Ouro Preto, Congonhas e Diamantina – Trânsito caótico nas ladeiras históricas, poeira de mineração soprada sobre os monumentos e placas apenas em português para orientar os turistas. As cidades coloniais mineiras reconhecidas como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) esbanjam beleza por todos os cantos, embora enfrentem problemas que atravessam os tempos e desafios ainda longe de solução. Agora na companhia do conjunto moderno da Pampulha, de Belo Horizonte, com o título desde domingo passado, elas elevam Minas ao patamar de estado brasileiro com o maior número de bens na lista da instituição internacional.
Na avaliação das autoridades, o título representa turismo, o que implica investimentos privados em hotelaria, gastronomia e serviços. Em Congonhas, o reconhecimento trouxe vários benefícios, como a abertura do Museu de Congonhas, que, em sete meses de funcionamento, já recebeu 40 mil pessoas. Para facilitar a vida dos visitantes estrangeiros, Diamantina precisa ter informações bilíngues nas placas, enquanto Ouro Preto luta também contra a ocupação dos morros e descaracterização de vias públicas. Os turistas elogiam a arquitetura e, movidos pelo encantamento das cidades, fazem descobertas nesse universo permeado pela história de mais de 300 anos.
Memória
Risco de perda
O título de Patrimônio Cultural da Humanidade pode não ser para sempre – para tanto, é preciso preservar os sítios históricos. Em meados da década passada, uma ameaça pairou sobre Ouro Preto, que recebeu o título da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1980. Devido à falta de políticas e ações para proteger aquele que é considerado o maior conjunto arquitetônico colonial do país, o reconhecimento ficou na balança em função da degradação dos monumentos, ocupações irregulares de morros, incêndio de dois casarões, trânsito caótico, destruição de um chafariz, entre outras agressões. A população se manifestou, pendurou panos pretos nas janelas em sinal de luto, até que houve mais atenção das autoridades. Na época, o Morro da Queimada, considerado um dos pontos primordiais da história da ex-Vila Rica, estava invadido por 19 famílias, situação que mudou mais tarde com a proteção municipal.