A reintegração de posse de um terreno ocupado há uma semana por 120 famílias de um aglomerado no Bairro Jardim Filadélfia, na Região Noroeste de Belo Horizonte, acabou em conflito envolvendo moradores, agentes da Guarda Municipal e Polícia Militar (PM), na tarde desta quarta-feira. Houve troca de tiros de moradores do local com guardas e a PM foi acionada. Os militares informaram que viaturas foram apedrejadas e que agentes ficaram feridos. Um helicóptero da PM sobrevoou a área dando cobertura.
Os ocupantes do terreno, que era usado como campo de futebol, ao lado de um aterro sanitário, também reclamam de agressões sofridas. Um trator foi usado para derrubar os barracos. O clima no local ficou tenso, segundo o sargento Vitor Corleone Moreira, do 49º Batalhão da PM, que é antigo morador do aglomerado e tentou proteger amigos que ainda vivem no local. “A desocupação foi ilegal”, disse o sargento.
Segundo ele, a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) não apresentou qualquer documento do Poder Judiciário de reintegração de posse. “Foi feito um contato verbal com os moradores para que deixem o local até amanhã (quinta-feira)”, disse o sargento.
De acordo com a PM, policiais do Tático Móvel e guardas municipais foram ao local cumprir a reintegração de posse do terreno, que é público, pertencente à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Na operação, uma das viaturas foi apedrejada e um soldado, agredido. Os guardas municipais foram socorrer o militar e também foram atacados, segundo a PM. Nove pessoas foram presas.
A GM divulgou nota esclarecendo que o episódio é um flagrante de invasão de terreno público pertencente à PBH. “Houve ação por parte da Guarda Municipal para impedir a consolidação da ocupação irregular”, diz a nota. Com ajuda de um trator, as cercas em volta da área foram arrancadas e retiradas 30 estruturas feitas com lonas. “Foi necessário o uso moderado da força, por causa de resistência e ato de confronto por parte dos invasores. A ação contou com apoio da Polícia Militar. Nove pessoas foram presas e estão sendo conduzidas a autoridades policiais”, diz a nota da Guarda Municipal.
Já sargento Vitor conta que o local se transformou em uma praça de guerra. “Fui ao local onde morei e encontrei um cenário de guerra. Moradores de mãos dadas faziam um cordão de isolamento e cerca de 80 agentes da Guarda Municipal, funcionários da Urbel e da SLU (Superintendência de Limpeza Urbana) estavam do outro lado com um trator. Não houve diálogo por parte dos funcionários da prefeitura e todos estavam preparados para um conflito”, disse o sargento Vitor. “Houve troca de tiros, mas envolvendo pessoas de outra área da favela”, afirmou.
O serviço de plantão da PBH foi procurado pela reportagem, mas ninguém foi localizado.
(RG)