Jornal Estado de Minas

Unesco da sinais de aprovação à Pampulha como patrimônio da humanidade

É grande a expectativa entre os brasileiros presentes à 40ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em Istambul, Turquia, que terá em pauta, a partir de amanhã, a candidatura do conjunto moderno da Pampulha, de Belo Horizonte, a Patrimônio Cultural da Humanidade. Na reunião de ontem, o entusiasmo tomou conta dos representantes do país, quando ficou decidido que o Parque Nacional de Iguaçu, em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira com a Argentina, não entrou na lista de patrimônios naturais ameaçados. O discurso em defesa da unidade de conservação, pela representante permanente do Brasil na Unesco, embaixadora Eliana Zugaib, foi muito bem recebido e muitos integrantes do comitê elogiaram o Brasil, o que foi visto como “bom sinal”.

Em evento paralelo sobre arquitetura no mundo árabe, conforme informou um brasileiro, a Pampulha foi citada como exemplo de arquitetura moderna por vários palestrantes, entre os quais estão delegados com direito a voto no comitê. O arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), que projetou o conjunto moderno da Pampulha, tem trabalhos na Argélia e também em Israel.

Segundo informações da Unesco no Brasil, a decisão sobre a Pampulha poderá sair até domingo, tendo em vista a extensão das pautas que representantes de 22 países têm a cumprir. De Minas, estão em Istambul a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Célia Corsino, e a diretora do Conjunto Moderno da Pampulha da Fundação Municipal de Cultura (FMC), a arquiteta e urbanista Luciana Feres. De Brasília (DF), seguiram o ministro da Cultura (MinC) Marcelo Calero, a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, o diretor de Articulação e Fomento do Iphan, Marcelo Brito e o diretor de Relações Internacionais do MinC, Adam Muniz.

VALOR Conforme os especialistas, o conjunto moderno da Pampulha foi concebido para criar uma obra de arte total, integrando as peças artísticas aos edifícios e esses à paisagem, e conta com as quatro primeiras obras assinadas por Niemeyer, projetadas na década de 1940. O conjunto tem jardins planejados pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), painéis com azulejos do pintor Cândido Portinari (1903-1962) e esculturas de artistas renomados como Alfredo Ceschiatti (1918-1989), Augusti Zamoyski (1893-1970) e José Alves Pedrosa (1915-2002).

Formado por uma paisagem que agrega quatro edifícios articulados em torno do espelho d’água de um lago urbano artificial, o Conjunto Moderno da Pampulha é integrado pela Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (Iate Tênis Clube), todos bens construídos entre 1942 e 1943.

A campanha a favor do reconhecimento da Pampulha como Patrimônio Cultural da Humanidade começou há 20 anos, mas ganhou força em 2012. Nessa escalada, o primeiro passo foi a aceitação pela Unesco da inclusão do bem na Lista Indicativa do Patrimônio Mundial, que funciona como instrumento nacional de planejamento de preparação de candidaturas.
Além da inclusão do bem na lista, o Iphan coordenou o comitê gestor da candidatura, responsável por elaborar o dossiê com todos os documentos, fotos e argumentos referentes à autenticidade, integridade e ao valor excepcional universal do bem, assim como informações referentes a proteção e gestão. Após a conclusão do dossiê, em 2014, o documento foi entregue ao Iphan que, por meio da delegação permanente do Brasil na Unesco, o apresentou ao Comitê do Patrimônio Mundial..