Foi essa história, contada no site de uma blogueira, que inspirou uma publicitária. À procura de casos reais, ela a convidou a ser protagonista de ação nacional para doação de cabelos que vão ser usados em perucas para mulheres em tratamento de câncer. A #fortalizese é mais que uma campanha: é esperança, autoestima e dignidade para muitas pacientes enfrentarem a doença. Em BH, outras iniciativas ajudam pacientes com câncer. Uma delas, a adolescente Darly Rodrigues, de 17 anos, assistida pela Casa de Apoio Beatriz Ferraz, do Instituto Mário Pena, no Santa Tereza, Região Leste da capital.
A mobilização nacional é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em parceria com Exímia, braço do laboratório FQM Farmoquímica. Ela conta com a força da Fundação Laço Rosa, pioneira nesse tipo de iniciativa solidária, e tem a atriz Alexandra Richter como embaixadora da campanha. Além da doação de cabelo. A campanha tem outro diferencial. Por causa da escassez de profissionais capacitados para a confecção das perucas, a #fortalizese apoia o projeto Força na Peruca. Liderado pela Laço Rosa, ele visa a formar moradores de áreas de risco social para trabalharem como peruqueiros.
Para o presidente da SBD, Gabriel Gontijo, a instituição cumpre suas finalidades com mais um projeto social que procura melhorar a autoestima de pacientes em tratamento. “Abrace essa causa, doe seus cabelos e sinta-se mais bonita por dentro”, ressalta. As doações podem ser feitas a partir de uma plataforma online, que gera um código. Assim, o doador poderá rastrear suas madeixas até que elas cheguem à Fundação Laço Rosa. De acordo com a presidente da instituição, Marcelle Medeiros, são enviadas, mensalmente, entre 40 a 50 perucas a mulheres em tratamento. “Esse é um programa nacional inédito, que envolverá todas as pontas – paciente, doador, sociedade civil e privada”, afirma.
O gerente de produtos da FQM Derma/Exímia, Vitor Cunha, diz que a campanha está alinhada com os valores e princípios da empresa, cujo mote é a consciência pela vida. “Além de ajudar pacientes em tratamento do câncer no resgate da beleza e autoestima, a empresa espera cumprir seu papel social. Dessa forma, passou a apoiar o Força na Peruca, na possibilidade de oferecer oportunidades e formar profissionais de áreas carentes, contribuindo para a melhoria das pessoas em vários segmentos da sociedade.”
Patrícia Gil usou várias vezes a peruca que ganhou ao estrelar a campanha – um dia depois de seu aniversário –, uma delas num momento muito especial: as fotos do convite de formatura no curso superior de tecnólogo em estética. “Quando descobri a doença, faltava um ano para me formar, para realizar um sonho. Tinha o cabelo na cintura, queria estar diva na minha formatura. Confeccionaram uma peruca idêntica ao que era o meu cabelo: linda, perfeita, um sonho”, conta. Ela agradece o gesto: “Não sei quem fez a doação, mas esteja essa pessoa onde estiver, conseguiu realizar meu sonho. Eu queria essa foto, que vai ficar para sempre”. O look para a festa deve ser outro: o de agora, com o cabelo já “rasteirinho”. “Essa é só uma fase da vida e temos que vivê-la da melhor forma possível. Optei por ficar bem. E o mais legal ainda é poder passar para todas as mulheres que recebem o diagnóstico da doença que não é o fim.” Informações sobre a doação e coleta estão disponíveis no site www.fortalizese.com.br.
MÁRIO PENA
Na capital mineira, interessados em contribuir com a rede voluntária que confecciona perucas para pacientes com perda capilar decorrente do tratamento de câncer também podem doar o cabelo a qualquer época do ano. O grupo Voluntárias do Mário Pena (VolMape) recebe as mechas e envia para duas empresas parceiras do Instituto Mário Pena que fornecem as perucas a pacientes. Uma das beneficiadas, a adolescente Darly Rodrigues, já exibe feliz a peruca que ganhou na sexta-feira. Em tratamento há três anos de um linfoma, a garota, que já chegou a perder todo o cabelo em uma etapa anterior da quimioterapia, agora voltou a perder parte dos pelos que ainda estão em crescimento, já que precisou retomar as sessões. “A minha peruca é castanha, com cabelo liso na raiz e ondulado nas pontas. É muito bonita. Logo que comecei a fazer a quimioterapia, disse à minha mãe que se meu cabelo caísse de novo eu queria usar uma peruca. E o pessoal do Mário Pena conseguiu pra mim”, conta Darly. A adolescente elogia o trabalho dos voluntários: “Acho uma ação muito importante, porque ajuda as pessoas quando elas mais precisam. Além do mais, todo mundo gostou do meu novo cabelo e nem parece que é uma peruca. Parece cabelo natural.”
Presidente do grupo, Ana Flávia Ferreira, destaca a importância das doações e afirma que “o trabalho atua no resgate da autoestima e bem-estar do paciente, em um momento delicado do tratamento”. Ela explica que podem ser enviadas mechas de pelo menos 21 centímetros, com qualquer coloração e textura, desde que elas estejam bem amarradas e colocadas dentro de uma embalagem, sem embolar. Para a confecção de uma peruca, são necessários 400 gramas de cabelo, o que corresponde a entre três e cinco mechas. A entrega pode ocorrer em horário comercial (das 8h às 18h), em qualquer uma das três unidades do Instituto Mário Pena. São a Casa de Apoio Beatriz Ferraz, na Rua Paraisópolis, 887, no Santa Tereza; no Hospital Mário Pena, na Avenida Churchil, 232, no Santa Efigênia; e no Hospital Luxemburgo, na Rua Joaquim Cândido Filho, 91, Luxemburgo. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (31) 99683-0719.
Depoimento: Patrícia Gil, esteticista, de 40 anos
“Graças à doação de alguém que não conheço foi possível realizar o meu sonho das tão sonhadas fotos para minha formatura. Quando perdi meus cabelinhos, só pensava neste dia e como seria. Sempre me imaginei linda e poderosa com meus lindos cabelos compridos. E diante de tudo que estava acontecendo seria impossível, pois estava faltando apenas um ano para me formar. Mas Deus providenciou tudo! E graças a um gesto de amor e carinho de uma pessoa desconhecida foi possível concretizar esse sonho. Onde quer que ela esteja eu envio meu carinho e gratidão! Fazer o bem sem olhar a quem. Por isso, se você estiver lendo este post, faça como ela, doe seus cabelos. São 20cm de esperança e felicidade, 20cm de pura autoestima!”
FIOS SOLIDÁRIOS
Saiba como doar mechas para a confecção de perucas para pacientes com câncer
» Antes de cortar o cabelo, entre no site e preencha o formulário. Você receberá a confirmação no site e por email com o código do doador, que será importante para registrar e acompanhar a sua doação.
Escolha entre as duas opções:
a) Corte no salão
Com o cabelo seco e higienizado, vá até uma das redes de salões parceiras do projeto. Leve um saco plástico com lacre e uma etiqueta com o código do doador que você gerou no site. Atenção: o corte não é gratuito.
b) Corte em casa
1. Amarre o cabelo com um elástico.
2. Certifique-se de que ele tem cerca de 20 centímetros ou mais.
3. Faça o corte.
4. Armazene os fios em um saco plástico.
5. Identifique o saco plástico com o código do doador que você gerou no site.
6. Leve até um salão credenciado ou envie pelo correio para a Caixa Postal 11.070 – CEP 20230-970 – Rio de Janeiro – RJ.
Coleta dos fios:
» Transporte – Cabelos chegam à Fundação Laço Rosa.
» Triagem voluntária – Na ONG, são descartados os cabelos com menos de 20 centímetros, além dos embolados e molhados.
» Embalagem e envio – Os fios selecionados são embalados e enviados para o projeto Força na Peruca.
Fabricação das perucas
» Ajustes – De corte, coloração e lavagem.
» Catálogo – Voluntários separam perucas para catálogo online.
» Embalagem – Voluntários organizam o material em caixas de presentes com mimos para os pacientes.
» Doação – Qualquer paciente, com qualquer tipo de câncer, em todo o Brasil, pode solicitar uma peruca gratuita no Banco de Perucas Online no site fundacaolacorosa.com.