Dia de fé, orações e muitas lembranças. Mais de oito meses após a tragédia que destruiu comunidades, matou 19 pessoas e degradou o Rio Doce, moradores de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central, participam de uma missa na Capela de Santa Cruz, no Barro Preto, na cidade, para homenagear o padroeiro São Bento. Trata-se da primeira vez, no dia dedicado ao santo, que as famílias atingidas não terão o culto em sua igreja centenária, que foi soterrada pela lama vazada da Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em 5 de novembro.
A tragédia do rompimento da barragem devastou Bento Rodrigues, povoado que mantinha forte tradição religiosa. Além das residências, a lama destruiu a capela de São Bento, construção do século 18. De fachada simples, a edificação tinha duas janelas em madeira de cor azul, uma cruz latina em cima da cumeeira.
O altar era esculpido em madeira e abrigava a imagem de São Bento, uma obra de arte de 60 centímetros de altura, talhada em madeira e banhada a ouro, que integrava o acervo da capela ao lado das imagens de Senhora do Rosário e Senhor dos Passos e mais 30 peças antigas, algumas banhadas em prata. Uma cruz de prata identificada como pertencente ao acervo foi encontrada quilômetros depois no mar de lama.
RB