Moradores do Santa Tereza vão às ruas neste domingo contra a violência

Uma semana depois de um homem ser assassinado a tiros na praça do bairro, dois jovens foram atacados por ladrões armados no início da madrugada deste sábado. Levaram carro, celulares e a carteira de uma das vítimas

Pedro Ferreira

Uma semana depois do assassinato do vigilante da Justiça Federal João Vitor Abreu, de 34 anos, o Bairro de Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, registrou mais um caso de violência no início da madrugada deste sábado.

Dois rapazes foram abordados por quatro assaltantes armados na Rua Grafito, próximo à Mármore, quando desciam do veículo a caminho de uma lanchonete.

As vítimas relataram à PM que estacionavam um Palio cinza quando um CrossFox prata parou na frente e dois homens armados desceram. Um deles recolheu celulares, carteira e a chave do carro de G.S.C., de 26 anos. I.T.F, de 27, conseguiu esconder sua carteira, mas perdeu o celular. Os ladrões fugiram em direção da Avenida do Contorno. A PM disse ter feito rastreamento, mas que não localizou os suspeitos.

A mãe da vítima de 27 anos fez um desabafo. “Meu filho conseguiu ficar com a carteira, mas o amigo perdeu tudo. Graças a Deus, foi só dano material.
O carro tem seguro. Meu filho está aqui, abalado, mas está são e salvo. Nossa querida Santa Tereza não é mais a mesma e temos que rezar para nossos anjos da guarda todos os dias”, lamentou a mãe.

Assustados, os moradores do Santa Tereza organizaram uma manifestação para as 9h deste domingo pedindo mais segurança para o bairro. A concentração será em frente à igreja da Praça Duque Caxias, local do homicídio da semana passada, que foi em frente ao 16º Batalhão da Polícia Militar.

As manifestantes vão sair em caminhada até a Rua Divinópolis, onde mora a família do rapaz morto. Depois, eles vão à 20ª Companhia da PM, que funciona atrás do batalhão, entregar uma carta ao comandante da unidade, major Ronaldo Moreira dos Santos, pedindo mais policiamento.

O adolescente de 17 anos acusado de matar João Vitor com um tiro na cabeça foi apreendido e encaminhado a um abrigo. Ele permanecerá recolhido no local, à disposição da Justiça. Suspeito de atuar como comparsa dele, Lucas Batista Corrêa, de 20, que segundo a PM aparece nas imagens das câmeras do sistema de monitoramento Olho Vivo entregando a arma para o menor atirar, também permanece preso, acusado de porte ilegal de arma.

Na Rua Mármore, alguns estabelecimentos, como salões de beleza, trabalham com portas trancadas. Na mesma rua, um assaltante espancou violentamente o barbeiro Moacyr Fraga Nazarete, de 79 anos, que trabalhava sozinho no seu estabelecimento. O crime foi às 16h e revoltou moradores da região. Encontrado inconsciente, Moacyr foi internado no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). Na Rua Paraisópolis com Salinas, o dono de um bar instalou portão com controle remoto e câmeras de vigilância para monitorar a chegada e saída de clientes.

O major Ronaldo disse ter feito várias reuniões com a comunidade do Santa Tereza. “Criamos uma rede em um aplicativo na internet justamente para a comunidade comunicar todas as hipóteses de crimes e suspeitos circulando pelo bairro. Temos um canal de comunicação muito estreito com os moradores e certamente vamos conseguir ótimos resultados.
Com relação ao fato que envolveu o senhor Moacyr, o autor da lesão corporal grave também foi preso. Estamos fazendo nosso trabalho, realizando prisões e medidas preventivas com apoio da comunidade”, disse o major.

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