Levantamento da medição de ontem em sete estações meteorológicas controladas por dois institutos de meteorologia mostra o sobe e desce nos termômetros. Na lista, Florestal bateu o recorde de menor temperatura, seguida de Ouro Branco (8,4 graus); Sete Lagoas (8,8 graus); Cercadinho (10,3 graus), Pampulha (10,7 graus) e Raja Gabaglia (10,9 graus), estas três em BH; Ibirité (12,2 graus); e Contagem (13 graus). Mas por que, mesmo cobrindo centenas ou até milhares de quilômetros quadrados, as massas de ar polar formadas na Antártida têm efeitos diferentes na queda das temperaturas de localidades muitas vezes próximas?
Meteorologista do instituto TempoClima/PUC Minas, Natália Cantuária explica que fatores como o relevo, o adensamento populacional, a atividade industrial, a concentração de áreas construídas e a vegetação, entre outros, podem influenciar diretamente nessa mudança na temperatura. Ao falar especificamente da Região Central de Minas, onde as estações de medição estão localizadas, ela afirma que a atuação da massa de ar é a mesma para todo o núcleo.
A diversidade de topografia e vegetação podem representar impacto na temperatura até mesmo dentro do mesmo núcleo urbano. O meteorologista Luiz Clemente Ladeia, do 5º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que, nas áreas no entorno da estação meteorológica de Cercadinho (entre as regiões Oeste e Centro-Sul de BH), a temperatura é geralmente mais baixa que nas demais. “Cercadinho é uma região mais alta e a topografia é o principal fator a afetar na queda da temperatura. Por outro lado, não há muitas construções em volta, o que contribui ainda para essa variação”, diz
E com tantas diferenças, é preciso se proteger do frio. Na casa do engenheiro agrônomo Lidêncio Borges Mundim, no Condomínio Vale do Sol, em Nova Lima, basta o relógio bater 16h para o frio começar a apertar. É nesse horário que ele e sua mulher, a bióloga Maria Aparecida de Andrade Mundim, começam a fechar portas e janelas e a acender a lareira. Só assim o casal está conseguindo passar as madrugadas. Cercados de matas, nascentes e lagoas, e morando a uma altitude de 1.100 metros, o fogo, para eles, tem sido um forte aliado.
E o frio é tanto que o cão Luck, da raça shih-tzu, também tem direito a blusa de lã para se aquecer. Mesmo assim, não arreda as patas de perto da lareira. Outras duas cadelas, que são maiores, também se aquecem ao lado dos donos. “Chega a noite e começa a esfriar.
O calor da lareira aquece toda a casa, inclusive os aposentos do casal, no andar superior. “A gente dorme de pijama de lã, meias, dois ou três cobertores”, disse a bióloga. A madeira que alimenta o fogo é comprada em uma floricultura da região e não pode faltar em casa neste período de frio, segundo ela. “Para a gente, que fica até as 22h vendo televisão, só mesmo com o fogo aceso para aguentar. Se não fosse a lareira, teríamos que ir para a cama mais cedo”, contou..