-feira, dezenas de populares tentar atacar o criminoso em Curvelo. Durante diligências, Jairo Lopes disse que um cunhado dele o teria ajudado nos crimes. Ontem, o delegado Vitor Beduschi descartou a participação..