Greve da Polícia Civil faz fila de vistoria no Detran Gameleira dar a volta em quarteirões

Com apenas 30% do efetivo trabalhando na unidade, cerca de 2 mil motoristas deixam de ser atendidos por dia

Guilherme Paranaiba
Fila tomou quatro quarteirões em volta do Detran Gameleira - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS
No terceiro dia de greve da Polícia Civil em Minas Gerais, a população que necessita dos serviços da Divisão de Registro de Veículos (DRV), órgão vinculado ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran), no Bairro Gameleira, Oeste de Belo Horizonte, está sofrendo com a redução dos atendimentos. Como apenas 30% dos funcionários estão trabalhando, serviços com vistoria para transferência de veículos e emplacamento estão agarrados. A fila na manhã desta quarta-feira chegou a dar volta em um bloco de quatro quarteirões da região, deixando as pessoas por horas na fila.

Segundo fontes do Estado de Minas, diariamente os atendimentos chegam a 2,5 mil carros no Detran da Gameleira. Com a greve, o serviço dá conta de apenas cerca de 500 por dia. Hoje, a reportagem constatou que a fila da vistoria que se inicia na Rua Djezar Leite seguia até o cruzamento com a Avenida Amintas Vidal Gomes, virava à direita e seguia até a Rua Oscar Negrão de Lima, onde fica a Academia da Polícia Civil (Acadepol). De lá, a fila pegava à esquerda e ia até a Rua Carlos Schettino, continuando a esquerda por dois quarteirões até chegar na Rua Cecildes Moreira de Faria, fim do bloco. A quantidade de veículos foi suficiente para dar uma volta em quatro quarteirões.

DIFICULDADE O operador de equipamentos Gustavo Henrique Silva Cruz, de 28 anos, chegou por volta das 10h30 e ao meio dia não tinha nenhuma perspectiva de atendimento.
“Aqui é no mínimo mais duas horas, contando o tamanho dessa fila. Saí do serviço às 7h, pois trabalho de madrugada, e estou sacrificando a minha folga para transferir uma moto para o meu nome. Acaba que a população fica totalmente prejudicada”, afirma Gustavo. Gustavo Henrique perdeu o dia de folga aguardando vistoria para transferir uma moto no Detran - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS

SEM PREVISÃO Segundo o coordenador de Comunicação do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol/MG), Roberto Coelho, na última segunda-feira houve uma reunião entre o sindicato e a chefia da Polícia Civil, mas, apesar de mantidas as negociações, não houve avanço. “A greve está mantida sem previsão de convocação de assembleia. Amanhã teremos a segunda reunião do comando de greve com o conselho do Sindpol para fazer uma avaliação do movimento”, afirma.

A categoria está paralisada pedindo equiparação de salários de escrivães e investigadores com os peritos, além de pedir igualdade dos vencimentos de delegados com os defensores públicos. Outro item da pauta é o pagamento do auxílio vestimenta, que já deveria ter sido quitado pelo governo, mas ainda não foi, enquanto a Polícia Militar já teve o depósito desse benefício.

Oficialmente, o Detran informa, via assessoria de imprensa, que os serviços prestados pela unidade da Gameleira estão em andamento normal, com a observação dos limites legais da greve. A mesma situação se repete no Detran da Avenida João Pinheiro, no Bairro Funcionários, segundo a assessoria.

A Polícia Civil de Minas Gerais informou que está conversando com os sindicatos e as negociações estão em andamento. Segundo a corporação, não serão divulgados detalhes da negociação antes de finalizar o processo para não comprometer o andamento.


Redução dos atendimentos por conta da greve prejudicou as vistorias na Gameleira - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS.