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Estado de Minas

Projeto na ALMG prevê multa para baile funk em vias públicas de Minas Gerais

Se aprovada por deputados, nova lei vai endurecer tolerância contra os chamados pancadões. Punição prevista é de R$ 1 mil, além da possibilidade de apreensão de carros e equipamentos de som


postado em 12/07/2016 06:00 / atualizado em 12/07/2016 07:45

Carro turbinado com som potente embala festa na Praça do Papa. Se projeto for aprovado, veículos poderão ser apreendidos(foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS - 19/02/2011)
Carro turbinado com som potente embala festa na Praça do Papa. Se projeto for aprovado, veículos poderão ser apreendidos (foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS - 19/02/2011)
Os chamados pancadões – bailes funk embalados por som automotivo em via pública – podem estar com os dias contados em Minas Gerais. Um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa prevê ao infrator multa de R$ 1 mil e, dependendo do caso, a apreensão do equipamento e do veículo. O valor será dobrado na primeira reincidência e quadruplicado a partir da segunda. Proposição semelhante também tramita na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Ambas foram inspiradas na Lei 16.049, sancionada em 2015 pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e que aguarda regulamentação. É bom deixar claro que as três normas focam apenas veículos estacionados. No caso de carros em movimento, já há legislação federal.

Trata-se do artigo 228 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), combinado com a Resolução 204 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran): quem dirigir veículos com o som acima de 80 decibéis (dB) recebe cinco pontos no prontuário da carteira nacional de habilitação (CNH) e é multado em R$127,69.

Já os valores previstos nos projetos de lei que tramitam na Assembleia de Minas, de autoria do deputado João Leite (PSDB), e na Câmara de BH, proposto pelo também tucano Pablo César, o Pablito, são mais elevados. Ambos determinam que o valor-base (R$ 1 mil) seja corrigido, a cada ano, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Diversos relatos nos informam que o pancadão – ou onda funk – tem sido praticado em diversos logradouros do estado, inclusive próximos a hospitais, escolas e órgãos públicos, prejudicando o sossego dos moradores e comerciantes. São realizados eventos sem a devida comunicação ao órgão público competente, organizados em redes sociais, gerando desordem e insegurança na população, com a consequente insatisfação com o poder público”, justificou o deputado.

A explicação do vereador vai na mesma toada: “A proposição visa a assegurar o sossego público. Também a segurança dos cidadãos, além de combater uma das formas de poluição que tem ocorrido com frequência em BH. Outra questão – não menos importante – refere-se ao risco da saúde em decorrência da poluição sonora”.

O projeto do vereador tramita num ritmo mais acelerado que o do deputado. Na Câmara, a proposição 1.841/2016 foi avalizada pela Comissão de Legislação e Justiça, a principal do Parlamento. Na Assembleia, o projeto 3.265 aguarda parecer da primeira comissão, a de Constituição e Justiça.

Além da multa, as duas propostas determinam que o equipamento seja recolhido em caso de o proprietário se negar a reduzir o volume. Na hipótese de o som não poder ser retirado, o veículo também deverá ser apreendido. Daniel A. Neves, presidente da Associação Nacional da Indústria da Música (Anafima), defende precaução na fiscalização.

Ele é “favorável ao uso racional do volume”: “Entendemos que ninguém pode desrespeitar o direito alheio”. Por outro lado, é contrário à apreensão do equipamento: “Se estiver errado, que se multe”. Na prática, continua ele, a entidade teme que alguns policiais parem motoristas e apreendam o som mesmo que o aparelho esteja desligado.

“Não podemos fazer da exceção a regra. Quantos carros têm som (potente) e quantos fazem barulho?”. Daniel ainda ressalta que a cadeia produtiva, que gera pelo menos 8 mil empregos diretos e cerca de 20 mil indiretos, precisa ser ouvida pela classe política.

AUDIÊNCIA PÚBLICA O presidente da Anafima defende debates públicos sobre o assunto, o que não ocorreu, segundo ele, em São Paulo. “O que buscamos é o bom senso. Há mais de 500 campeonatos de som automotivo a cada ano no Brasil. Eles também geram muita renda. Movem um ciclo econômico. Somos contra o poder público pegar a exceção e transformá-la em regra”.


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