Jornal Estado de Minas

Assassinato de empresário em Macacos é novo mistério em Nova Lima

Um homicídio misterioso chocou ontem os moradores de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima também conhecido como Macacos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O corpo do empresário do ramo de carretas cegonha Édson Batista, que tinha 64 anos, foi encontrado debaixo de um sofá do sítio em que ele morava. Estava enrolado em um lençol e havia um hematoma na cabeça. O motivo e o autor do assassinato são desconhecidos pela polícia, mas quem tirou a vida do transportador deixou pistas.


A primeira: familiares não sentiram a falta de nenhum objeto, o que pode levar os investigadores, pelo menos em princípio, a descartar a possibilidade de latrocínio (roubo seguido de morte). Os policiais tampouco constataram sinais de arrombamento na propriedade, o que pode ser um indício de que a vítima conhecia o assassino. Todas as portas do imóvel estavam trancadas, mas uma janela foi encontrada aberta.

Os peritos querem saber se o autor deixou o imóvel por uma das portas e a trancou ou se fugiu pela janela. Até o fechamento desta edição, a Polícia Civil não informou se a vítima tinha prontuário criminal. Familiares e amigos disseram desconhecer eventual desavença envolvendo o transportador e afirmaram que ele era considerado uma pessoa tranquila.

“Era uma pessoa comunicativa.
Fazia caminhadas diárias. Ia de casa à Cachoeira do Morumbé, em um percurso em torno de quatro quilômetros, de segunda a segunda. Saía para o passeio por volta das 6h”, contou Jaime Gomes dos Santos, dono de um estabelecimento comercial no lugarejo, fundado por bandeirantes no século 18. “Para a caminhada diária, ele passava em frente ao meu comércio”, acrescentou.

Édson deixou uma filha, nascida do primeiro casamento. Ele estava há mais de uma década com a segunda companheira, médica, que mora em Belo Horizonte. Já o empresário preferia morar no sítio em Macacos.

A propriedade, na Rua Dona Maria da Glória, uma das mais movimentadas do distrito, tem jabuticabeiras, bananeiras e outras árvores frutíferas. Também há espécies da mata atlântica.
A entrada do sítio está a menos de 50 metros da centenária capela em homenagem a São Sebastião, padroeiro do arraial.

A atual companheira do empresário tentou diversos contatos com ele no fim de semana. Como não obteve retorno dos telefonemas, foi a São Sebastião das Águas Claras na manhã de ontem. Ela chegou bem cedo e chamou por Édson. Ninguém atendeu a porta.

A médica decidiu ir à moradia do caseiro e pediu ajuda para entrar no imóvel principal. Eles encontraram todas as portas trancadas, mas notaram que uma janela estava aberta. A médica e o caseiro se depararam com o corpo de Édson na sala e acionaram a Polícia Miliar.

INDÍCIOS “Há copos quebrados, mas não se pode afirmar se isso ocorreu por algum acidente ou em razão de uma eventual briga”, informou o major Damon Mateus, subcomandante da 1ª Companhia Independente de Nova Lima e um dos primeiros militares a chegarem ao local.

A notícia do crime se espalhou rapidamente pelo lugarejo, onde moram cerca de 3 mil pessoas. Dezenas de moradores foram ao local em busca informações. Emocionados, familiares e amigos provenientes da capital também chegaram à propriedade.
Muitos observaram em lágrimas quando o rabecão da Polícia Civil entrou no sítio. A investigação sobre o crime será presidida pelo delegado Fernando Marins.

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