A triagem dos pacientes urgentes ficou ainda mais prejudicada com o fim da parceria entre o hospital filantrópico João de Deus, localizado no Centro, desde que a administração municipal se negou a renovar o convênio com a unidade de saúde.
Na portaria da UPA, os relatos de demora nas transferências para hospitais mais próximos são inúmeros. “É uma carnificina. A avó do meu esposo, de 74 anos, quebrou a perna em dois lugares e ficou três dias aguardando vaga”, afirmou uma mulher, que ontem tentava internar o tio havia dois dias, com quadro de cirrose. “Cheguei enfartando aqui, por volta das 5h. Parecia que tinha um elefante no meu peito.
A Prefeitura Municipal admite o gargalo da triagem no sistema de saúde de Santa Luzia, que poderia ser corrigido com a renovação do convênio com o hospital filantrópico ou com a construção de uma segunda Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), na região Central. A administração contesta o número de mortos divulgados pelo MP, que cairiam para menos de 189 óbitos se os cálculos fossem refeitos um a um. Na lista da promotoria, teriam sido incluídos casos de atropelamentos e de atingidos por balas perdidas, que já chegam mortos nas ambulâncias, mas são contabilizados inicialmente como sendo transferência.
O número de óbitos na UPA no período analisado foi levantado pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Saúde do MP, coordenado pelo promotor Gilmar de Assis, que estava ontem em reunião no Ministério da Saúde, em Brasília. A estatística levou em consideração os termos das declarações de óbito, mas as causas não foram informadas. As investigações prosseguem na esfera cível, mas o inquérito policial foi encerrado com a morte do prefeito de Santa Luzia Carlos Alberto Calixto, em 6 de janeiro último, vítima de aneurisma. A vice-prefeita, Roseli Pimentel, que assumiu o mandato, não teria sido notificada pelo MP, segundo informou a assessoria de imprensa..