O último relatório concluído pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre as ações da Samarco na área mais degradada pela tragédia de Mariana traz uma preocupação especial com o início do período chuvoso.
Leia Mais
Moradores de Bento Rodrigues homenageiam o padroeiro São Bento pela 1ª vez após tragédia de MarianaOito meses após tragédia de Mariana, população entrega projeto de lei à ALMGMoradores atingidos por tragédia de Mariana recebem peças doadas por artistasTragédia de Mariana expõe privilégio dado a mineradorasPrefeitura conclui distribuição de dinheiro a famílias atingidas por tragédia de MarianaTragédia em Mariana foi causada por obras em barragem da Samarco, diz MPJustiça manda recolher peças doadas por artistas às vítimas de tragédia de MarianaAs conclusões tiradas pelo Ibama foram levadas na última terça-feira ao conhecimento do presidente interino Michel Temer, por meio do Ministério do Meio Ambiente, em uma reunião que também teve representantes de outras pastas do governo federal. O objetivo do Ibama é tentar apoio da União para viabilizar ações emergenciais que sejam suficientes para impedir que as chuvas tornem insuportável a pressão sobre a Usina de Candonga, como é conhecida a UHE Risoleta Neves.
“O estado atual do lago da UHE Risoleta Neves (Candonga) é de completo assoreamento pelos rejeitos de mineração decorrentes do acidente, atualmente com as comportas 100% abertas”, diz um dos trechos do relatório da fase Hélios da Operação Áugias.
Segundo o documento, dos 92 pontos vistoriados pelos técnicos do Ibama, existe a necessidade de obras em 68% deles. Um tópico de grande preocupação é a disposição, de forma “pouco estável” de toras de madeira devastadas pelo mar de lama que varreu tudo pelo caminho até o reservatório de Candonga. O medo dos técnicos é que esse material se movimente com as chuvas, oferecendo novos riscos às comunidades e aos usuários do Rio Gualaxo do Norte.
OBRAS “Destaca-se que a maioria das intervenções necessárias constituem-se em obras físicas de drenagem, que visam disciplinar as águas pluviais e diminuir a erosão nas áreas.
ESTÁVEL Procurada pela reportagem, a UHE Risoleta Neves se limitou a dizer que "de acordo com avaliações realizadas e nas presentes condições, a barragem está estável", segundo nota encaminhada pela assessoria de imprensa. A empresa não quis se manifestar sobre uma possível pressão sobre o reservatório com a chegada do período chuvoso.
A Samarco informou que, "a respeito da dragagem da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, a Samarco reitera que todo o trabalho está dentro do cronograma, que prevê o término da dragagem dos primeiros 400 metros até junho de 2017. O andamento do trabalho é de conhecimento de todos os órgãos competentes", conforme nota encaminhada pela assessoria de imprensa da empresa.
Ainda segundo a mineradora, os prazos definidos no escopo do acordo assinado pela Samarco, seus acionistas (Vale e BHP Billiton), os governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo - do qual o Ibama é um dos signatários, estão sendo cumpridos. "Obras de drenagem e contenção de encostas foram iniciadas logo após o rompimento, como parte de um plano emergencial para redução dos impactos causados.
A empresa reforça que estas e outras atividades estão sendo realizadas para a recuperação ambiental das áreas impactadas, como a dragagem, estabilização do rejeito via revegetação emergencial, além da recuperação de afluentes e monitoramento da qualidade da água em 92 pontos ao longo do rio Doce até a Foz, no Espírito Santo", segundo texto enviado para a imprensa.