Quando o governo de Minas entregou, ainda na gestão passada, a obra de requalificação da Avenida Tereza Cristina, na divisa entre Belo Horizonte e Contagem, na Grande BH, moradores do Bairro das Indústrias, na Região do Barreiro, em BH, e do Bairro Jardim Industrial, em Contagem, esperavam por benefícios que garantissem uma melhor qualidade de vida.
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“Quando começaram a construir, a comunidade ficou muito satisfeita, ficamos felizes. Depois, a tristeza tomou conta. Como que pode uma coisa dessas acontecer?”, questiona o carpinteiro. “Esse espaço deveria funcionar para alguma coisa. Se estivesse pronto, seria uma opção de lazer para nós”, completa Luzia.
A reportagem entrou no imóvel e constatou o abandono. Praticamente todos os vidros das janelas na parte de trás foram quebrados. Uma porta de vidro que também fica nos fundos foi destruída e os estilhaços estão espalhados pela entrada.
A situação do centro comunitário não é um fato isolado neste trecho da Avenida Tereza Cristina inaugurado há três anos depois de investimentos de R$ 258 milhões. Na ocasião, todo o complexo de ligação da via entre o Barreiro e os limites de BH e Contagem, na Vila São Paulo, foi incluído no projeto de requalificação urbana e ambiental do Ribeirão Arrudas.
As intervenções incluíram saneamento, canalização e contenção do curso d’água e a remoção de 1.025 famílias que viviam em áreas de risco, com reassentamento de 608 em apartamentos construídos pelo governo estadual na mesma região. O sistema viário foi remodelado, com a construção de quatro pontes, dois viadutos, uma trincheira, um viaduto ferroviário e a implantação de 2,7 quilômetros da Avenida Tereza Cristina.
MORADIA E CANALIZAÇÃO A urbanização do trecho resolveu problemas de moradia para as famílias que habitavam uma área de risco e garantiu a conclusão da canalização do Ribeirão Arrudas, já que o local tinha esgoto a céu aberto. Porém, as intervenções previam um parque linear para a avenida, com áreas para a prática de esporte que hoje estão abandonadas, sem manutenção. A avenida também virou ponto de descarte clandestino de entulhos.
O mato tomou conta e trouxe a insegurança, espalhada para a população. Moradora de um dos prédios do conjunto residencial do Jardim Industrial, Stefane Natalia Jesus, de 27, chega em casa todos os dias por volta de meia noite e pede ao motorista do ônibus para deixá-la bem ao lado de sua casa. “O ponto fica um pouco mais longe. Como vou andar nesse breu no meio do mato? E como vou trazer meus filhos para brincar nesse parque desse jeito?”, pergunta a moradora
Em nota, a Prefeitura de Contagem diz que está programada uma ação de manutenção para este trecho da Tereza Cristina que inclui remoção de entulho e capina. Sobre a iluminação, a administração municipal diz que a manutenção é feita periodicamente, conforme a demanda. A a assessoria de comunicação completa que as áreas em questão ainda estão sob a administração do governo de Minas e que o centro comunitário é uma obra da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop).
A Setop respondeu que a construção do imóvel era responsabilidade da gestão estadual passada e que essa é uma das obras não concluídas pelo governo anterior em novembro de 2014. “Quando houve a paralisação, a edificação estava com 80% do projeto concluído. A empresa construtora retirou a vigilância da obra e, consequentemente, a mesma foi depredada. No momento, está sendo elaborado o processo de distrato para, posteriormente, licitar a reforma e a conclusão do centro comunitário”, informa a secretaria em nota encaminhada por sua assessoria. A pasta não se manifestou sobre a situação geral da Avenida Tereza Cristina..