Mulher acusa joalheria de Montes Claros de discriminação contra o marido

Postagem em rede social alega que homem negro foi abordado e revistado a pedido da loja depois de comprar par de brincos; empresa nega que tenha solicitado ação e afirma repudiar discriminação

Luiz Ribeiro

A promotora de vendas Deizielle Moura com motorista Frederico Antonio Nunes - Foto: Álbum de família

Uma acusação de discriminação, feita pela mulher do caminhoneiro Frederico Antônio Nunes contra uma joalheria, repercute nas redes sociais em Montes Claros (Norte de Minas). Em postagem na internet, Deizielle de Moura afirma que o marido foi abordado e revistado pela Polícia Militar depois de sair de uma loja, onde havia comprado um par de brincos para ela como presente do Dia dos Namoradores. A mulher acredita que o companheiro foi destratado e confundido com ladrão por ser negro e afirma que entrará com ação contra a empresa. Por meio de nota, a joalheria nega preconceito e afirma que condena qualquer tipo de discriminação.

A mulher afirma que, devido ao constrangimento que sofreu, o marido entrou em um quadro depressivo e está sendo submetido a tratamento psicológico e psiquiátrico. Por isso, parou de trabalhar. Conforme Deizielle, na manhã de 11 de junho, véspera do Dia dos Namorados, Frederico Antônio foi até uma joalheria no Centro de Montes Claros, em companhia de um filho do casal, um adolescente de 16 anos. Conforme o seu relato, inicialmente Frederico procurou por uma atendente, que teria destratado o cliente.
“A moça pediu que ele ficasse em um canto da loja, pedindo que esperasse. Ele ficou esperando e ela não voltou”, afirma a promotora de vendas.

Conforme o relato dela, atendido por um outro vendedor, o marido dela comprou um par de brincos de ouro por R$ 250 e pagou com cartão de débito. Logo depois que saiu da joalheria, afirma a mulher, Frederico e o filho dela foram abordados pela Polícia Militar. “Para surpresa dele e do meu filho, eles foram abordados com arma na cabeça pela polícia. Meu marido e meu filho adolescente foram revistados, pessoas pararam para ver. Os policiais, que não encontram nada, pediram desculpas e falaram que a funcionária teria ligado pedindo que um suspeito que estava na loja fosse revistado”, escreveu a Deizielle, no depoimento postado na rede social.

A promotora de vendas disse que, após Frederico explicar que tinha pago o presente e “provado que não era ladrão”, os policiais informaram que ele poderia registrar boletim de ocorrência do fato. Seguindo a “orientação”, o motorista de caminhão foi até um posto policial e registrou ocorrência por “constrangimento ilegal”. Nesta quinta-feira, no entanto, ela informou que a família contratou um advogado para entrar com uma ação de reparaçao de danos morais contra a joalheria, com base na Lei de Crimes Raciais (Lei 7.716/1989).

Em nota, a joalheria negou que tenha existido qualquer tipo de discriminação contra o cliente, sustentando que “repudia qualquer ato racista, discriminatório ou preconceituoso”. A empresa informa que averiguou as gravações de vídeo do seu sistema de segurança e que não constatou nada de anormal no atendimento. “O cliente foi recepcionado cordialmente assim que adentrou o estabelecimento, sendo orientado da localização das joias de seu interesse e informado que seria devidamente atendido por um vendedor que estava finalizando outro atendimento, já que os demais funcionários atendiam outros clientes e poderiam demorar”, diz a joalheria, que solicitou para que a população “não compartilhe mensagens caluniosas, de ódio e difamatórias contra empresas ou pessoas diante de fatos contados de modo unilateral e que não estão devidamente esclarecidos”.

A loja de joias nega também que tenha chamado a Polícia Militar para revistar o motorista. “É preciso destacar que a loja solicita constantemente o monitoramento de suas câmeras pela Polícia Militar através do Projeto Recomas e do Projeto Olho Vivo apenas no intuito de garantir segurança aos clientes e aos funcionários. Neste projeto a Polícia tem acesso irrestrito às câmeras da loja, no entanto, é a própria Polícia Militar que determina quando e como agir”, argumentou.

Por sua vez, o comando da 11ª Região da Policia Militar de Montes Claros sustentou que não houve nenhum tipo de discriminação no caso, no qual foi feita uma “abordagem normal, seguindo as técnicas recomendadas, sem nenhum excesso”. Por isso, não foi instaurado procedimento para averiguar o comportamento dos policiais envolvidos.(RB)

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