A nova lei que exige farol baixo nas rodovias do país também durante o dia ainda gera dúvida e está deixando Belo Horizonte “iluminada”. Motoristas estão deixando os faróis ligados também em ruas e avenidas da cidade, mesmo não sendo obrigatório. Alguns alegam segurança e outros dizem que é para que não se esqueçam de fazê-lo, pois vão acessar alguma rodovia. Enquanto isso, a fiscalização já aplica multas aos infratores nas estradas. Em todo o Brasil, foram mais de 3 mil multas aplicadas deste sexta-feira, quando a regra entrou em vigor. Somente no Sul de Minas Gerais, na BR-381, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em três dias da nova legislação, flagrou 110 infrações. Os condutores foram autuados, terão que pagar multa de R$ 85,13 e vão perder quatro pontos na carteira nacional de habilitação (CNH).
Nas ruas e avenidas de Belo Horizonte, basta ficar parado por pouco tempo em qualquer cruzamento, mesmo com o sol forte, para flagrar centenas de veículos andando com os faróis acesos. A justificativa dos motoristas variam. “Já deixo o farol ligado direto porque esqueço. Trabalho em Igarapé e pego muita estrada, além do mais, sempre tem aquela dúvida se, por exemplo, a Via Expressa é rodovia”, afirmou Guilherme Brandão Marques. O mesmo argumento foi usado por Ricardo Monteiro. “Estou indo para Santa Luzia, então já deixo o farol ligado para não me esquecer”, comentou.
Outros condutores preferem utilizar os faróis durante o dia para proteção. “Tenho o hábito de andar com o farol baixo ligado durante o dia por segurança”, diz Rafael Dhovany. Renato Clauz, tenta se preparar para uma futura mudança na legislação. “Do jeito que está, daqui a pouco vai ter multa na cidade também. Então, já ando direto com ele ligado para prevenir”, completou.
Balanço divulgado ontem pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostra que mais de 3 mil motoristas foram multados por não dirigir com o farol baixo nas rodovias, segundo a Folha de S. Paulo. A maioria das autuações foi aplicada em Minas Gerais, Goiás, Paraná e Santa Catarina. Uma das justificativas, principalmente em Minas, é por causa do tamanho da malha viária. O consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto acredita que os motoristas usam os faróis acesos também na cidade, pois estão mais conscientes em relação às mudanças na segurança do trânsito. “Tudo o que passou a ser obrigatório, como o cinto de segurança, capacete em motociclistas, entre outros, teve uma rejeição, mas hoje ninguém mais discute. Acho que o farol baixo vai passar pelo mesmo processo. Vejo que pessoas usam na estrada e, por isso, usam na cidade para não esquecer. Outras estão usando porque acham que é bom e mais seguro”, afirma Osias Neto.
Para o especialista de trânsito, a lei não é completa. “Acho que ela entrou em vigor pela metade. O farol baixo é importante na cidade e na estrada. Um exemplo é que em 1995, quando era diretor do DER (Departamento de Estradas e Rodagem), fizemos uma portaria obrigando todos os ônibus a andar com farol ligado. Grande parte das empresas reclamou alegando que haveria mais gasto de lâmpadas e com manutenção. Porém, como o passar dos anos, agradeceram, pois reduziram o número de atropelamentos na cidade, e, consequentemente, o total de indenizações, de carros parados, entre outros prejuízos”, completou.