Para os próximos dias, a previsão é de mais frio, já que a massa de ar polar permanece sobre a Região Sudeste. Segundo informações do TempoClima, Belo Horizonte pode ter novo recorde de baixa temperatura no ano já nesta terça-feira, com mínima de 9 graus e máxima de 23. Até o fim da semana, as marcas devem cair ainda mais. Alerta emitido pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) aponta que até sexta-feira a massa de ar polar que atua sobre o país manterá as temperaturas em torno de 10 graus ao amanhecer.
Segundo a meteorologista do TempoClima Natália Cantuária, este pode ser o inverno mais intenso dos últimos anos, com condição diferente devido ao enfraquecimento do fenômeno El Niño, para um período de neutralidade e transição para o La Niña, em que as condições climáticas favorecem a queda nos termômetros. “A perspectiva é de temperatura ligeiramente abaixo da média neste inverno.
A mudança no clima fez com que, além dos agasalhos mais grossos, tirados às pressas do armário, muitas pessoas passassem a investir em receitas caseiras, como bebidas e caldos quentes, como formas de manter o corpo aquecido. Recorrer a meias e pijamas flanelados durante a noite, período em que o frio aperta, também virou opção. Na manhã de ontem, a advogada Natália Müller, que mora em Nova Lima, porção Sul da Grande BH, saiu protegida por três blusas de frio, bota e cachecol. As muitas camadas de roupas também são usadas na hora de dormir, além de cremes hidratantes que ajudam a combater o ressacamento da pele. “Eu adoro o frio, mas desta vez está muito forte. A mudança de temperatura foi tão brusca que eu acabei ficando gripada”, contou a advogada.
A aposentada Zenaide Ferraz, que adotou meias, luvas e aquecedor ligado para dormir, planeja viajar na próxima semana para o estado do Pará, para se esconder das baixas temperaturas. “Nossas casas e estabelecimentos não estão preparados para esse tempo e, por isso, a gente acaba passando muito frio no inverno”, diz. “A estação traz muitos riscos. Entre eles o da gripe para quem tem mais de 60 anos. Mesmo tomando vacina, ficamos preocupados e, por isso, preferi viajar”, contou a aposentada, que ontem, para sair de casa, optou por usar duas blusas, botas e um lenço para proteger o pescoço do vento. “Quanto mais proteção melhor”, afirmou.
Se por um lado a vendedora Tatiana Caldeira comemora a alta nas vendas de botas femininas, que são procuradas por 90% das clientes que entram na loja, por outro tem sofrido com o frio, que já provocou sinusite e tosse. Para se proteger do vento, que diminui a sensação térmica na capital, a estratégia é usar cachecol, além de meias grossas. “O cachecol é uniforme da loja para os dias mais frios e eu adoro, porque ajuda a proteger o pescoço e evitar as doenças da estação”, comentou.
A Praça do Papa, que atrai visitantes durante toda a semana, amanheceu quase vazia ontem. O vento diminuía ainda mais a sensação térmica do lugar e desencorajava a maioria dos turistas interessados em conhecer o cartão-postal de BH. Mas, mesmo com o frio, o militar Fred William levou a esposa, Luciene Gonçalves, e o filho, Davi William, para conhecer o espaço. Morador de Sete Lagoas, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, ele garantia que o frio na capital estava maior que em sua cidade, conhecida pelas altas temperaturas. “Em Sete Lagoas faz frio durante uma semana no ano; para curtir esse tipo de clima tem que ser aqui ou em Barbacena, onde vivem parte dos meus parentes”, lembrou.
Além da família de Fred, dois casais namoravam na praça e um terceiro posava para fotos do álbum de casamento. “Casamos no sábado e escolhemos essa data propositalmente, para que a gente não ficasse com tanto calor usando essas roupas e isso aparecesse nas fotos”, conta a noiva, a relações públicas Amanda Gomes. Quem também sofre com as temperaturas mais baixas são os estudantes, que saem de casa nas primeiras horas da manhã. Gabriela Soares e João Victor Rodrigues revelaram que, para driblar o frio, usam mais de uma blusa.
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