O trajeto que era alegre, com conversas, joguinhos e piadas inspiradas nos memes das redes sociais, agora é apreensivo, por vezes silencioso. Com medo de se tornarem vítimas de assaltos simplesmente por serem vistos usando seus smartphones, notebooks e tablets para papear ou navegar na internet, crianças e adolescentes que são transportados em vans escolares na Grande BH têm mudado drasticamente sua rotina. Só no mês passado, foram oito roubos à mão armada e, neste mês, outros quatro até a última sexta-feira. Os equipamentos eletrônicos são o alvo principal dos ladrões. Com o início das férias, motoristas e empresários do transporte escolar estão buscando estratégias para inibir as ações dos ladrões quando as aulas voltarem, em agosto.
Circulares com orientações para que os alunos deixem em casa ou não usem os aparelhos no interior dos veículos começaram a ser distribuídas pelos condutores e ajudantes, enquanto as vans têm recebido câmeras de monitoramento a distância e rastreadores com botões de pânico, para acionar a polícia em caso de assalto. Ainda assim, o clima de insegurança predomina entre alunos e transportadores, como comprovou a equipe de reportagem do Estado de Minas, que acompanhou na semana passada uma viagem dos pequenos que começam de madrugada a jornada para estudar.
Até a última semana, por meio do Sindicato dos Transportadores de Escolares da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Sintesc), cinco vans receberam câmeras que gravam o que ocorre no interior do veículo, na parte externa e ainda transmitem as imagens para redes sociais, onde podem ser acessadas por pais e profissionais do setor. A expectativa é de que mais câmeras sejam instaladas nas semanas que antecedem o retorno às aulas. O custo de cada sistema é de R$ 1.800 e não há mensalidade, apenas necessidade de modem para a transmissão de dados via internet.
O equipamento registra ainda episódios de freadas bruscas, velocidade acima da permitida e mostra em mapas o deslocamento do escolar. Todas são informações importantes para a segurança dos veículos e para que pais possam acompanhar em tempo real a qualidade do serviço que vem sendo prestado. “Temos, também, um sistema com botão de pânico para que o motorista acione em caso de roubo, acidente ou de outra necessidade. Os veículos vão receber também adesivos alertando sobre o monitoramento. Com isso, queremos inibir a ação dos ladrões e facilitar a identificação”, afirma o presidente do sindicato, Carlos Eduardo Campos.
Para o presidente da entidade de classe, não há como a polícia estar em todos os locais onde passam as 1,5 mil vans regularizadas de Belo Horizonte e as 4 mil da Grande BH. Daí a necessidade de procurar soluções tecnológicas. A Polícia Militar anunciou também a criação de uma rede de proteção por aplicativos de celular, nos moldes da Rede de Vizinhos Protegidos que funciona em bairros de BH.
PRISÃO Na última quinta-feira, o Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) deteve um adolescente de 17 anos que confessou ter participado de assaltos a escolares nos bairros Boa Vista (Região Leste) e União (Região Nordeste). Com ele, foram encontrados um revólver calibre 32, 11 celulares, dois relógios, três bonés, cordões e dinheiro. Um comparsa do jovem ainda é procurado.
“Esse é um dos frutos da força-tarefa montada para desarticular os envolvidos nessa modalidade de crime. Já temos identificações de suspeitos, lugares onde se encontram e até o retorno às aulas esperamos prender esses criminosos, como resposta à sociedade”, afirma o tenente Cristiano Araújo, subchefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar. Uma das formas de abordagem dos bandidos é com motocicletas, que são usadas para fechar os veículos de transporte escolar. Outros esperam os momentos de embarque e desembarque para atacar.
Com investidas desse tipo, a van que transporta os filhos adolescentes da estudante Jaqueline Amaral Lucena, de 32 anos, já foi assaltada três vezes só neste ano. E a insegurança se tornou um drama depois que o mais velho, de 14 anos, teve seu smartphone arrancado pela janela do escolar, quando o veículo parou em um semáforo da Avenida Cristiano Machado. “Foi uma violência. Meu filho nunca tinha sofrido isso antes. Estava ouvindo música e um assaltante arrancou o telefone dele pela janela da van com tanta força que o fone de ouvido o machucou”, conta Jaqueline.
TRAUMA De acordo com a mãe, a ação dos bandidos se dá em grupo. Enquanto dois homens ficam em pontos estratégicos, observando vítimas, outro age atacando passageiros distraídos. “Foi um trauma para meu filho. Ele ficou assustado, com muito medo. Por causa disso, tive de levá-lo uma semana à escola. Conversei com os outros pais e com o motorista da van, para ver se algo pode ser feito, mas nesse caso acho que, mais do que nós, é preciso que as vias sejam mais bem policiadas”, afirma Jaqueline. Segundo ela, além dos três roubos, há poucos dias outro estudante quase teve seu tablet levado da mesma forma. Desde então, a orientação é para que os alunos não deixem à vista nem usem os aparelhos eletrônicos durante o trajeto. “Isso é ruim, já que o telefone é uma forma que temos de nos comunicar com nossos filhos e de saber se tudo está bem com eles”, pondera.
Circulares com orientações para que os alunos deixem em casa ou não usem os aparelhos no interior dos veículos começaram a ser distribuídas pelos condutores e ajudantes, enquanto as vans têm recebido câmeras de monitoramento a distância e rastreadores com botões de pânico, para acionar a polícia em caso de assalto. Ainda assim, o clima de insegurança predomina entre alunos e transportadores, como comprovou a equipe de reportagem do Estado de Minas, que acompanhou na semana passada uma viagem dos pequenos que começam de madrugada a jornada para estudar.
Até a última semana, por meio do Sindicato dos Transportadores de Escolares da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Sintesc), cinco vans receberam câmeras que gravam o que ocorre no interior do veículo, na parte externa e ainda transmitem as imagens para redes sociais, onde podem ser acessadas por pais e profissionais do setor. A expectativa é de que mais câmeras sejam instaladas nas semanas que antecedem o retorno às aulas. O custo de cada sistema é de R$ 1.800 e não há mensalidade, apenas necessidade de modem para a transmissão de dados via internet.
O equipamento registra ainda episódios de freadas bruscas, velocidade acima da permitida e mostra em mapas o deslocamento do escolar. Todas são informações importantes para a segurança dos veículos e para que pais possam acompanhar em tempo real a qualidade do serviço que vem sendo prestado. “Temos, também, um sistema com botão de pânico para que o motorista acione em caso de roubo, acidente ou de outra necessidade. Os veículos vão receber também adesivos alertando sobre o monitoramento. Com isso, queremos inibir a ação dos ladrões e facilitar a identificação”, afirma o presidente do sindicato, Carlos Eduardo Campos.
Para o presidente da entidade de classe, não há como a polícia estar em todos os locais onde passam as 1,5 mil vans regularizadas de Belo Horizonte e as 4 mil da Grande BH. Daí a necessidade de procurar soluções tecnológicas. A Polícia Militar anunciou também a criação de uma rede de proteção por aplicativos de celular, nos moldes da Rede de Vizinhos Protegidos que funciona em bairros de BH.
PRISÃO Na última quinta-feira, o Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) deteve um adolescente de 17 anos que confessou ter participado de assaltos a escolares nos bairros Boa Vista (Região Leste) e União (Região Nordeste). Com ele, foram encontrados um revólver calibre 32, 11 celulares, dois relógios, três bonés, cordões e dinheiro. Um comparsa do jovem ainda é procurado.
“Esse é um dos frutos da força-tarefa montada para desarticular os envolvidos nessa modalidade de crime. Já temos identificações de suspeitos, lugares onde se encontram e até o retorno às aulas esperamos prender esses criminosos, como resposta à sociedade”, afirma o tenente Cristiano Araújo, subchefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar. Uma das formas de abordagem dos bandidos é com motocicletas, que são usadas para fechar os veículos de transporte escolar. Outros esperam os momentos de embarque e desembarque para atacar.
Com investidas desse tipo, a van que transporta os filhos adolescentes da estudante Jaqueline Amaral Lucena, de 32 anos, já foi assaltada três vezes só neste ano. E a insegurança se tornou um drama depois que o mais velho, de 14 anos, teve seu smartphone arrancado pela janela do escolar, quando o veículo parou em um semáforo da Avenida Cristiano Machado. “Foi uma violência. Meu filho nunca tinha sofrido isso antes. Estava ouvindo música e um assaltante arrancou o telefone dele pela janela da van com tanta força que o fone de ouvido o machucou”, conta Jaqueline.
TRAUMA De acordo com a mãe, a ação dos bandidos se dá em grupo. Enquanto dois homens ficam em pontos estratégicos, observando vítimas, outro age atacando passageiros distraídos. “Foi um trauma para meu filho. Ele ficou assustado, com muito medo. Por causa disso, tive de levá-lo uma semana à escola. Conversei com os outros pais e com o motorista da van, para ver se algo pode ser feito, mas nesse caso acho que, mais do que nós, é preciso que as vias sejam mais bem policiadas”, afirma Jaqueline. Segundo ela, além dos três roubos, há poucos dias outro estudante quase teve seu tablet levado da mesma forma. Desde então, a orientação é para que os alunos não deixem à vista nem usem os aparelhos eletrônicos durante o trajeto. “Isso é ruim, já que o telefone é uma forma que temos de nos comunicar com nossos filhos e de saber se tudo está bem com eles”, pondera.