“Huhuhu, a gente vai pra Miami!”, reagiu, aos pulos, o pequeno cruzeirense Matheus Teodoro Oliveira, a ponto de quase se desplugar dos fios da máquina que o mantém vivo desde o nascimento, sem conter a alegria ao saber que embarca sexta-feira em direção aos Estados Unidos para fazer um transplante de intestino no hospital Jackson Memorial Medical, em Miami. O garoto, de 7 anos, tem displasia neuronal intestinal, doença que o impede de se alimentar por vias naturais. Ele é também deficiente visual, em função de uma catarata congênita e do descolamento de retina nos dois olhos. O voo em uma UTI Aérea sairá do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, às 8h.
“Tenho mais esperança do que medo. Em sete anos, Matheus já passou por muitas dificuldades e sempre teve muita vontade de viver. Tenho fé em Deus de que ele vai voltar bem e que vai poder fazer tudo o que não fez até hoje”, acredita Gecilene Oliveira, que viaja com o filho. Ela sonha em levar o menino à praia. Matheus adianta que quer tocar bateria e jogar bola, mas tem um pedido especial ao médico brasileiro, Rodrigo Vianna, que o aguarda em Miami: quer cortar ele mesmo, com a tesoura, os fios que o prendem ao aparelho de infusão da dieta. A sobrevida do transplante multivisceral pediátrico no Jackson Memorial Medical, que já realizou em torno de 400 deles, é de 90% em um ano.
É a terceira vez que Matheus recebe a notícia de que poderá viajar para Miami dada pela própria mãe, desde que se iniciou na Justiça o processo para custear o tratamento, em 16 de dezembro do ano passado. Dois dias depois, em 18 de dezembro, já havia sido tomada decisão favorável à família de Matheus, mas o governo federal tentava reverter a determinação, alegando que o transplante poderia ser feito no Brasil. Entretanto, um parecer do médico Sérgio Paiva Meira Filho, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, afirmava não haver “equipe competente para a realização desse procedimento na população pediátrica do Brasil”.
Em 29 de abril, veio o segundo alarme falso, quando a União acatou a decisão do juiz federal Daniel Carneiro Machado e se comprometeu a pagar o transplante, mas não fez o depósito. “Na época, saímos para comprar malas, divulgamos no Facebook, mas a viagem acabou não se concretizando. Matheus ficou muito ansioso, pois todos perguntavam a ele sobre Miami nas ruas”, explica a mãe, lembrando que o filho se tornou conhecido por meio da campanha #JuntospeloMatheus, com milhares de seguidores na internet.
INTERNAÇÃO Desta vez, porém, Gecilene já estava sabendo da liberação judicial havia cerca de 10 dias, mas guardou consigo o segredo até receber os comprovantes das despesas pagas pela União, no valor de R$ 4,1 milhões, incluindo transporte, hospital e os custos da permanência nos Estados Unidos pelo período de até um ano. O procedimento será realizado pelo médico brasileiro Rodrigo Vianna, que aguarda a chegada de Matheus na sexta-feira. Diferentemente do que ocorre no Brasil, onde o garoto é atendido em casa, em sistema de homecare, Matheus irá direto para internação no hospital, onde fará novos exames e será inscrito na fila do transplante de vísceras. “As pessoas falam para Matheus que ele vai conhecer a Disney e se divertir, mas tive uma conversa séria com ele para lembrar do nosso objetivo principal, que é ficar livre dos fios. Ele entendeu direitinho”, conta a mãe, com o coração apertado.
Cruzeirense, Matheus ganhou notoriedade nacional em outubro de 2015, quando entrou em campo com os jogadores do clube na partida contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro. Com o Mineirão lotado, ele teve o nome cantado pelos torcedores celestes. Desde então, a causa foi abraçada por jogadores, dirigentes, personalidades de diversas áreas e pessoas comuns, que fizeram doações para a campanha "Juntos pelo Matheus". A ação chegou a arrecadar cerca de R$700 mil, que são utilizados exclusivamente para a melhoria da qualidade de vida do menino. A família precisa prestar contas de todos os saques à Justiça.
Segundo o advogado José Antônio Guimarães Fraga, Matheus será a primeira criança de Minas (ele mora em Betim, na Região Metropolitana de BH) a ter autorização judicial e efetivamente conseguir fazer o procedimento de transplante nos Estados Unidos. “A decisão abre um importante precedente”, afirma o advogado, que anexou ao processo a cópia do contrato, mostrando que está trabalhando no caso de maneira não onerosa, além de juntar os extratos da conta desde o início do processo.
“Tenho mais esperança do que medo. Em sete anos, Matheus já passou por muitas dificuldades e sempre teve muita vontade de viver. Tenho fé em Deus de que ele vai voltar bem e que vai poder fazer tudo o que não fez até hoje”, acredita Gecilene Oliveira, que viaja com o filho. Ela sonha em levar o menino à praia. Matheus adianta que quer tocar bateria e jogar bola, mas tem um pedido especial ao médico brasileiro, Rodrigo Vianna, que o aguarda em Miami: quer cortar ele mesmo, com a tesoura, os fios que o prendem ao aparelho de infusão da dieta. A sobrevida do transplante multivisceral pediátrico no Jackson Memorial Medical, que já realizou em torno de 400 deles, é de 90% em um ano.
É a terceira vez que Matheus recebe a notícia de que poderá viajar para Miami dada pela própria mãe, desde que se iniciou na Justiça o processo para custear o tratamento, em 16 de dezembro do ano passado. Dois dias depois, em 18 de dezembro, já havia sido tomada decisão favorável à família de Matheus, mas o governo federal tentava reverter a determinação, alegando que o transplante poderia ser feito no Brasil. Entretanto, um parecer do médico Sérgio Paiva Meira Filho, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, afirmava não haver “equipe competente para a realização desse procedimento na população pediátrica do Brasil”.
Em 29 de abril, veio o segundo alarme falso, quando a União acatou a decisão do juiz federal Daniel Carneiro Machado e se comprometeu a pagar o transplante, mas não fez o depósito. “Na época, saímos para comprar malas, divulgamos no Facebook, mas a viagem acabou não se concretizando. Matheus ficou muito ansioso, pois todos perguntavam a ele sobre Miami nas ruas”, explica a mãe, lembrando que o filho se tornou conhecido por meio da campanha #JuntospeloMatheus, com milhares de seguidores na internet.
INTERNAÇÃO Desta vez, porém, Gecilene já estava sabendo da liberação judicial havia cerca de 10 dias, mas guardou consigo o segredo até receber os comprovantes das despesas pagas pela União, no valor de R$ 4,1 milhões, incluindo transporte, hospital e os custos da permanência nos Estados Unidos pelo período de até um ano. O procedimento será realizado pelo médico brasileiro Rodrigo Vianna, que aguarda a chegada de Matheus na sexta-feira. Diferentemente do que ocorre no Brasil, onde o garoto é atendido em casa, em sistema de homecare, Matheus irá direto para internação no hospital, onde fará novos exames e será inscrito na fila do transplante de vísceras. “As pessoas falam para Matheus que ele vai conhecer a Disney e se divertir, mas tive uma conversa séria com ele para lembrar do nosso objetivo principal, que é ficar livre dos fios. Ele entendeu direitinho”, conta a mãe, com o coração apertado.
Cruzeirense, Matheus ganhou notoriedade nacional em outubro de 2015, quando entrou em campo com os jogadores do clube na partida contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro. Com o Mineirão lotado, ele teve o nome cantado pelos torcedores celestes. Desde então, a causa foi abraçada por jogadores, dirigentes, personalidades de diversas áreas e pessoas comuns, que fizeram doações para a campanha "Juntos pelo Matheus". A ação chegou a arrecadar cerca de R$700 mil, que são utilizados exclusivamente para a melhoria da qualidade de vida do menino. A família precisa prestar contas de todos os saques à Justiça.
Segundo o advogado José Antônio Guimarães Fraga, Matheus será a primeira criança de Minas (ele mora em Betim, na Região Metropolitana de BH) a ter autorização judicial e efetivamente conseguir fazer o procedimento de transplante nos Estados Unidos. “A decisão abre um importante precedente”, afirma o advogado, que anexou ao processo a cópia do contrato, mostrando que está trabalhando no caso de maneira não onerosa, além de juntar os extratos da conta desde o início do processo.