Lacerda mostrou que, de cinco indicadores monitorados para avaliar as condições do reservatório, três já alcançaram índices suficientes para o objetivo final projetado pela prefeitura, que é adequar as águas ao padrão de classe 3, estipulado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) para permitir a prática de esportes náuticos. Em relação aos parâmetros que ainda não alcançaram a meta, o gerente de Gestão das Águas Urbanas da PBH, Ricardo Aroeira, destaca que faltam cinco meses para o prazo fixado, já que a obrigação do consórcio contratado para o serviço é enquadrar todos os índices em novembro.
Otimista com os resultados, Lacerda chegou a afirmar que planeja velejar na represa em 2017, quando não mais estará à frente da prefeitura. A PBH está investindo R$ 30 milhões na contratação da tecnologia, que usa dois produtos químicos remediadores para tratar a água. O contrato prevê ação direta até dezembro deste ano e monitoramento dos resultados por 12 meses. Analisando as amostras de água coletadas na lagoa em março (que serviu de ponto de partida), abril e maio, foi possível observar redução da presença de matéria orgânica, coliformes termotolerantes (fecais) e clorofila-A, ao ponto de ficarem abaixo do limite considerado para classe 3.
No caso do fósforo total também houve redução, mas ainda não suficiente para alcançar o padrão.
Um dos dois remediadores usados no tratamento age especialmente para degradar o excesso de matéria orgânica, diminuindo a demanda bioquímica de oxigênio (DBO). Além disso, o produto ataca a concentração de coliformes fecais – ou termotolerantes – na água, que são micro-organismos presentes no esgoto causadores de doenças em seres humanos. O segundo remediador promove a redução do fósforo e controla a floração de algas, diminuindo a chamada eutrofização.
Os produtos já passaram por testes no Brasil e no exterior e são registrados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No relatório que elaborou para apresentar os dados sobre a poluição na lagoa, Ricardo Aroeira mostrou imagens de diferentes pontos do reservatório que não apresentam mais a crosta verde de algas e poluentes que costumava se acumular na superfície. A situação foi fotografada nas imediações da Casa do Baile, do Iate Tênis Clube, na foz do Córrego Tijuco, no fim da Avenida Fleiming, e também no local onde normalmente fica um cabo de aço esticado com boias entre as margens.
ESGOTO Marcio Lacerda aproveitou a divulgação dos dados para comentar o fato de a lagoa continuar a receber esgoto, especialmente de Contagem, na Grande BH, fato que é apontado por especialistas como entrave para alcançar os objetivos do tratamento. Atualmente, a Copasa está tocando obras que vão permitir a captação de 90% do esgoto até dezembro, conforme a última previsão da empresa.
Novas intervenções que estão sendo licitadas e devem começar em agosto vão durar mais 10 meses, permitindo 95% de interceptação de esgoto em junho de 2017. O problema é que o índice de 90% já era a expectativa para a Copa do Mundo de 2014, e vem se arrastando com novas previsões, em virtude de problemas que a Copasa enfrentou com desapropriações e também com o aumento da população na área da bacia, produzindo mais esgoto em áreas sem infraestrutura.
Para o prefeito, mesmo com uma pequena parcela de esgoto ainda chegando à bacia, o trabalho é muito importante. “É preciso considerar que a lagoa tem um passivo muito grande acumulado de agentes contaminantes. Esse tratamento que está sendo feito agora reduz o passivo.
Lacerda ainda fez uma brincadeira com a situação, dizendo que pretende, a partir de 2017, quando não estará mais à frente da prefeitura, usufruir das águas da represa. “Pretendo praticar esportes náuticos já no próximo ano na Lagoa da Pampulha. Quem sabe eu possa pegar o meu ‘veleirinho’ e velejar na lagoa?”.