O projeto que sugere a alteração da lei que controla os níveis de ruído em Belo Horizonte está causando barulho na Câmara Municipal de Belo Horizonte. A Proposta nº 751, apresentada na Casa em 2013, chegou a entrar ontem na pauta para votação em primeiro turno, dividindo opiniões favoráveis e contrárias de vereadores e sob olhos atentos de líderes de associações de moradores da capital. A polêmica vem do artigo 10 de Lei 9.505/08, conhecida como a Lei do Silêncio. O inciso VI prevê aumento para até 80dB (decibéis) no volume de atividades escolares, religiosas, bares e restaurantes até as 22h, de domingo à quinta-feira. Já na sexta-feira, sábados e feriados, a permissão vai até as 23h. O projeto tem muitas emendas, uma delas com permissão, inclusive, para 85dB.
Leia Mais
Moradores de BH protestam contra PL que flexibiliza a Lei do Silêncio Músicos fazem manifestação pedindo flexibilização da Lei do Silêncio em BHMúsicos e Abrasel pedem mudanças na lei do silêncio em Belo HorizonteProjeto que abranda a Lei do Silêncio em BH está prestes a ser votado em definitivoSaiba o que pode mudar com a Lei do Silêncio mais branda em BHProjeto de lei que flexibiliza a Lei do Silêncio é aprovado por vereadores de BHDepois de reclamações, acordo suspende música ao vivo no bairro UniãoCâmara adia votação de projeto de lei que altera Lei do SilêncioEntidade industrial critica projetos que preveem apreensão de carros com som altoCresce número de reclamações contra poluição sonora em Belo HorizonteAdeptos à proposta defendem como a lei trata de níveis de ruído de quase uma década atrás, o texto está desatualizado em relação ao barulho produzido hoje na cidade. “Atualmente, o nível de barulho em ruas e avenidas, produzido pelo transporte público e outras atividades resultado da ocupação urbana, já supera os limites da lei existente. Mas, diante da fiscalização, bares, restaurantes, igrejas e outros estabelecimentos são penalizados com base em uma legislação que é antiga”, defendeu um dos autores do projeto, vereador Autair Gomes (PSC).
Por outro lado, o vereador Leonardo Matos (PV) alega que “se a cidade está barulhenta, é preciso buscar soluções para diminuir o nível de ruído, inclusive com exigência de tratamento acústico em locais com grande emissão de som”. Para o parlamentar, a discussão não deve ocorrer em torno da flexibilização da Lei do Silêncio, mas sim com base na Lei de Uso e Ocupação do Solo. “É preciso determinar melhor as áreas para cada tipo de atividade, para garantir maior conforto e tranquilidade à população.
Atentos à tramitação do projeto de lei, líderes comunitários acompanharam a sessão de ontem na Câmara Municipal. De acordo com o presidente do Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte, Fernando Santana, é grande a apreensão sobre a possibilidade do aumento de ruídos na cidade, diante de tantas reclamações já registradas atualmente por barulho. Ele defende ainda que o assunto seja discutido com a sociedade e também com especialistas em saúde para avaliação dos impactos de um possível aumento do nível de ruído na capital. Ainda segundo Fernando, o movimento não é contrário às atividades econômicas, mas defende que elas sejam realizadas dentro de limites que sejam suportáveis ao ouvido humano.
De acordo com a Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização (Smafis), os infratores à atual Lei do Silêncio estão sujeitos a advertência, multa, cassação do Alvará de Localização e Funcionamento de Atividades ou de licença, interdição parcial ou total da atividade até a correção das irregularidades, além da obrigação de cessar o barulho. Os valores das multas, de acordo com a gravidade, variam de R$ 131,67 a R$ 16.491,50. Em caso de reincidência, a penalidade de multa poderá ser aplicada em dobro e, havendo nova reincidência, a multa poderá ser aplicada até o triplo do valor inicial.
A fiscalização ocorre em plantões noturnos para o pronto-atendimento, quinta-feira e domingo, das 19h à 1h, e sexta-feira e sábado, das 20h às 2h. Nesse período, a reclamação deve ser registrada pelo 156. Nos horários diurno e noturno, o trabalho se dá por ações programadas e, além do 156, a população pode entrar em contato com a Prefeitura diretamente no BH Resolve ou pelo sac web disponível no portal www.pbh.gov.br/sac.
o que diz a lei
A Lei 9.505/2008, que trata da emissão de ruídos, sons e vibrações em Belo Horizonte estabelece os seguintes limites:
» Em período diurno (das 7h01 às 19h): 70 decibéis
» Em período vespertino ( das 19h01 às 22h): 60 decibéis
» Em período noturno, entre as 22h01 e as 23h59: 50 decibéis; entre a 0h e as 7h: 45 decibéis.
» Às sextas-feiras, sábados e vésperas de feriados, é admitido, até as 23h, o nível correspondente ao período vespertino: 60 decibéis.