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Especialistas da Unesco destacam princípios da arquitetura moderna na PampulhaPampulha agora é patrimônio do mundoVocê conhece bem a Pampulha?Jornalistas do EM declaram seu amor pela Pampulha Personalidades mineiras celebram o título conquistado pela Pampulha Márcio Lacerda comemora título em pronunciamento na Casa do BaileMoradores comemoram o título de Patrimônio Cultural da PampulhaArquitetos mostram detalhes do conjunto moderno da Pampulha; assistaUnesco descreve Pampulha como local que reflete a influência das tradições locaisRedes sociais são tomadas por homenagens a título de Patrimônio Cultural da PampulhaVizinhos da Pampulha comemoram título de Patrimônio Cultural da HumanidadeNiemeyer e JK se uniram para criar Pampulha, agora Patrimônio Cultural da HumanidadeAs maravilhas da Pampulha: veja detalhes do conjunto patrimônio da humanidadeEmpenhado na campanha de candidatura da Pampulha iniciada já quatro anos – em 1996 houve uma tentativa, embora sem resultados –, Leônidas explica que a decisão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) representa um cartão de visitas para a cidade.
O destino de muitos turistas que chegam a Minas é Ouro Preto, mas, ao ter um “patrimônio do mundo” reconhecido, a situação de BH pode mudar. No mundo, há apenas 8% de bens modernos protegidos e a Pampulha tem os projetos de Niemeyer, que deixou registrado, como lembra Leônidas: “A Pampulha foi onde tudo começou”. Para garantir a proteção, especialmente quanto às construções no entorno, ele ressalta que os bens são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e artístico Nacional (Iphan), Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio cultural, além de a Pampulha ser uma Área de Diretrizes Especiais (ADE).
DE PERTO De ônibus de turismo, de carro, a pé ou de bicicleta. Sozinhos, em família ou em grupos enormes. A todo momento, visitantes chegam à Pampulha e não se cansam de enaltecer suas características modernistas. As pernambucanas Marlene José dos Santos, funcionária pública, e Lígia Andrade Sukar, professora universitária, se prepararam bem antes de chegar a BH.
Vindas de Santa Catarina, as amigas Deyse Koth, arquiteta, e Bárbara Nasato, designer de interiores e estudante de arquitetura, gostaram do que viram. Para Deyse, que visita pela segunda vez o conjunto moderno, o título é muito importante para BH. Bárbara, pela primeira vez no complexo, acrescenta: “É muito bom chegar caminhando, sentir o impacto de um lugar tão lindo”.
Aos olhos dos estrangeiros, a Pampulha ganha outra dimensão. Atenta aos detalhes da Igreja de São Francisco, a norte-americana Lee Ann Custer, de 29, faz pesquisas para a tese de doutorado em história da arte, na Universidade da Pensilvânia. “A obra de Niemeyer é muito famosa. Acho tudo muito bonito, a Casa do Baile, a igreja...
VALOR Representante da Unesco no Brasil, o francês Lucien Muñoz também acredita em aumento do turismo: “O valor excepcional e universal suscita de imediato o interesse da comunidade internacional – e também nacional – em conhecer e visitar determinado bem. Há novos holofotes sobre o sítio e essa mudança na forma de ver o bem certamente desperta novos fluxos de turismo que, por sua vez, geram possibilidades para a cidade que o detém”. Segundo Muñoz, com bom planejamento e práticas sustentáveis é possível potencializar alternativas de desenvolvimento local, aliadas a práticas integradas de promoção, educação e preservação patrimonial.
Muñoz explica que o fato de a cidade ou país ter um bem inscrito na lista do Patrimônio Mundial gera de imediato contrapartidas do poder público e seu comprometimento oficial com a preservação do sítio em harmonia com os critérios que o tornaram excepcional. “Enfatizando fortemente o papel das comunidades locais, a inscrição funciona como uma ferramenta eficaz para o monitoramento de diversos desafios contemporâneos, especialmente a urbanização acelerada, que pode acarretar descaracterização.”
Água: dádiva e desafio
Lançamento de esgoto, lixo, poluição de toda sorte e por todo canto. O espelho d’água da Pampulha nunca refletiu um bom estado de conservação – tanto que, na primeira tentativa de candidatura ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade, há 20 anos, a sujeira foi empecilho para levar o sonho adiante, ao lado da degradação do patrimônio. A expectativa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é de que, até o fim do ano, as águas estejam na classe 3, o que permite a prática de esportes náuticos.
Em março, a PBH iniciou os trabalhos de recuperação da qualidade da água do reservatório e a análise das primeiras amostras, feitas em abril e em maio, demonstrou que os três primeiros meses de trabalho produziram bons resultados. Foram verificadas reduções importantes nos parâmetros estabelecidos para a avaliação, como o DBO (indicador de presença de matéria orgânica), coliformes termotolerantes (indicador de presença de esgoto e micro-organismos patogênicos), clorofila-A (algas) e fósforo total (esgoto). Em três parâmetros avaliados foram obtidos valores que já atendem às exigências de classe 3.
O objetivo da ação é livrar a lagoa de florações de algas, de mau cheiro e da mortandade de peixes, enquadrando-a totalmente na classe 3, conforme normatização do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Isso permite, por exemplo, a recreação de contato secundário (prática de atividades em que o contato com a água seja esporádico ou acidental e a possibilidade de sua ingestão seja pequena, tais como a pesca amadora e o iatismo).
PRECEDENTE Em 2003, uma ameaça grave pairou sobre Ouro Preto, na Região Central, primeira cidade brasileira declarada Patrimônio Cultural da Humanidade (1980) pelo Unesco, devido à falta de políticas e ações para proteger aquele que é considerado o maior conjunto arquitetônico colonial do país.
A situação do Iate, que foi desapropriado pela Prefeitura de Belo Horizonte em fevereiro, está sendo analisada pelo Ministério Público de Minas Gerais. O certo mesmo é que, se em três anos o anexo não for demolido, a Pampulha pode perder o título conquistado. “Vamos resolver a questão do Iate e vai ser tudo preto no branco”, avisa o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. A direção do clube diz que está aberta à negociação e que sempre apoiou a candidatura da Pampulha. “O Iate foi projetado como clube e deverá continuar assim, embora sem o anexo que o descaracteriza”, observa o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira..