Duas espécies de peixe são descobertas no Rio São Francisco

Segundo a pesquisa, presença dos animais no rio indica que região ainda é conservada, apesar da pressão sobre o meio ambiente

Estado de Minas

Duas espécies de peixe de pequeno porte, cabeça grande e corpo fino, do gênero Bunocephalus, foram descobertas na Bacia do Rio São Francisco, na Região Norte de Minas Gerais.

Um dos integrantes da pesquisa, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Bernardo Mascarenhas Alves, explicou que encontrar novos animais nessas águas indica que a região ainda é conservada, apesar da pressão sobre o meio ambiente.

Uma das espécies descobertas é o peixe B. hartii, que tem de 5 e 6 cm de comprimento, coloração bege clara e dorso com pontos marrom-claro e manchas marrom-escuro. Ele foi encontrado no Rio Cipó. O outro peixe, achado no Córrego Guarda-Mor, é o B. minerim, que tem cerca de 4cm e coloração bege, com manchas marrons. "A descoberta de espécies de plantas e peixes não é incomum. Durante essa pesquisa, diagnosticamos mais outras seis espécies.
O essencial é conhecer a biodiversidade", afirmou o pesquisador.

Para Carlos Bernardo, alguns animais têm características peculiares e usam o ambiente de uma forma específica. "Essas duas espécies, por exemplo, vivem entre folhas, pedras e areias. Um curso d'água degradado como o do Rio Doce, que foi atingido pela lama da Samarco, perde todas essas características e esses peixes vão desaparecer desses locais", explicou. Ainda segundo ele, é importante acompanhar a presença dos novos peixes descritos para monitorar o equilibro do rio.

O trabalho foi desenvolvido com o financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que selecionou o projeto devido à importância de se pesquisar a diversidade de espécies da Bacia do São Francisco. Carlos Bernardo explicou que manter essas áreas que estão mais conservadas é importante para garantir o bem estar da comunidade que habita no entorno de toda a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e é abastecida por ele. No total, são mais de 14,2 milhões de pessoas em 521 municípios que precisam da água dessa bacia.

As principais ameaças à Bacia do São Francisco são o desmatamento, a agropecuária, o esgoto não tratado despejado em suas águas e%u200B as atividades de%u200B mineração, ações que podem ter impacto nas matas ciliares, cuja função é proteger as margens dos rios.

 

(RG)

.