Três anos depois dos protestos de junho de 2013, o Estado de Minas mostra que ainda há marcas dos confrontos entre manifestantes e Polícia Militar (PM) nas avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, nas imediações do Mineirão, e traz fotos inéditas da convulsão na Pampulha e em outras regiões da capital. A área em torno do estádio, transformada em território sob a jurisdição da Federação Internacional de Futebol (Fifa) durante os jogos da Copa das Confederações, foi o local dos conflitos mais radicais. Por causa dos atos, uma concessionária de veículos fechou as portas desde então e em outras ainda há vestígios de pedradas. As grades instaladas no Viaduto José Alencar não deixam esquecer as quedas que causaram as mortes de Luiz Felipe Aniceto de Almeida, de 22 anos, e Douglas Henrique de Oliveira, de 21, respectivamente nos dias 22 e 26 de junho.
Tão impactante como o dia 26, o 17 de junho, data do jogo entre Nigéria e Taiti, não sai da memória do gerente de vendas corporativas da Hyundai, na Avenida Antônio Carlos, Gilmar Seixas. Ele lembra que foi o primeiro dia em que grupo de mascarados atacou a concessionária. “Fechamos as portas, mas continuamos na loja. Foi um pânico geral. Vários vidros quebrados e carros danificados. Muito gás lacrimogêneo e bala de borracha”, recorda. A orientação foi para que as mulheres fossem para a parte interna da loja enquanto os homens faziam uma barreira. “Eles tentavam colocar fogo na loja e a gente tentava apagar com a mangueira. Falamos para eles que éramos trabalhadores, foi quando pararam”, relembra.
Depois do conflito do dia 17, a loja instalou tapumes para proteger os vidros, mas, ainda assim, não foi possível evitar os prejuízos: cerca de R$ 100 mil. A concessionária Hyundai teve que ser reconstruída, conforme lembra a gerente comercial Karina Santana Fontes Coelho. “Tivemos que refazer tudo. Só aproveitamos o telhado.” A loja ficou fechada cinco meses para a reforma, o que resultou, segundo ela, na dispensa de 30% do quadro de funcionários.
SEM SENTIDO Morador da Avenida Abrahão Caram, Bruno Henrique Silva Muniz, de 29, não esquece a dificuldade para conseguir chegar ao Mineirão, que fica a dois quarteirões de sua casa, para assistir à partida entre Brasil e Uruguai. “O sentimento era que estávamos numa guerra. A cada metro que avançava, tinha que apresentar o ingresso e minha identidade para poder prosseguir”, afirma. Ele lembra do sentimento de medo ao ver tanto aparato policial. “Os protestos eram necessários, mas perderam o sentido”, avalia. Chefe de almoxarifado de restaurante que fica a poucos metros do Mineirão, Vanilda Pereira Ferreira, de 55, trabalhou nos dias de conflito, mas não ficou amedrontada. “Tinha muitos policiais, que formavam fileiras nos dois lados da avenida”, lembra.
O tenente Cristiano Araujo, que responde pela Sala de Imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, afirmou que as manifestações de junho de 2013 foram de aprendizado para a corporação. “Ninguém poderia supor que 20 centavos resultariam numa inflamação social daquela ordem”, afirma. Para ele, o confronto ocorreu pelo desejo dos militantes chegarem à delimitação do perímetro do Mineirão determinado pelo governo do estado e pela Fifa. A diferença na forma como os manifestantes estavam organizados, sem uma única liderança, na avaliação do tenente, dificultou as negociações. “Eram lideranças espontâneas, quase que individuais. Como avançar na conciliação se não há uma liderança como referência?”, questionou. “A insistência de irem até o Mineirão teve que ser cerceada pelo uso progressivo da força”,completa. O tenente, no entanto, defende que a maioria dos manifestantes colaborava.
A multidão ocupou sucessivamente as ruas da capital de 15 de junho até o fim do mês, com protestos praticamente em todos os dias, mas o confronto do dia 26, data da partida entre as seleções do Brasil e do Uruguai, no entorno do Mineirão, onde a PM montou um bloqueio de segurança, ficou marcado como o mais violento da história de Belo Horizonte. Moradores e comerciantes das avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, mesmo passado tanto tempo, lembram-se com detalhes do protesto.
Tão impactante como o dia 26, o 17 de junho, data do jogo entre Nigéria e Taiti, não sai da memória do gerente de vendas corporativas da Hyundai, na Avenida Antônio Carlos, Gilmar Seixas. Ele lembra que foi o primeiro dia em que grupo de mascarados atacou a concessionária. “Fechamos as portas, mas continuamos na loja. Foi um pânico geral. Vários vidros quebrados e carros danificados. Muito gás lacrimogêneo e bala de borracha”, recorda. A orientação foi para que as mulheres fossem para a parte interna da loja enquanto os homens faziam uma barreira. “Eles tentavam colocar fogo na loja e a gente tentava apagar com a mangueira. Falamos para eles que éramos trabalhadores, foi quando pararam”, relembra.
Depois do conflito do dia 17, a loja instalou tapumes para proteger os vidros, mas, ainda assim, não foi possível evitar os prejuízos: cerca de R$ 100 mil. A concessionária Hyundai teve que ser reconstruída, conforme lembra a gerente comercial Karina Santana Fontes Coelho. “Tivemos que refazer tudo. Só aproveitamos o telhado.” A loja ficou fechada cinco meses para a reforma, o que resultou, segundo ela, na dispensa de 30% do quadro de funcionários.
SEM SENTIDO Morador da Avenida Abrahão Caram, Bruno Henrique Silva Muniz, de 29, não esquece a dificuldade para conseguir chegar ao Mineirão, que fica a dois quarteirões de sua casa, para assistir à partida entre Brasil e Uruguai. “O sentimento era que estávamos numa guerra. A cada metro que avançava, tinha que apresentar o ingresso e minha identidade para poder prosseguir”, afirma. Ele lembra do sentimento de medo ao ver tanto aparato policial. “Os protestos eram necessários, mas perderam o sentido”, avalia. Chefe de almoxarifado de restaurante que fica a poucos metros do Mineirão, Vanilda Pereira Ferreira, de 55, trabalhou nos dias de conflito, mas não ficou amedrontada. “Tinha muitos policiais, que formavam fileiras nos dois lados da avenida”, lembra.
O tenente Cristiano Araujo, que responde pela Sala de Imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, afirmou que as manifestações de junho de 2013 foram de aprendizado para a corporação. “Ninguém poderia supor que 20 centavos resultariam numa inflamação social daquela ordem”, afirma. Para ele, o confronto ocorreu pelo desejo dos militantes chegarem à delimitação do perímetro do Mineirão determinado pelo governo do estado e pela Fifa. A diferença na forma como os manifestantes estavam organizados, sem uma única liderança, na avaliação do tenente, dificultou as negociações. “Eram lideranças espontâneas, quase que individuais. Como avançar na conciliação se não há uma liderança como referência?”, questionou. “A insistência de irem até o Mineirão teve que ser cerceada pelo uso progressivo da força”,completa. O tenente, no entanto, defende que a maioria dos manifestantes colaborava.