Das salas e laboratórios dos cursos de ciência da computação de instituições de seis países sairão soluções para problemas do cotidiano nos mais diversos campos. Saúde, meio ambiente e até comportamento são alguns dos motes de 24 pesquisas selecionadas para a segunda edição do Programa de Bolsas de Pesquisa Google para a América Latina.
Os vencedores serão anunciados hoje em evento no Centro de Engenharia da empresa na América Latina, localizado em Belo Horizonte. Entre os projetos brasileiros contemplados, Minas Gerais é líder, abocanhando 35% do total das premiações.
Foram 473 inscrições de projetos de pesquisa de 13 países diferentes. Foram selecionados 24, de seis países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e México.
Os projetos passaram pela análise de uma comissão do centro de engenharia, que selecionou 24, sendo 70% deles (17) oriundos do Brasil. Desses, seis estão em desenvolvimento na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em BH, e na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Triângulo Mineiro.
Desde 2013, quando o programa-piloto de bolsas foi lançado, o Google já apoiou 11 projetos mineiros.
Na edição de 2016, o Google dobrou o número de projetos premiados e o valor total destinado às bolsas. Os doutorandos recebem US$ 1,2 mil mensais e seus professores US$ 750 mensais pelo período de um ano.
O diretor de engenharia do Google no Brasil, Berthier Ribeiro-Neto, que coordenou a seleção dos projetos, diz que o objetivo maior é mostrar como empresas, a exemplo da Google, têm interesse no desenvolvimento de estudos avançados nas áreas de computação e das engenharias.
Segundo Berthier Ribeiro-Neto, a edição para a América Latina foi pensada para dar oportunidade aos pesquisadores das instituições dessas regiões e evitar competição das universidades internacionais referência nos rankings de educação. “Se dois projetos muito similares são submetidos ao processo de bolsa global, sendo um de uma universidade brasileira e outro de uma norte-americana de grande reputação, a Google vai dar suporte a esta última, por desconhecimento de que também há estudos de mestrado e doutorado de grande envergadura na América Latina”, afirma.
Ele ressalta que a empresa dará a chancela e o recurso financeiro para andamento dos estudos, mas sem interferir nas pesquisas.
ESTUDOS
Professor da ciência da computação da UFMG, Wagner Meira Júnior é orientador da tese de doutorado “mineração de zonas quentes a partir de trajetórias caso-controle”, do aluno Roberto Souza, que estuda um sistema para detectar a ocorrência e prevalência da dengue.
“Quando se trabalha no contexto de epidemiologia, é registrada a casa ou o trabalho do paciente, mas não o parque por onde ele passa todo dia, por exemplo. Quando vemos por onde ele passa, achamos lugares onde ninguém mora: parques, praças, escolas. A epidemiologia olha pessoas que moram na região, mas não necessariamente contraíram naquela região. Nesse sentido a pesquisa é inovadora”.
Na UFU, a bolsa do Google vai ajudar o estudante Adriano Mendonça Rocha a dar sequência à sua tese de doutorado “Geração automatizada de tutoriais a partir de sites de perguntas e respostas”. O trabalho consiste em explorar um determinado site de perguntas e respostas sobre softwares, extraindo e organizando as informações disponíveis em forma de tutorial. “Estamos desenvolvendo uma solução que enumera esse sistema de organizar perguntas e respostas e constrói um tutorial automaticamente”, explica o orientador da tese, o professor de ciência da computação Marcelo de Almeida Maia. O sistema poderá ser estendido também a outros assuntos.
O suporte financeiro foi um alívio para Adriano, que poderá se dedicar integralmente ao doutorado.