(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

UFMG vai abrir sindicância para apurar conduta de vigilantes que detiveram suspeitos de arrombamentos

Seguranças abordaram dois irmãos na segunda-feira acusados de arrombar carros e furtar objetos. Eles xingaram e forçaram os suspeitos a mostrar o rosto para um vídeo. UFMG e sindicato dos vigilantes repudiam conduta


postado em 30/06/2016 18:48 / atualizado em 30/06/2016 21:32

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai abrir sindicância para apurar a conduta dos seguranças que abordaram dois homens suspeitos de arrombar carros estacionados no câmpus Pampulha, em Belo Horizonte. Na abordagem, eles xingaram os acusados e os forçaram a mostrar o rosto para a câmera. Os próprios vigilantes fizeram o vídeo. Nas imagens é possível identificar pelo menos quatro deles na ação. A Pró-Reitoria promete fazer uma reunião com a empresa terceirizada. A conduta também foi repudiada pelo sindicato da categoria.


Depois de várias denúncias de aumento de casos de violência, de tráfico de drogas e até episódios de arrastão, os arrombamentos de veículos no câmpus Pampulha e em vias do entorno ganharam luz nesta quinta-feira, após a divulgação do vídeo. Estão na prisão os dois irmãos acusados de abrir veículos para furtar objetos. Eles foram detidos em flagrante na segunda-feira, depois de serem abordados por seguranças da instituição.

 

Bem vestidos e, aparentemente, longe de qualquer suspeita, Leonardo Alexandro de Assis Ribeiro e Leandro de Assis Ribeiro estavam num Ford Fiesta prata quando despertaram a atenção da segurança interna da UFMG. De acordo com o tenente Rafael Johnson, da Polícia Militar, os vigilantes relataram que a dupla tentou arrombar um carro antes de ser pega em flagrante. Os irmãos foram conduzidos até a 17ª Companhia, do 34º Batalhão, de onde foram encaminhadas à Central de Flagrantes (Ceflan).

Com os suspeitos, foram encontrados diversos materiais: três rádios automotivos, três mochilas, três blusas de frio, uma maleta com 12 óculos escuros, um tripé de alumínio, um estepe de carro, dois relógios de pulso, dois celulares, um talão de cheques e duas folhas avulsas, uma chave de fenda que seria usada para arrombar os veículos, além de cartões de lojas, bancários e documentos de outras pessoas. Segundo o tenente, eles confessaram os crimes. “Os furtos na UFMG são constantes, segundo os vigilantes. Mas, os alunos se manifestam por redes sociais e não registram boletim de ocorrência”, afirma Rafael Johnson.

Ele informou que estudantes relatam ser comum ainda arrombamentos na Avenida Perimetral Sul, que dá acesso ao Colégio Militar e onde muitos universitários deixam os carros. Mas afirma que não há qualquer ocorrência de furto. “A estratégia de policiamento na região é com base nos registros. Se as estatísticas mostram nada em determinada área, vamos atuar onde é necessário”, diz. O militar acrescenta que a PM não pode atuar dentro da UFMG – por ser instituição federal, é de responsabilidade da Polícia Federal. “A PF firmou convênio conosco para atuarmos no câmpus, mas acabou no começo do ano passado.”

A Polícia Civil informou que, por terem sido detidos em flagrante, Leandro e Leonardo foram conduzidos diretamente ao sistema prisional, depois de serem ouvidos. Eles não tinham passagem na polícia. O vídeo mostra que pelo menos quatro seguranças participaram da ação. Eles mostram o material que havia dentro do veículo, xingam os suspeitos e levantam a cabeça de um deles para que mostre o rosto.

O presidente do Sindicato dos Vigilantes, José Carlos de Souza, afirmou que não recebeu qualquer comunicado sobre o ocorrido e ligou na empresa que faz a vigilância na UFMG depois de ver o vídeo na internet. “Essa é uma condução totalmente errada e não é o normal de ocorrer. Ficamos surpresos”, disse. Segundo ele, em caso de detenção, o funcionário é orientado a acionar a polícia universitária, que por sua vez recorrerá à Polícia Militar ou Federal. “Entendo que os arrombamentos vêm ocorrendo há muito tempo e os seguranças estão atrás desse pessoal há muito tempo e, por isso, extravasaram. Mas cometeram excesso”, disse.

No início do ano passado, a segurança no câmpus Pampulha sofreu redução drástica depois dos cortes orçamentários da União, que refletiram na diminuição de 30% dos vigilantes que faziam rondas e controlavam o espaço. Dos 280 homens responsáveis pela função, entre vigias de portarias, rondas motorizadas e a pé, restaram 196. De acordo com a assessoria, não houve alteração no quadro de funcionários desde então.

Por meio de nota, a universidade informou que “repudia a forma como se deu a abordagem a duas pessoas que no último dia 28 de junho foram flagradas arrombando veículos no câmpus Pampulha”. Acrescenta que ocorreu de maneira claramente incompatível com os valores cultuados pela universidade, contrariando os princípios da UFMG que defendem, sobretudo, o respeito aos direitos humanos, e contrariando também as orientações repassadas pela Pró-Reitoria de Administração à empresa prestadora dos serviços de segurança, responsável pela contratação dos vigilantes envolvidos na atuação”.

RB


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)