O dono de um hotel na Rua Alberto Cintra se preocupou em medir o volume do barulho no interior do prédio e registrou 89 decibéis às 23h40 de uma quarta-feira, quando o nível máximo permitido para o horário pela Lei do Silêncio é de 70 decibéis. Na madrugada de quinta-feira, o decibelímetro mediu 72 decibéis em um apartamento do hotel, quando o máximo permitido é 45 decibéis. “Faço a medição diária e a média é 15% acima do permitido”, reclama Pablo Ramos, de 39 anos. De acordo com ele, para impedir que o barulho perturbasse os hóspedes, foi necessário instalar isolamento acústico em todo o prédio, mas, assim mesmo, muitos clientes se sentem incomodados com o barulho e deixam o hotel. Pablo denuncia que constantemente reclama com a prefeitura, mas o problema persiste. Pablo Ramos conta que constantemente reclama do barulho com a prefeitura e que por isso sofre represália por parte dos donos de bares e restaurantes. “Eles jogam garrafas no estacionamento do hotel. Foi preciso cobrir todo o estacionamento para proteger os carros e as pessoas.
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Autoridades prometem ação conjunta contra rolezinhos na Rua Alberto CintraMoradores e comerciantes da Rua Alberto Cintra pedem fim de rolezinhos na regiãoRua Alberto Cintra, no Bairro União, é novo centro de diversão de BH Pré-carnaval na Rua Alberto Cintra, em BH, tem confusão entre foliões e PMAcordo que suspende música ao vivo na Rua Alberto Cintra é prorrogadoBarulho e desconforto para quem mora e trabalha na Rua Alberto Cintra, em BHO Código de Posturas também é descumprido, segundo Pablo. “Os passeios são 100% ocupados por mesas e cadeiras.
Ainda de acordo com o dono do hotel, os estabelecimentos colocam iluminação colorida no telhado para transformar a calçada em pista de dança. Postes de iluminação pública, segundo ele, são adesivados e servem de suporte para os restaurantes colocarem azeite, pimenta e sal, entre outras coisas. “Temos diversas filmagens deles jogando óleo de cozinha nos bueiros da rua. Eles também não se responsabilizam pela destinação das garrafas, que ficam espalhadas na rua”, denuncia.
MAIS DE 200 queixas O analista de suporte Fernando Perin, de 36, confirma que procurar a PBH não resolveu o problema. Ele é síndico em um condomínio residencial e diz que moradores de cinco prédios já fizeram 200 denúncias à PBH somente neste ano, mas que não adianta.
Ele conta que há uma disputa entre os donos dos bares para ver quem coloca o som mais alto. “Há uma guerra entre eles.
Fernando também diz que a fiscalização não age de surpresa e que os fiscais, quando chegam, chegam acompanhados de guardas municipais, ligam o giroflex e a sirene das viaturas, o que serve de alerta para os donos de bares, que abaixam o volume.
A Regional Nordeste da prefeitura disse que, de 15 de janeiro a 17 de julho foram registradas 28 denúncias de pronto-atendimento na Rua Alberto Cintra, quando a fiscalização recebe a reclamação e vai imediatamente ao local para fazer a medição do barulho, além de 78 pedidos de providência encaminhados por outros canais de atendimento: presencial, por telefone ou pela internet.
A prefeitura informou que faz fiscalização de rotina nos estabelecimentos da via e que infratores são notificados e multados. Disse ter feito várias reuniões com moradores e comerciantes da Alberto Cintra este ano, na tentativa de diminuir os transtornos. De acordo com a Lei do Silêncio, as penalidades vão desde a advertência (natureza leve ou média) à interdição parcial ou total da atividade, até a correção das irregularidades. O estabelecimento é multado após advertência, ou de imediato, quando a infração for grave ou gravíssima. Nesse caso, pode haver cassação do alvará de funcionamento, de atividades ou de licença.
• Bares negam
as denúncias
Diego Santana é o chefe de bar do Oba Oba, um dos estabelecimentos apontados como responsáveis pela poluição sonora. “Não temos reclamações de moradores da região.
João Paulo Garcia é sócio-proprietário do Praia, outro estabelecimento incluído na lista de reclamações, onde as caixas ficam na calçada, do lado de fora, reunindo dezenas de jovens. “Se tirarem minha música não vendo. Já experimentei e não deu certo”, afirmou o comerciante, que garante que o som alto não passa das 22h. “Aqui, onde estamos, não é área residencial. E o nosso som nem chega onde estão os prédios residenciais. Além de observar o horário das 22h, temos outros cuidados como a coleta seletiva, que reforça o serviço público de limpeza, lavagem da calçada, pois queremos ter uma boa convivência com nossos vizinhos. Antes de tudo, temos o compromisso de manter 18 empregos com nossa atividade”, argumentou Garcia..