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Estado de Minas

Despoluição da Lagoa da Pampulha dá resultados antes do esperado

Dos cinco indicadores de poluição monitorados, três deles chegaram a níveis que permitem a prática de esportes náuticos. Expectativa era alcançar essa meta apenas em novembro


postado em 29/06/2016 06:00 / atualizado em 29/06/2016 07:29

Melhorias podem ser vistas nos arredores da Casa do Baile, onde era comum encontrar nata verde de poluição que não existe mais(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Melhorias podem ser vistas nos arredores da Casa do Baile, onde era comum encontrar nata verde de poluição que não existe mais (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
A promessa de ver barcos circulando pela Lagoa da Pampulha e uma água mais limpa, livre do mau cheiro e das crostas verdes parece um pouco mais próxima. O prefeito Marcio Lacerda (PSB) divulgou resultados dos três primeiros meses dos trabalhos de despoluição química da represa, cartão-postal de Belo Horizonte, acompanhado da cúpula das secretarias de Obras e de Meio Ambiente.

Lacerda mostrou que, de cinco indicadores monitorados para avaliar as condições do reservatório, três já alcançaram índices suficientes para o objetivo final projetado pela prefeitura, que é adequar as águas ao padrão de classe 3, estipulado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) para permitir a prática de esportes náuticos. Em relação aos parâmetros que ainda não alcançaram a meta, o gerente de Gestão das Águas Urbanas da PBH, Ricardo Aroeira, destaca que faltam cinco meses para o prazo fixado, já que a obrigação do consórcio contratado para o serviço é enquadrar todos os índices em novembro.

Otimista com os resultados, Lacerda chegou a afirmar que planeja velejar na represa em 2017, quando não mais estará à frente da prefeitura. A PBH está investindo R$ 30 milhões na contratação da tecnologia, que usa dois produtos químicos remediadores para tratar a água. O contrato prevê ação direta até dezembro deste ano e monitoramento dos resultados por 12 meses. Analisando as amostras de água coletadas na lagoa em março (que serviu de ponto de partida), abril e maio, foi possível observar redução da presença de matéria orgânica, coliformes termotolerantes (fecais) e clorofila-A, ao ponto de ficarem abaixo do limite considerado para classe 3.

No caso do fósforo total também houve redução, mas ainda não suficiente para alcançar o padrão. A presença de cianobactérias, porém, chegou a aumentar ligeiramente no período (veja arte). Mesmo assim, o resultado foi comemorado. “É uma grata surpresa, porque as metas já estão sendo alcançadas antes do prazo contratado”, afirma Ricardo Aroeira.

Um dos dois remediadores usados no tratamento age especialmente para degradar o excesso de matéria orgânica, diminuindo a demanda bioquímica de oxigênio (DBO). Além disso, o produto ataca a concentração de coliformes fecais – ou termotolerantes – na água, que são micro-organismos presentes no esgoto causadores de doenças em seres humanos. O segundo remediador promove a redução do fósforo e controla a floração de algas, diminuindo a chamada eutrofização.

Os produtos já passaram por testes no Brasil e no exterior e são registrados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No relatório que elaborou para apresentar os dados sobre a poluição na lagoa, Ricardo Aroeira mostrou imagens de diferentes pontos do reservatório que não apresentam mais a crosta verde de algas e poluentes que costumava se acumular na superfície. A situação foi fotografada nas imediações da Casa do Baile, do Iate Tênis Clube, na foz do Córrego Tijuco, no fim da Avenida Fleiming, e também no local onde normalmente fica um cabo de aço esticado com boias entre as margens.

ESGOTO Marcio Lacerda aproveitou a divulgação dos dados para comentar o fato de a lagoa continuar a receber esgoto, especialmente de Contagem, na Grande BH, fato que é apontado por especialistas como entrave para alcançar os objetivos do tratamento. Atualmente, a Copasa está tocando obras que vão permitir a captação de 90% do esgoto até dezembro, conforme a última previsão da empresa.

Novas intervenções que estão sendo licitadas e devem começar em agosto vão durar mais 10 meses, permitindo 95% de interceptação de esgoto em junho de 2017. O problema é que o índice de 90% já era a expectativa para a Copa do Mundo de 2014, e vem se arrastando com novas previsões, em virtude de problemas que a Copasa enfrentou com desapropriações e também com o aumento da população na área da bacia, produzindo mais esgoto em áreas sem infraestrutura.

Para o prefeito, mesmo com uma pequena parcela de esgoto ainda chegando à bacia, o trabalho é muito importante. “É preciso considerar que a lagoa tem um passivo muito grande acumulado de  agentes contaminantes. Esse tratamento que está sendo feito agora reduz o passivo. É lógico que estaremos vigilantes para que o índice de qualidade da água dos córregos seja mantido ao longo do tempo. E confiamos nos investimentos que têm sido feitos pela Copasa”, afirmou.

Lacerda ainda fez uma brincadeira com a situação, dizendo que pretende, a partir de 2017, quando não estará mais à frente da prefeitura, usufruir das águas da represa. “Pretendo praticar esportes náuticos já no próximo ano na Lagoa da Pampulha. Quem sabe eu possa pegar o meu ‘veleirinho’ e velejar na lagoa?”


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