Quando a Igreja de Santana foi construída, na esquina das ruas Bernardo Figueiredo e Pirapetinga, no Bairro Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais tinha apenas 39 anos. Era um templo simples, como uma capelinha de beira de estrada, lembra a aposentada Heliete Brandão Maia, de 71 anos, batizada e crismada aos 7 no local pelo primeiro arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Antônio dos Santos Cabral. A aposentada conta que viu o prédio ser demolido e surgir no lugar uma construção moderna, a que existe hoje.
Do passado, restaram lembranças e boas histórias da construção simples, inclusive do que seria um milagre atribuído à Santana, mãe da Virgem Maria e avó de Jesus. “Um padre da época estava sendo acusado de má administração e o madeirame da antiga igreja, que era muito velho, começou a florir. Isso serviu para o povo como um sinal de Santana em defesa do sacerdote, de que ele tinha razão”, conta o pároco Danilo César. Essa e outras histórias foram lembradas ontem por fiéis cativos, como Heliete, na comemoração dos 80 anos da paróquia.
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O aniversário da igreja é comemorado mesmo na terça-feira, dia 26, que é o Dia de Santana. As festividades foram antecipadas para ontem, segundo o padre, porque pastoralmente era mais conveniente.
ANONIMATO Padre Danilo conta que Santana é a mãe de Maria e avó de Jesus que, na beleza do anonimato, foi uma mulher de Deus. “Temos várias imagens de Santana, sempre com a Maria ainda criança. Santana Mestra é a que está sentada com o livro ensinando Maria a ler as escrituras. Isso tem um sentido teológico, porque Maria é aquela que fica grávida do Espírito Santo. O verbo se faz carne, a palavra se faz carne no seio da virgem”, conta o padre.
A maioria dos fiéis que frequenta a paróquia é de idosos, muitos batizados e crismados no local e que a vida toda buscaram o templo para exercer a sua fé. Para o padre Danilo, é edificante ter fiéis que nasceram junto com a paróquia e que continuam presentes. Recentemente, conta, uma senhora o procurou falando das suas dificuldades com a família, mas que ela foi adotada por Santana, motivo da sua presença constante na igreja. “Ela exerce essa experiência de fé a partir da avó do Senhor, mãe de Maria, de uma maneira muito bonita, levando isso para existência dela. A existência dela é significada pela experiência religiosa”, disse o padre, lembrando sobretudo as “vovós” e os “vovôs” que frequentam a paróquia. “Santana evoca muito essa imagem dos avós. Então, a gente tem feito muito também esse trabalho de valorizar na nossa paróquia essa acolhida aos idosos, às pessoas que estão sempre na nossa igreja e na nossa sociedade muitas vezes esquecidas”, disse o padre.
Para o bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Edson Ariolo, que celebrou missa na Paróquia de Santana na quinta-feira à noite, a data é importante pois são 80 anos de evangelização, sendo a casa da palavra, da oração, do acolhimento e do ensinamento. (Com Paulo Henrique Lobato)