O irmão do jogador prestou depoimento a um delegado do Piauí a pedido da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Na oitiva, indicou locais onde estariam os restos mortais da jovem e chegou a dizer que presenciou o homicídio. Os detalhes foram repassados pelo delegado-geral piauiense Riedel Batista, que concedeu entrevista sobre o caso nessa segunda-feira.
De acordo com o delegado-geral do Piauí, o irmão do goleiro, que está preso em Teresina por suspeita de estupro, foi uma das testemunhas ouvidas em cartas precatórias enviadas à Polinter pela delegada Viviane Costa Ferreira Pinto, chefe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam/RJ), de Jacarepaguá. “Ele falou de pessoas que poderiam ter envolvimento no assassinato de Eliza Samudio e sobre locais em que poderia estar o corpo dela. Mas são informações que precisam ser checadas. Foram todas passadas para o Rio de Janeiro”, explicou Riedel Batista. O policial não revelou quais locais foram indicados pelo irmão do goleiro.
Em nota, a Deam/RJ informou que as cartas precatórias visam a identificar duas pessoas que participaram do sequestro e tentativa de aborto sofridos por Eliza em 2009, no Rio de Janeiro. Bruno e seu braço direito, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, foram condenados pelo crime. Segundo a polícia fluminense, durante o depoimento, Rodrigo informou que estava no Rio de Janeiro na época do sequestro, mas não disse se teve envolvimento no episódio. “Disse também ter presenciado o homicídio de Eliza Samudio, ocorrido em Minas Gerais, e que prestaria mais informações a respeito, caso venha a ser incluído em programa governamental de proteção à testemunha”, completou a delegacia do Rio.
Para Lúcio Adolfo, as informações prestadas por Rodrigo são inverídicas. “Esse irmão do Bruno é um moço complicado, que está respondendo por crimes graves. Não é do convívio do Bruno e nunca esteve próximo dele. Se tivesse alguma coisa ligada no crime, já teria sido envolvido antes pela polícia e a própria imprensa.
A Polícia Civil de Minas Gerais informou ter recebido as informações do depoimento de Rodrigo. Segundo a corporação, ele afirmou que sabe onde está o corpo de Eliza, porém, não relata o local exato. Por isso, ainda não serão realizadas buscas. A Polícia Civil informou que vai aguardar informações mais concretas para fazer as diligências.
Abandono de Bruno
Em entrevista ao G1, nesta terça-feira, Rodrigo afirmou que resolveu contar detalhes do crime apenas agora devido ao abandono de Bruno à família. "No início, ajudei muito o Bruno a se livrar da Justiça, mesmo ele sendo um cara muito polêmico. Mas, por ele não ter feito nada pela nossa família, agora estou disposto a contribuir com a Justiça e não mais com o Bruno. Não quero mais ser tapete dele. Já me meti em muita confusão para poder livrar o Bruno na época em que ele era goleiro", disse. "Temo pela minha vida e da minha família, mas estou disposto a contar tudo o que sei. Eu posso garantir que ela está morta.
Investigações
Na ocasião das investigações, por meio de depoimentos e perícia no local do crime, não ficou constatada a presença de Rodrigo na cena do crime. Somente das pessoas que já foram julgadas e denunciadas. Todos os réus foram condenados, com exceção de Dayane Rodrigues, ex-mulher de Bruno. Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, recebeu pena de cinco anos de prisão pelo sequestro e cárcere de Eliza e de seu filho, Bruninho. Macarrão foi sentenciado a 15 anos de prisão por homicídio qualificado. Bruno teve a pena estabelecida em 22 anos e três meses de prisão por homicídio e ocultação do cadáver da jovem e também pelo sequestro e cárcere privado do filho. O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como executor, foi condenado a 22 anos de prisão.
Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio do ex-atleta em Esmeraldas, e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, respondiam apenas pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho. Ambos pegaram penas em regime aberto. Um primo do jogador, Jorge, que revelou à polícia grande parte da trama, cumpriu medida socioeducativa e já está em liberdade. Ele era menor na época do crime. O promotor Henry Vasconcelos abriu investigação para apurar a eventual participação no crime dos policiais civis aposentados José Lauriano e Gilson Costa. Ambos foram denunciados pela promotoria de Contagem.
RB
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