Delegado aposentado e consultor de segurança, Islande Batista, que atuou na investigação desse tipo de caso, conta que os bandidos procuram facilidades. “Uma quadrilha com 10 integrantes, com armamento superior ao da própria polícia, inibe os militares. O tempo de pedir reforço em cidade próxima ou de quem está de folga é suficiente para os criminosos fugirem. A ação é muito rápida.
Batista destaca que a preparação é longa e inclui plantar informantes na cidade-alvo. Integrantes da quadrilha costumam também se hospedar no município para passar uma temporada e, nesse período, fazer o levantamento da movimentação da população e da polícia. Outro facilitador é escolher cidades com rotas de fuga de fácil acesso. “Os grupos organizados têm hoje armamento mais eficaz e contundente que o da própria polícia. Mas há também amadores, que não sabem sequer onde pôr os explosivos”, afirma.
A maior parte das quadrilhas, segundo ele, são de São Paulo e, por isso, os municípios preferidos para os ataques estão próximos ao estado paulista. Há também bandidos procedentes de Goiás, que atuam no Triângulo Mineiro, além daqueles de Belo Horizonte e região metropolitana. “O crime migra muito. Na década de 1980, os ladrões assaltavam o banco diretamente. A vigilância passou as ser mais eficaz e, por isso, começaram a praticar saidinhas de banco. De dentro, observavam quem fazia saques mais vultosos. Depois, em São Paulo, começaram com a onda de explodir caixas eletrônicos, porque não há vigilância adequada.
Um dos mais recentes ataques ocorreu na madrugada de anteontem em Itatiaiuçu, na Grande BH. Por volta das 4h, a Polícia Militar foi avisada por telefone pela central de vigilância do banco que havia um grupo parado em frente à agência. A ligação ainda estava em andamento quando houve a explosão. “Não tivemos tempo nem para fazer a prevenção. Quando a viatura chegou, os bandidos já tinham fugido”, contou um militar, que preferiu não se identificar. Participaram da ação entre 10 e 12 homens que estavam em três carros e duas motos. No local, foram encontradas munições de diversos calibres. Os policiais acreditam que os ladrões deram tiros num momento de raiva, pois explodiram o caixa errado – o que emitia apenas folhas de cheque.
TERROR Em São Tomás de Aquino, no Sul de Minas, o terror vivido no início de fevereiro do ano passado está ainda vivo na memória. Eram 3h quando a quadrilha invadiu a cidade com fuzis e outras armas, em cinco veículos.
Um comandante de outra, que também não quis se identificar, diz que a orientação dele é agir tendo como base a supremacia de força: “Infelizmente, numa situação dessas não dá para começar um confronto direto. Peço para, se possível, fazer um acompanhamento visual e acionar reforços”..