“Tenho certeza de que esse carro é a chave de tudo. E também posso te falar que se ela entrou no veículo, com certeza foi obrigada. Ela não entraria por conta própria”, diz a doméstica Luciene Dias de Carvalho Lopes, de 42 anos, mãe da jovem Ana Paula Carvalho Lopes, de 15, desaparecida desde 25 de junho. Ana foi vista pela última vez em um ponto de ônibus ao lado de uma das portarias do Condomínio Miguelão, em Nova Lima, na Grande BH. Ontem, a Polícia Civil divulgou imagens captadas por uma câmera de um ônibus que passou pelo local cinco minutos depois do último registro da adolescente. O vídeo mostra um carro sedã médio prata parado e o ponto vazio, sem nenhum passageiro aguardando transporte. “Eu acho que essa imagem nos revela que talvez a Ana Paula estivesse dentro desse carro. Nos dá certeza absoluta hoje? Não, mas a probabilidade existe e não é pequena”, diz a delegada Valéria Decat de Moura, titular da Delegacia Regional de Nova Lima.
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Carro pode ser pista de desaparecimento de adolescente em Nova LimaPolícia investiga se adolescente desaparecida em Nova Lima foi raptada Desaparecimento de adolescente de Nova Lima é grande desafio para a políciaDesaparecimento de adolescente em Nova Lima completa nove diasDesaparecimento de menores tem baixa taxa de solução em MinasA Polícia Civil reuniu nessa sexta-feira duas delegadas e dois delegados que trabalham nas três unidades envolvidas com a apuração do caso para prestar esclarecimentos sobre os trabalhos. A família de Ana chegou a criticar a atuação dos policiais por não compartilharem informações novas que possam levar ao paradeiro da garota. O delegado Ramon Sandoli, que comanda o Departamento Estadual de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp), garantiu que as equipes estão focadas em encontrar a jovem. “Estamos com três unidades envolvidas 24 horas por dia no caso para encontrar a garota”, afirma o policial. Além do Deoesp e da delegacia de Nova Lima, a Divisão de Desaparecidos também está apoiando. Os delegados admitiram, porém, que a investigação ainda não levantou nenhuma informação que aponte para o que possa ter acontecido com a adolescente, o que ainda mantém todas as hipóteses, como sequestro, homicídio e o desaparecimento voluntário.
CELULAR
Os delegados também foram questionados sobre prováveis pistas que o celular da jovem poderia apontar, como ligações feitas ou recebidas no momento em que já estivesse desaparecida. “Ainda não temos nada de concreto que motivasse o sumiço. O celular foi desligado após o desaparecimento”, acrescenta Sandoli, destacando que alguns levantamentos do caso estão sendo mantidos em sigilo.
Os delegados aproveitaram a entrevista para falar sobre um fato que levantou a possibilidade de que o caso fosse um sequestro. Segundo Ramon Sandoli, em 27 de junho uma menina que estuda na mesma escola de Ana Paula recebeu uma ligação de um número não identificado. O homem do outro lado da linha dizia que tinha sequestrado uma amiga da dona do celular, exigindo um depósito de R$ 5 mil em uma conta da Caixa Econômica Federal para liberá-la. Nesse momento, o Deoesp entrou no caso e descartou essa hipótese. “Foi uma infeliz coincidência. Chegamos à conclusão de que foi um golpe de falso sequestro”, diz o delegado.
A responsável pela Divisão de Desaparecidos da Polícia Civil, Elizabeth Freitas, destacou que qualquer informação que ajude na investigação deve ser encaminhada pelo telefone 0800-2828-197. Segundo a delegada, entre 20 e 30 denúncias sobre o caso já chegaram à polícia e todas estão sendo checadas.
CRONOLOGIA DO CASO
Informações de que a Polícia Civil dispõe sobre o desaparecimento de Ana Paula, em 25 de junho
16h30 – Ana Paula avisa aos pais que pretende ir a uma festa com uma amiga e que o pai da colega a buscaria no Condomínio Miguelão
17h20 – A jovem sai de casa e começa uma caminhada até o ponto de ônibus ao lado da Portaria C do condomínio
17h36 – Ana é vista por um segurança da portaria, que fazia uma ronda externa. Ela estava esperando no ponto de ônibus
17h42 – Outro segurança também vê a jovem no mesmo ponto
17h47 – Uma câmera de segurança de um ônibus filma o ponto vazio e um carro prata, aparentemente um sedã de médio porte, parado. A qualidade do vídeo não permite aos investigadores descobrir o modelo e muito menos a placa
17h55 – O pai da amiga de Ana Paula chega para buscá-la, mas não a encontra no ponto combinado. A mãe liga para o celular da adolescente, mas ele já está desligado.