Único ambulatório especializado em tratamento de músicos do país comemora o Dia Internacional da Música

Serviço Especializado em Saúde do Trabalhador do Hospital das Clínicas da UFMG, em BH, já atendeu 135 músicos brasileiros e estrangeiros, dos quais 90% sentiam dores na coluna e em membros superiores

Pedro Ferreira
Encontro teve demonstração de exercícios de respiração, aquecimento e alongamentos dos músculos - Foto: Divulgação/Aline Ornelas/ Hospital das Clínicas
O Dia Internacional da Música foi comemorado nesta terça-feira com festa pelos artistas que já passaram pelo Serviço Especializado em Saúde do Trabalhador (Sest) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), único do país a oferecer equipe especializada em saúde dos músicos. O ambulatório, que oferece tratamento pelo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), já atendeu 135 músicos brasileiros e estrangeiros, dos quais 90% sentiam dores na coluna e em membros superiores.

O Sest trata desconforto físico, dor, rigidez, tendinite e distonia focal, problemas que costumam afetar quem trabalha com música. “Embora as pessoas não associem a flauta, o piano ou o violão, por exemplo, a qualquer risco para a saúde, o índice de desgaste físico entre músicos é alto”, informou o HC-UFMG. No encontro desta terça-feira, ex-pacientes do serviço falaram sobre o processo pelo qual passaram. Houve demonstração de exercícios de respiração, aquecimento, relaxamento e alongamentos dos músculos, automassagem e percepção das tensões do corpo.

Um dos músicos que recorreram ao serviço é o professor de violão Vladimir Zapata, de 59 anos. Ele somente conseguiu continuar com as suas aulas graças ao tratamento, há cerca de quatro anos. Vladimir conseguiu se livrar das fortes dores nas costas que sentia durante os ensaios. “Sou de uma época em que se aprendia violão sem orientação.
Com isso, adquiri uma postura errada que, com o passar dos anos, me rendeu uma contratura muscular nas costas. Um dia, durante um ensaio, tive uma dor intensa no braço e minha mão paralisou. Não conseguia tocar”, conta o músico.

A equipe do programa é formada por quatro médicos, duas terapeutas ocupacionais, um fonoaudiólogo, um psicólogo e um músico da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG, esse para identificar as queixas e o nexo ocupacional. “Sempre que possível, eles levam o instrumento musical para que sejam observados o modo de utilização do corpo e a presença ou não de tensão muscular contínua”, explica a terapeuta ocupacional Ronise Costa Lima, uma das fundadoras do programa.

As atividades são realizadas, prioritariamente, em grupo, com oito encontros semestrais, a cada 15 dias. A assistência individual é indicada nos casos em que os sintomas e queixas já comprometem a atividade laboral e necessitam de intervenções médicas específicas. Todo o tratamento é gratuito.

Interessados no serviço devem entrar em contato com o Sest pelo telefone (31) 3409-9564, ou pelo e-mail sestterapiaocupacional@gmail.com. A média de espera é de três a seis meses. O Sest atende na Alameda Álvaro Celso, 175, no Bairro Santa Efigênia, Região Hospitalar. (RB).